Nesta terça feira é comemorado o
dia mundial do fusca
Nesta terça-feira (22) é comemorado o Dia Mundial do Fusca. Foi em 22
de junho de 1934 que o engenheiro Ferdinand Porsche e a Associação
Nacional da Indústria Automobilística Alemã assinaram o contrato para o
desenvolvimento do projeto de fabricação do "Volkswagen", apelidado no
Brasil de Fusca, que viria a ser o carro mais vendido da história. Em
homenagem à data, mostramos a trajetória de um modelo
de 1965, que saiu das linhas de montagem na Alemanha com o passaporte
carimbado para as colônias inglesas na África e desembarcou no Brasil
por acaso.
O proprietário do fusquinha na época, um cônsul americano, mudou-se às
pressas do continente africano para o país e trouxe na bagagem o modelo
azul pavão com motor de 1.300 cilindradas. Aqui, resolveu se desfazer do
carro que foi à leilão no mesmo ano, em 1967, e adquirido por 7.555
cruzeiros por um adolescente de 17 anos. Hoje, 43 anos depois, o agora
médico urologista João Reinaldo de Oliveira Abrahão se orgulha do carro
que chegou a ser vendido e, oito anos depois, voltou para suas mãos.
Fusca azul pavão fabricado na Alemanha chegou em 1967 ao Brasil e foi comprado por 7.555 cruzeiros.
“Estava há cerca de seis meses com o carro e eu e meu pai fomos
procurados pela família de um rapaz que tinha uma deficiência no braço
direito e por isso era autorizado pelo Detran a dirigir apenas carros
automáticos, que eram restritos na época, ou com o volante do lado
direito para trocar as marchas”, conta Abrahão. “Meu pai então me pediu
que vendesse o carro, porque ele precisava mais do que eu, e concordei,
apesar do apego com o fusquinha.”
Antes de entregar as chaves, no entanto, Abrahão fez uma exigência.
“Pedi que ele não vendesse o carro para mais ninguém. Que quando não
precisasse mais, que me procurasse.” E a palavra, que na época valia
mais do que qualquer contrato, foi cumprida. “Oito anos depois ele me
procurou e me vendeu o Fusca pelo preço de um modelo nacional de 1965,
que na época era muito pouco”.
Abrahão, então, que já era médico e casado, resolveu cuidar do seu
primeiro ‘filho’. “Como peguei o carro adolescente, na época troquei as
rodas e o volante por acessórios mais esportivos e depois voltei a usar
as peças originais”, conta. “Tive que fazer também a pintura e o motor
que não resistiram ao tempo e desgaste”. Mas só. O modelo é muito bem
conservado e manteve todas as características que fazem dele uma
relíquia.
Modelo chegou a ser vendido por uma boa causa, mas depois foi recuperado.
A principal característica é, sem dúvida, o volante do lado direito,
uma peculiaridade dos carros que rodam na África do Sul até hoje. Antes
de entrar no modelo, é inevitável que o motorista se dirija à porta do
lado esquerdo. Depois de se encontrar, outra curiosidade: a caixa de
transmissão de quatro velocidade e a partida são do lado esquerdo, ou
seja, a primeira marcha é engatada para a esquerda e a chave gira para o
lado direito, como nos modelos com direção do lado "certo".
Outra curiosidade exclusiva do modelo alemão são as duas alavancas com as cores branca e vermelha, posicionadas uma de cada lado do freio de mão, para o acionamento do ar frio e quente, respectivamente. Diferentemente da versão nacional, há também uma tampa nas saídas de ar localizadas próximas ao assoalho que podem ser abertas e fechadas com os pés.
Carro tem 45 anos e ainda conserva a originalidade nos detalhes.
O conjunto mecânico é o mesmo dos modelos fabricados por aqui em 1967,
com um motor 1.300 cc que já rodou quase 140 mil quilômetros e, apesar
do tempo, está em ótimo estado. De acordo com Abrahão, ele ultrapassa os
100 km/h com tranquilidade. "Na minha época de molecagem, cheguei a
andar no VDO [nome da fabricante do velocímetro que fica inscrito depois
dos 140 km/h]", lembra o médico rindo.
Rodas são as de fábrica.
Mas qual é o valor de tantas histórias? O Fusca de 1965 chegou a ser
anunciado uma vez por US$ 20 mil, segundo o médico "em um tempo de vacas
magras', mas na primeira oferta o dono se arrependeu e voltou atrás da
decisão. "NInguém sabe o quanto vale um carro desse, mas eu sei o tanto
que ele representa para mim", diz. "Ele vale, na verdade, uma boa causa.
Eu não venderia ele por preço nenhum".
Fusca também tem dia nacional
No Brasil, 20 de janeiro é o Dia Nacional do Fusca. A data foi
instituída pela Volkswagen na década de 80 e faz parte do calendário
oficial de eventos da Prefeitura de São Paulo desde 1996, ano em que o
modelo deixou de ser fabricado pela segunda vez.
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