A regra aprovada na última terça-feira (2) pelo Senado para distribuir
recursos dos royalties e participação especial da produção de petróleo
garantirá à educação ao menos R$ 2 bilhões por ano a partir de 2014,
contando apenas os recursos que cabem à União na arrecadação. A
estimativa foi feita pela liderança do governo no Senado, cujo relatório
foi aprovado na última terça (2) e agora segue para votação na Câmara
dos Deputados, antes de ir à sanção para virar lei.
O texto substitutivo do projeto de lei, de autoria do senador Eduardo
Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado, estabelece que metade dos
recursos arrecadados pela União sobre contratos de produção de petróleo
anteriores a 2013, que já rendem royalties da camada pré-sal pelo regime
de concessão, deve ser destinada exclusivamente para a educação.
Além dos R$ 2 bilhões que devem ser diretamente direcionados à área, o
governo calcula que outros R$ 2 bi deverão ser aplicados no Fundo
Social, um tipo de poupança formada por recursos que a União recebe na
produção do petróleo da camada pré-sal. Pelo texto do Senado, o capital
principal desse fundo será preservado e somente seus rendimentos
financeiros serão usados, sendo 75% deles para a educação e 25% para a
saúde.
“O que temos de concreto são R$ 4 bilhões, [R$ 2 bilhões] que vão
direto para educação e outros R$ 2 bilhões para o fundo. E rendimentos a
partir desse fundo vão tanto para a saúde quanto para a educação”, diz
Braga.
As estimativas são baseadas na arrecadação dos três campos de
exploração do pré-sal em funcionamento atualmente – complexo Parque das
Baleias (ES), Sapinhoá (SP) e Lula (SP).
No ano passado, o governo federal desembolsou, no total, R$ 94 bilhões
na educação e, neste ano, a previsão é que os gastos e investimentos na
área somem R$ 98,8 bilhões, segundo o Ministério da Educação. Em 2011,
todo o investimento do país na área equivalia a 6,1% do Produto Interno
Bruto; o governo almeja alcançar investimento de 10% do PIB.
Segundo o secretário de Gás e Petróleo do Ministério de Minas e
Energia, Marco Antônio Martins Almeida, como ainda não existe exploração
e produção de petróleo com contratos futuros, não é possível precisar o
montante que será arrecadado.
“Do futuro, estamos destinando 100% dos royalties da União para esse
conjunto, que é 75% para educação e 25% para saúde”, declara Almeida.
Aplicação por estados e municípios
Outra regra aprovada pelo Senado prevê que, para os contratos futuros, a proposta aprovada no Senado, que possui o aval do governo, destina a totalidade dos recursos do governo federal para saúde e educação, sem obrigar que estados e municípios cumpram a mesma determinação.
Nos contratos já em vigor, que destinam royalties principalmente para
estados produtores como Rio de Janeiro e Espírito, o relator também
obrigou somente a União a realizar destinações fixas para a educação e a
saúde, evitando, assim, risco de judicialização do tema.
Apesar de não obrigar estados a aplicarem em saúde e em educação, a
proposta de Eduardo Braga prevê que a União dê prioridade às unidades
federativas e municípios que sigam a determinação válida para o governo
federal.
“Nós no Congresso não podemos invadir a competência de orçamento do
recurso ordinário do orçamento dos estados. Então, estabelecemos que os
estados que aderirem à aplicação específica, de acordo com o que a União
está propondo, receberão prioritariamente os recursos da União”, diz
Braga.
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