domingo, 23 de fevereiro de 2014

ato político', diz Alessandra Negrini

Atriz é pelo 2° ano rainha de bateria do Acadêmicos do Baixo Augusta.
Bloco desfila na região central de São Paulo na tarde deste domingo (23).

Lívia MachadoDo G1 São Paulo
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Alessandra Negrini posou na loja do estilista Walério Araújo, responsável por criar o adereço de cabeça da fantasia da atriz  (Foto: Flávio Moraes/G1)Alessandra Negrini posou na loja do estilista Walério Araújo, responsável por criar o adereço de cabeça da fantasia da atriz (Foto: Flávio Moraes/G1)
No que depender da atriz Alessandra Negrini, o último domingo (23) antes do carnaval será marcado por um grande ato cívico no Centro de São Paulo. Os manifestantes – ou foliões – ocuparão a Rua Augusta até a Praça Roosevelt em marcha – ou samba no pé – durante a tarde. À frente da bateria de um dos maiores blocos de São Paulo pelo segundo ano consecutivo, Negrini defende a festa como “um ato político”. E deseja que em 2014 a brincadeira reivindique “diversidade e paz.”
“Eu acho que o lema é a ocupação da rua, do espaço público, e do respeito à diversidade, na paz. Ir às ruas e dançar não deixa de ser um ato político. É um ato político de vamos ser feliz, vamos nos expressar como somos, nas nossas diferenças.”
Alessandra foi convidada pelos fundadores do Acadêmicos do Baixo Augusta, segundo ela, por ter a identidade do bloco. "Eu adoro dançar e eles sabiam disso. Sou festeira, todo show de rock eu vou. E tem a questão mais cívica do bloco, que ano passado era retomar a ocupação das ruas. Acho que o bloco tinha muito essa intenção de manter a Augusta como um lugar da rua."
Em 2013, a festa foi uma espécie de boas-vindas à paulista que, à época, recém regressava à cidade após longa temporada no Rio de Janeiro. “Fui convidada e prontamente aceitei, fiquei super feliz. Ainda mais porque eu estava acabando de chegar a São Paulo, foi um jeito simbólico de chegar à cidade”, recorda a atriz.
Durante todo o desfile, Alessandra garante que a felicidade e diversão estampadas em seu rosto não serão ficcionais. O samba no pé, porém, requer certos macetes da profissão. “Eu vou lá, o pouco que eu sambo eu sambo, levanto o braço, sorrio, sou feliz, me divirto à beça, e represento a coisa da rainha da bateria. Eu sambo um pouquinho, o suficiente para estar ali. Não tenho samba no pé, mas dou meu jeito. É um samba de atriz, tem uma interpretação", confessa.
Alessandra posa ao lado do estilista Walério Araújo, responsável pelos adereços de cabeça dos destaques do bloco  (Foto: Flávio Moraes/G1)Alessandra posa ao lado do estilista Walério Araújo, responsável pelos adereços de cabeça dos destaques do bloco (Foto: Flávio Moraes/G1)
Para a rainha, o objetivo do desfile deste domingo (23), além de celebrar a chegada do carnaval, é ocupar as ruas de forma pacífica. Em 2013, o lema clamava a retomada do espaço público em uma rua tão tradicional da cidade. Na visão da atriz, a Augusta é um catalizador de demandas da população.
“Todos nós temos orgulho da Rua Augusta. Ela é vida noturna, diurna. É um lugar de convivência pacífica. Esse ano o bloco traz muito essa coisa da convivência pacífica na ocupação da rua. É o 'Flower Power' [tema do bloco, em alusão à ideologia dos anos 60 que pregava a não-violência e o repúdio à Guerra do Vietnã]. Ano passado era uma coisa mais de guerrilha, porque estavam acabando com a diversão. Não podia mesinha [na rua], era lei do psiu, lei de não sei o quê. E um lugar vazio vira a lei da violência mesmo. Esse ano a coisa já está melhor, vamos ocupar na paz, no amor, no respeito à diversidade.”
A atriz analisa positivamente o carnaval de rua de São Paulo, que começou a ganhar força nos últimos anos com o crescimento dos blocos, e diz se emocionar com a postura dos moradores da cidade. “É uma coisa muito boa. O que eu acho bonito em São Paulo é como as pessoas conseguem ocupar o espaço público, um espaço que nem está voltado para aquilo, mas como as pessoas dão um jeito de correr pelas ruas, de fazer um esporte, ocupar o minhocão, de andar de bicicleta. Como elas subvertem o espaço de uma metrópole que é aparentemente tão opressiva. Isso me comove.”

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