Ficou para a semana que vem o voto do ministro Celso de Mello, que
decidirá se o STF (Supremo Tribunal Federal) aceitará ou não os embargos
infringentes, recursos que permitem que 12 dos 25 condenados tenham
direito a um segundo julgamento para certos crimes.
A sessão desta quinta-feira (12) acabou empatada em 5 votos a 5. Votaram
a favor dos embargos infringentes os ministros Luís Roberto Barroso,
Teori Zavascki, Rosa Weber, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Foram
contra Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Marco
Aurélio Mello. O único voto que falta é o de Celso de Mello.
Os votos de Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello foram os mais longos do
dia, durando cerca de uma hora cada. Foram os votos dos dois --os
últimos a serem proferidos-- que empataram a disputa. Antes, havia 5
ministros a favor dos recursos e 3 contra.
"[Aceitar um novo julgamento é dizer que este é] um tribunal juvenil, de
irresponsáveis, que não sabe como vota. É essa a lógica, a lógica está
na eternização", disse o ministro Gilmar Mendes.
OUTROS VOTOS
Antes, haviam votado nesta sessão os ministros Lewandowski e Rosa Weber.
Os demais magistrados já haviam proferido sua decisão anteriormente.
Ao aceitar os embargos infringentes, Lewandowski afirmou que "este é um
recurso existente no ordenamento legal (...) não se pode tirar
casuisticamente um recurso com o qual os réus contavam".
Já para Rosa Weber, que foi contra, caso o STF aceitasse os chamados
embargos infringentes, haveria uma quebra na isonomia para os réus com
foro privilegiado. Deputados e senadores que fossem julgado pelo
Supremo, por exemplo, poderiam conseguir uma revisão em seus processos.
Por outro lado, governadores, que respondem no STJ (Superior Tribunal de
Justiça), não teriam o benefício.
A aceitação ou não do mecanismo é polêmica porque, embora os embargos
infringentes sejam previstos pelo regimento interno do STF, a lei 8.038
de 1990, que regulou o andamento dos processos no Supremo e no STJ, não
faz menção a eles.
O voto de Marco Aurélio (foto)
foi marcado por um debate.
Tudo começou quando Barroso interrompeu a fala do colega para dizer que
não se importa com o que sairá nos jornais: "Eu não estou aqui
subordinado à multidão, estou subordinado à Constituição.", disse. "Se o
seu pai, seu irmão ou seu filho, estivessem na reta final do seu
julgamento e, na última hora, estivessem mudando uma regra para agradar a
multidão, você acharia correto?", afirmou Barroso.
Marco Aurélio rebateu afirmando que não vota por casuísmo e que iria
"para o paredão" pela sua opinião. "Vejo que é um novato: parte para a
crítica ao próprio colegiado", completou, criticando também o colega por
elogios feitos ao réu José Genoino, ex-presidente do PT, em sessão
passada.
O bate-boca acabou quando Barroso afirmou que não pretendia ofender
Marco Aurélio ou qualquer outro ministro da corte com suas declarações.
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