sexta-feira, 25 de julho de 2014

O Dia Que Sam Morreu recebe prêmio no festival de Avignon

Peça do Armazém Companhia de Teatro experimenta com estrutura onde narrativa tem vários começos. (Foto de Divulgação)
24.07.2014
 
O Dia que Sam Morreu, da Armazém Cia de Teatro, recebeu esta semana o prêmio Coup de Coeur 2014 da Classe da Imprensa do Festival de Avignon, na França. O Armazém foi uma das 400 companhias selecionadas entre os espetáculos presentes na mostra francesa.  
 
O Armazém Companhia de Teatro foi formado em 1987, em Londrina (PR), em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80. O diretor Paulo de Moraes e o grupo buscam na encenação a necessidade de selar um jogo com o espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado, sobretudo, pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço. 
 
Segundo Paulo de Moraes, o espetáculo apresenta uma visão maismadura, mais afirmativa e mais contemporânea do Brasil. "Acho que esse prêmio abre a possibilidade de uma visão sobre o Brasil que não se limita a uma caricatura. Ou seja, o teatro que a gente trouxe para Avignon é um teatro contemporâneo que reflete sobre o momento que esse país vive, o momento que o mundo vive, e sem cair na caricatura do samba, da mulata e do futebol," diz o diretor.
 
Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia completa agora 25 anos de sua formação. Sempre criando seus espetáculos a partir de pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia é a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. 
 
Apesar da criação de espetáculos tão díspares e complementares como "A Ratoeira é o Gato" (1993), "Alice Através do Espelho" (1999), "Toda Nudez Será Castigada" (2005) e "Antes da Coisa Toda Começar" (2010), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna.
 
A Armazém Companhia de Teatro recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. Entre eles, o Primeiro Prêmio da Fringe, do Festival de Edimburgo, de 2013, concedido pelo maior jornal escocês The Scotsman. Esse prêmio, recebido pelo espetáculo Marca D´Água, é dado àqueles que apresentam "inovação e marcante nova dramaturgia".
 
O Dia que Sam Morreu fala como as escolhas éticas podem traçar o destino de seis personagens. Eles se cruzam no corredor de um hospital. A estrutura da peça propõe uma série de começos e os diferentes personagens ganham espessura dramática a cada história recontada. Os personagens parecem se perguntar: como se manter decente num mundo onde tudo pode ser relativizado, ou, quando a vida pode mudar radicalmente num piscar de olhos?
 
O grupo viajou para o Festival de Avignon com aporte financeiro do Ministério da Cultura.
 
Ana Saggese
Assessoria da Comunicação
Ministério da Cultura

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