terça-feira, 7 de janeiro de 2014


Polícia pode pedir à Justiça quebra de dados de pichador da estátua de Drummond

Empresário se entregou na tarde desta segunda-feira e disse que fez a ação porque estava deprimido

HERCULANO FILHO
Pablo Lucas Faria se entregou à DPMA na tarde desta segunda-feira e disse estar arrependido
Foto:  Divulgação
Rio - Era o quarto encontro entre o comerciante Pablo Lucas Faria e uma garota identificada como Mel, numa noite de Natal. Depois de beberem cerveja num bar na Lapa, o casal decidiu fazer um programa inusitado: pichar três monumentos históricos. A história foi contada pelo próprio Pablo, que foi flagrado por uma câmera de monitoramento da prefeitura enquanto pichava a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade na orla de Copacabana. Acompanhado por um advogado, o pichador se apresentou à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) nesta terça-feira à tarde, onde também confessou ter feito pichações na estátua de Zózimo Barroso do Amaral, no Leblon, e no monumento de Estácio de Sá, no Flamengo. Após a confissão, a polícia passa a estudar a hipótese de encaminhar o inquérito à Vara Criminal, por causa da repetição do delito. Pablo também será investigado por formação de quadrilha.
Ele foi indiciado pelo artigo 65 da Lei 9.605, para crimes ambientais de menor potencial ofensivo, por pichar, grafitar edificação ou monumento urbano, com pena de três meses a um ano de detenção. “O autor desse tipo de crime, de menor potencial ofensivo, paga multa ou presta serviço comunitário. Mas é um caso diferente. Agora, vamos tentar identificar a parceira dele, flagrada nas imagens”, explica o delegado José Fagundes de Rezende, da DPMA, responsável pela investigação.
Em mais de uma hora de depoimento, Pablo disse estar arrependido. E que só fez pichações porque ficava deprimido no Natal, devido à morte de seu pai, que teria cometido suicídio há 23 anos.
No dia seguinte, contou ter se surpreendido ao ver a repercussão do caso na imprensa. E viajou de ônibus para Uberaba (Minas Gerais), sua cidade-natal, onde se aconselhou com parentes. Ele informou ter voltado ao Rio no domingo, decidido a se apresentar às autoridades. Mas a versão não convenceu.
“Ele é articulado. E mostrou ser bem dissimulado”, observa o delegado.
Após a confissão, a DPMA recebeu denúncia de supostas irregularidades cometidas pelo comerciante em Minas Gerais. A polícia pode pedir à Justiça nos próximos dias mandado de busca e apreensão e quebra de dados dele, para verificar a suspeita de relação com grupos de pichadores.
Aos 29 anos, Pablo é conhecido como ‘Quase’, segundo a polícia. Aliás, o apelido, escrito ao contrário, é marca-registrada das pichações aos monumentos históricos no Natal. Ele possui tatuagens espalhadas pelo corpo. Entre elas, letras nos dedos da mão direita, características de pichadores.

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