A empresa reservou US$ 100 milhões para o Brasil e abrirá uma fábrica no Rio para aumentar a nacionalização de equipamentos
Com planos de dobrar seu faturamento na América do Sul até o fim da década, a fabricante britânica de motores Rolls-Royce pretende investir US$ 100 milhões no Brasil, ainda em 2011. Os recursos serão aplicados diretamente em projetos ligados ao pré-sal, já que o segmento de exploração de petróleo deve protagonizar o crescimento da companhia no continente nos próximos dez anos.Os planos para a operação brasileira serão anunciados na segunda-feira. Do investimento total, US$ 40 milhões, já têm destino certo: a instalação de uma fábrica, no Estado do Rio de Janeiro, para "empacotar" turbinas utilizadas em plataformas de exploração de óleo e gás. Com 52 anos de Brasil, a Rolls-Royce tem três unidades de manutenção e reparo de motores, em São Bernardo do Campo (SP), Macaé e Niterói (RJ). As turbinas continuarão a ser importadas, mas os componentes que integram esses geradores passarão a ser adquiridos, em sua maioria, de fornecedores brasileiros.
Ao aumentar o conteúdo local em seus produtos, a Rolls-Royce ficará mais competitiva nas licitações da Petrobrás. Ainda neste semestre, a estatal deve abrir processo para compra de 32 motores para o poço de Tupi. Em 20 anos, serão 200 equipamentos.
Hoje, o governo brasileiro exige alto índice de nacionalização de equipamentos na concessão de blocos - em 2010, a meta estabelecida pela Petrobras foi de 68,5%. "Aplaudimos a iniciativa do País de aumentar a participação do conteúdo local", diz o presidente da companhia na América do Sul, Francisco Itzaina. "Fazer esse alinhamento é algo que exige um grande esforço, porque o Brasil está se tornando parte do DNA da empresa."
Em 2010, a Rolls-Royce faturou US$ 16 bilhões, dos quais US$ 700 milhões na América do Sul. A empresa não especifica valores, mas o Brasil responde pela maior parte da receita da região.
Procura. Desde o início deste ano, o executivo está empenhado na seleção de uma equipe de 10 a 15 profissionais que terá a missão de encontrar fornecedores nacionais para a montagem das turbinas. As empresas terceirizadas terão a chance de se tornar fornecedoras globais da Rolls-Royce.
A intenção é que os equipamentos sejam montados com 35% a 51% de peças nacionais. Entre 2003 e 2009, a Rolls-Royce forneceu motores para a operação offshore da Petrobrás, mas tudo era importado, exceto os módulos que abrigavam esses equipamentos e já não são mais comprados diretamente pela estatal. "A tecnologia Rolls-Royce viabiliza mais de um terço da produção de petróleo no Brasil atualmente", diz Itzaina.
Os outros US$ 60 milhões previstos para o Brasil dependem ainda de um sinal concreto de que os contratos por aqui sairão do papel. Se a próxima licitação da Petrobrás for favorável à fabricante britânica, há planos de expandir a unidade de manutenção de São Bernardo - que hoje faz reparos em motores para aviação civil - e realizar ali a reforma das turbinas usadas nas plataformas offshore.
O processo de nacionalização dos componentes será estendido também aos navios de carga desenhados e produzidos com tecnologia Rolls-Royce. Já existem 40 deles no Brasil. A compra de peças produzidas por empresas brasileiras fará a fabricante desembolsar US$ 1 bilhão na próxima década.
Enquanto se dedica ao crescimento dos negócios nas áreas marítima e de energia, a Rolls-Royce vive um período de certa "estagnação" na aviação civil. Após fornecer 2,2 mil motores para a Embraer, a companhia britânica perdeu contratos para a concorrência. Mas há pedidos firmes, na América do Sul, para atender a demanda de companhias como LAN, TAM e Avianca. "Agora, estamos fazendo um grande esforço para trazer de outros países para o Brasil os trabalhos de reparos de turbinas de aviação."
Fonte: Naiana Oscar - O Estado de S.Paulo, 12 de fevereiro de 2011
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