sexta-feira, 16 de junho de 2017

Trump endurece política de Obama com Cuba e proíbe negociar com militares

AFP / MANDEL NGANO presidente americano Donald Trump em Miami, Flórida, no dia 16 de junho de 2017
O presidente americano, Donald Trump, endureceu nesta sexta-feira a polícia do seu antecessor, Barack Obama, com Cuba, proibiu de fazer negócios com os militares na ilha e prometeu apoiar o povo cubano em sua luta contra o seu "brutal" governo.
Cumprindo uma promessa de campanha, Trump agradou o exílio cubano ao urgir a Havana que respeite os direitos humanos, mas na prática as mudanças anunciadas foram moderados.
"A partir de agora estou cancelando completamente o acordo unilateral com Cuba", disse Trump em um pequeno teatro de Little Havana, em Miami, ao anunciar ao exílio cubano as suas modificações na política de Washington com Havana.
"Não queremos que os dólares americanos vão parar em um monopólio militar que explora e abusa dos cidadãos de Cuba [...] e não iremos retirar as sanções até que libertem os presos políticos", prometeu Trump.
As cerca de 1.000 pessoas que encheram o teatro Artime ovacionaram de pé o presidente, gritaram "eu te amo" e cantaram "parabéns pra você", já que Trump completou 71 anos na quarta-feira.
Os acompanharam dissidentes e ativistas célebres como Rosa María Payá e José "Antúnez" García Pérez, além de políticos locais e veteranos da falida invasão da Baía dos Porcos, em 1961.
A nova política impede principalmente qualquer transação financeira com o Grupo de Administração de Empresas (GAESA), uma holding estatal cubana que, de acordo com Washington, beneficia diretamente chefes de alto escalão das Forças Armadas.
O apoio a esta medida é monolítico porque força os investidores estrangeiros a se entender diretamente com os novos empresários na ilha.
Ramón Saúl Sánchez, líder do moderado Movimento Democracia, que advoga pela retirada do embargo, disse à AFP que está "de acordo com este ponto, porque infelizmente a economia cubana está tomada pelos militares, que são uma máfia".
Trump também fixou medidas mais estritas para as viagens dos americanos à ilha, mas as relações diplomáticas se mantêm e os cubanos continuam com o direito de viajar e enviar remessas.
Endurecendo a posição
A nova política não reverte a aproximação iniciada por Washington e Havana em dezembro de 2014, mas endurece os seus termos.
Agora Trump está endurecendo a política anterior de Obama, disse Sánchez.
"A mudança não é radical. Trump não reverteu a política de Obama, fez ajustes", disse à AFP Sebastián Arcos, diretor associado do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade Internacional da Flórida.
"E são ajustes simbólicos, embora com um componente prático, que é o de evitar que o dinheiro vá para as mãos do governo", acrescentou.
O tom do discurso de Trump busca dar a impressão de que a reversão da política de Obama é mais drástica, interpretou Arcos, observando que o presidente na verdade "está jogando um osso aos cubanos do exílio para que se entretenham".
Trump venceu as eleições em grande parte graças ao voto dos habitantes da Flórida, tendo um papel crucial o apoio dos cubano-americanos.
Ganhou sua preferência quando, antes das eleições, visitou Miami e prometeu voltar atrás na política de Obama, que segundo o exílio cubano não foi suficientemente duro ao exigir a Cuba um maior respeito aos direitos humanos.
Modesto Castaner, um ex-combatente da Baía dos Porcos presente no teatro, disse à AFP que estava satisfeito de ver que "Trump está cumprindo a sua promessa".
"O que Obama fez foi praticamente tudo em benefício dos Castro, mas em troca de que?", disse o veterano de 75 anos. "Ninguém se preocupa com a liberdade de Cuba".
Auditoria aos viajantes
Um dos maiores legados políticos do presidente anterior foi a abertura das relações diplomáticas com Havana em 2015, após meio século de ruptura.
Desde então, Washington abriu um incipiente fluxo de troca comercial e permitiu que os americanos viajassem dentro de 12 categorias, das quais nenhuma inclui o turismo.
Agora, sob o novo Memorando Presidencial de Segurança Nacional, o Departamento do Tesouro fará uma auditoria de tais justificativas para viajar, quando anteriormente o viajante só precisava dar a sua palavra.
Esta decisão foi criticada pelo embaixador de Cuba em Washington.
"Já é oficial: estes são os novos inimigos da política exterior americana. Cuidem-se!", escreveu José Ramón Cabañas no Twitter, junto com uma fotografia de turistas passeando em Havana.
Mais de 250.000 americanos visitaram a ilha nos primeiros cinco meses de 2017, o que representa um crescimento de 145% em relação ao mesmo período de 2016, informou na quarta-feira um portal cubano citando fontes oficiais.

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