segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DE MACAÉ: EM NOVEMBRO DE 1907, NASCEU UM POETA E HISTORIADOR MACAENSE

Neste 7 de novembro exatamente no ano 1907, veio ao mundo um cidadão simples,
pai de 11 filhos, nasceu no solar Santa Francisca em Quissamã , estudou as primei-
ras letras  na secular casa da Fazenda do Mello em Quissamã, indo mais
tarde  para  o Colégio do Mosteiro São Bento da cidade do Rio de Janeiro, onde  fez o curso de humanidades, escreveu em diversos jornais do Estado do Rio, poeta,
historiador e bibliotecário do municipio de Macaé, deixou, bonitas poesias e documentos  históricos , que hoje seus familiares estão resgatando para publicar um  livro.

Estou falando de Ruben Carneiro de Almeida Pereira, que neste  7 de no-
vembro de  2011, completaria  106 anos de idade. Em uma homenagem especial ao aniversário de nascimento deste extraordinário homem de letras e cultura do município de Macaé, transcrevemos belíssimo artigo do não menos ilustre Herivelto Couto, cujo publicação foi transcrita do semanário "O REBATE" nos idos de 1959:



                        SAUDOSAS TERTÚLIAS
                                                  HERIVELTO COUTO
"As bibliotecas são, por si mesma, centro de grande atração para quem
ama a cultura. A Biblioteca Municipal de Macaé, porém, tinha, em 1953
e em 1955, mais dois atrativos suplementares para quem a frequentava:
um, o encanto pessoal dos seus bibliotecários ( o senhor Ruben de
Almeida e D. Eleosina Queiros Matoso) e outros, aquela paisagem linda
que invadia a sala pelas janelas altas e grandes. Não é de se
estranhar, pois que essa biblioteca, tão bem entregue, tão bem
cuidada, viesse a servir de ambiente ideal às tertúlias. O ano de 1955
era luminoso e um bom vento de cultura soprava intensamente, fazendo
vibrar as jovens mentalidades. As áusteras salas da biblioteca pública
era o ponto, onde aqueles rapazes, tangidos por torturantes
preocupações literário-filosóficas, se reuniam para dialogar suas
angústias.

Essas tertúlias apresentavam uma seriedade infantil e pretenciosa, como
bem o notou o senhor Ruben. Realmente, estranho e, possivelmente,
muito cômico ver aqueles moços imberbes alguns discutindo, com velhas
presunções a balouçar nas sobrancelhas, o criticismo de Kant, as
teorias de Platão ou a posição deste ou daquele escritor na
literatura. As palestras eram calmas, geralmente. A rigidez épica
dos móveis e a presença próxima dos livros pareciam efeito opiáceo
sobre os "petis philosophes". Algumas vezes, porém, as palavras
ganhavam calor e dava pena não ver cintilar naqueles ombros inflando a
toga dos acadêmicos.

O senhor Ruben admirava aquelas peraltices. Acomodado numa poltrona e
a preparar o inesquecível cigarrinho, olhava os jovens com esse ar
bondoso e satisfeito de anfitrião. Apresentava, por vezes, aquela
seriedade bem "machadiana", que os lábios, sempre aptos a sorrir,
denunciavam desmedida.


Se as bibliotecas tem espírito, o daquela devia andar muito contente
por aqueles tempos. A biblioteca alcançava seu objetivo. Agasalhava a
juventude de sua terra e dava-lhe alimento cultural. Sim, a juventude,
de sua terra, porque, para ela, só para essa juventude ela tinha
existência real. Que valia para os incorrigíveis mastigadores de
chiclete? Que importância lhe dava os vazios lambedores de sorvetes?
Ela não gostava desses; gostava dos outros, isto é, daqueles que
procuravam e que dela saíam a mastigar e a ruminar sistemas e
enteléquias, teorias e axiomas.

A recordação de tudo isto me causa saudade. Às vezes, esses fatos me
parecem muito próximos. Sinto, no entanto, que estão inexoravelmente
grudados a um passado que se faz cada vez mais distante. Hoje, não sei
como se encontra nossa generosa Biblioteca. Da juventude macaense
menos sei ainda. Haverá tertúlias por aí? Não, não estou falando
jardins de Acadermus, peripatos ou dele. Digo tertúlias, ou grupinhos
espontâneos nascidos nas familiaridades das chacrinhas. Haverá?
Filosofarão luar, como quem faz serenata...Ficam horas inteiras no
Belas-artes a palestrar sobre assuntos da metafísica...Ou então, a
discutir, no calor da Biblioteca Municipal, a quem dar razão, se a
Rousseau, se aos intelectualistas...Como isto era bom! Melhor,ainda,
era ouvir o senhor Ruben, que gostava pouco desses fatigantes passeios
pela filosofia, dissertar sobre os solares de Quissamã. Dava-nos ele
verdadeiras aulas de história macaense, quando se dispunha a contar
casos passados na selaronga Macaé dos nossos avós. Para nós,
acostumados a ter a cabeça na Europa, isso importava mais que a
própria revelação: era uma chamada de sentido para as coisas da terra,
cuja beleza, naquelas manhãs de sol esplêndido, invadia o recinto com
candura e o mistério das virgens árabes".

  Transcrito do Jornal "O
Rebate" - 25 de setembro de 1959


SOLAR DE SANTA FRANCISCAF-S-Francisca-Adilson-dos-Santos

Neste solar nasceu em 7 de novembro de 1907, o poeta e historiador Ruben Carneiro de Almeida Pereira. Situado em área rural, foi construído em 1852 pelo Barão de Vila Franca, casado com Francisca Antônia Velasco Carneiro da Silva, filha do Visconde de Araruama e cujo nome batizou a propriedade. Convidados ilustres do Império passaram pela propriedade: a Princesa Isabel e o Conde D’ Eu, por exemplo, foram recebidos para um almoço com pompa e circunstância. Implantada em uma área de elevação cercada de área verde e por uma aléia de palmeiras imperiais.

Soneto de autoria do poeta e historiador Ruben Carneiro de Almeida Pereira -
 transcrito do jornal GAZETA DE MACAÉ, em 1958.


 Colegio do Mosteiro de São Bento nas cidade do Rio de Janeiro

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