segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

CULTURA DA MÚSICA BRASILIRA

O Brasil comemora centenário Luiz Gonzaga

  Centenário do Rei do Baião é comemorado com shows na Feira de São Cristovão. Foto/ Agência Brasil (Tânia Rêgo)

Se estivesse vivo, artista completaria 100 anos e sua obra é reverenciada mais do que nunca com filme bibliográfico, relançamento de discos e shows em todo o país em sua homenagem


No dia 13 de dezembro de 1912, uma sexta-feira, nascia em Exu (PE) o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que, na pia batismal da igreja matriz da cidade recebeu o nome de Luiz Gonzaga Nascimento.
 

Com apenas 8 anos de idade, ele substitui um sanfoneiro em festa tradicional na Fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. Canta e toca a noite inteira e, pela primeira vez, recebe o que hoje se chamaria cachê. O dinheiro, 20 mil réis, "amolece" o espírito da mãe, que não o queria sanfoneiro.
 

A partir daí, os convites para animar festas - ou sambas, como se dizia na época - tornam-se frequentes. Antes mesmo de completar 16 anos, Luiz de Januário, Lula ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda a redondeza, como ‘Canoa Brava’, ‘Viração’, ‘Bodocó’ e ‘Rancharia’.
 

Um século depois, muitas são as histórias que seus companheiros têm para contar desse homem que fez o povo brasileiro conhecer a dureza da vida no sertão, mas também levou muita alegria com sua sanfona para todo o país. Também este ano foi lançado o filme 'Gonzaga- De Pai para Filho', que conta a história de vida e carreira do Rei do Baião. 
 

Gil destaca a importância de Gonzagão para a cultura de massa

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil disse, em recente entrevista, que Luiz Gonzaga foi “a primeira coisa significativa do ponto de vista da cultura de massa no Brasil”. Gil revelou que Gonzaga foi o seu primeiro ídolo, ainda na cidade baiana de Ituaçu, onde cresceu. Por causa disso foi um acordeom, e não o violão, seu primeiro instrumento musical.
 

Vários nomes da música popular brasileira (MPB) que eram meninos ou jovens na época em que o baião tomou conta do rádio tiveram o acordeon, e não o violão ou o piano, como primeiro instrumento. Este também foi o caso de Milton Nascimento e de João Donato.
 

CD vai mostrar gravações inéditas de Luiz Gonzaga- Canções inéditas na voz de Luiz Gonzaga serão lançadas no CD O Samba do Rei do Baião, em fase final de produção. A informação é do jornalista Assis Ângelo, pesquisador e biógrafo de Gonzaga. Apesar do nome, o disco inclui fado, marchas carnavalescas, mazurca e outros gêneros. É um trabalho conjunto do pesquisador de Ângelo com Andrea Lago e Socorro Lira. Esta última é solista junto com Oswaldinho do Acordeom.
 

O lançamento faz parte das comemorações do centenário de Luiz Gonzaga. A produção artística de Luiz Gonzaga contém 625 gravações, além de composições que ele nunca gravou, mas que chegaram a fazer sucesso na voz de outros intérpretes entre os quais Cyro Monteiro, Jamelão e a portuguesa Ester de Abreu.
 
 
Algumas dessas preciosidades registram a alegria do forró de Luiz Gonzaga e a reprodução de ‘Asa Branca’. A toada emociona pelo lamento triste de uma condição vivida pelo sertanejo da caatinga em tempos de seca e pela bela sequência na harmonia das notas. A música foi criada em 1947, período em que o filho de Januário mudou o visual e começou a aparecer em suas andanças pelo país em trajes estilizado à semelhança do Rei do Cangaço, Lampião.
 
 

‘Asa Branca’ virou praticamente um hino entre os clássicos de MPB, adotada como base de ensino nos conservatórios. “É a música mais regravada do cancioneiro brasileiro. Quem mais chega perto em volume de regravações é o chorinho ‘Carinhoso’, de Pixinguinha e João de Barro”. A canção acaba de ser regravada por um grupo coreano. A música tem inspiração no “folclore nordestino, especialmente, do estado de Pernambuco, onde Luiz Gonzaga aprendeu a cantar e a tocar ainda menino”, conta o pesquisador.
 
 

Feira de São Cristóvão, no Rio, faz shows e exposição para homenagear Gonzagão

O Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, conhecido como Feira de São Cristóvão, principal reduto de cultura nordestina no Rio de Janeiro, comemora na quinta-feira, os 100 anos de nascimento do Rei do Baião com exposição de fotos e agenda de shows. O diretor cultural da feira, Carlos Botelho, diz que tem motivos de sobra para homenagear Luiz Gonzaga.
 

Por mês, cerca de 300 mil pessoas visitam a feira, principalmente, nos finais de semana. Eles vão em busca de forró, de comidas típicas e produtos dos estados nordestinos. Mais informações sobre a Feira de São Cristóvão podem ser obtidas na página na internet.

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