sábado, 25 de abril de 2015

XICO DE PAULA

Cultura: A Biblioteca Pública Dr.Télio Barreto comemora aniversário de fundação




A Biblioteca Municipal Dr. Télio Barreto está completando 74 anos. A Biblioteca que é um órgão gerenciado pela Fundação Macaé de Cultura,  funciona na rua que leva o nome de seu patrono, Dr. Télio Barreto, 420, (foto) e possui um acervo com cerca de 40 mil títulos. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas passaram por este fabuloso acervo da cultura de Macaé. As comemorações pelo aniversário vão acontecer no dia 29, quarta-feira, às 19h, com concerto da Orquestra da Escola de Artes Maria José Guedes (Emart). com entrada franca.

 A Biblioteca foi inaugurada em dezembro de 1876. no dia 19 de abril de 1941, o então prefeito Télio Barreto assina decreto criando e batizando a biblioteca com o mesmo nome da cidade. Os primeiros bibliotecários do espaço foram Rubem de Almeida Pereira e dona Eleosina Queirós Matoso, entre os anos de 1953 e 1965. 


O papel do órgão é atender o público de uma maneira geral e não apenas a estudantes de Instituições de Ensino. Para quem deseja aprender, desenvolver conhecimentos, ampliar a sabedoria, a cultura, além de viajar nas palavras através da imaginação, a Biblioteca Pública Municipal Dr. Télio Barreto está aberta ao público de segunda-feira a sexta-feira.


 O local proporciona oportunidades para o desenvolvimento da criatividade pessoal, além de promover envolvimento com a cultura científica, racional, objetiva e subjetiva. A principal demanda é por livros didáticos, uma vez que o público atendido constitui-se primordialmente por estudantes dos ensinos fundamental e médio.


Dentre as obras que se encontram na biblioteca estão coleções completas de escritores tradicionais brasileiros como Machado de Assis e Jorge Amado, entre outros. Os clássicos literários internacionais disponíveis são inúmeros, por exemplo, livros do russo Dostoievski, do francês Alexandre Dumas e do espanhol Miguel de Cervantes.

Existe livros para todos os gostos, da poesia ao romance, passando pelos contos e aventuras - disse a bibliotecária, acrescentando que também há livros de Dan Brown, autor de O Código da Vinci, e de Augusto Cury, que escreveu Pais Brilhantes e Professores Fascinantes, entre outros.


Todos os projetos culturais promovidos pela biblioteca foram muito significativos. Porém, o encontro de poetas e escritores de Macaé, ocorrido nos anos 90, foi marcante. Dentre os autores que estiveram presentes naquela época, ela citou Armando Borges, Maria Izabel Monteiro, Gilson Correa, Joventino de Oliveira Gomes e outros.

Com uma média de 300 leitores por dia, a biblioteca possui diversas salas. Entre elas está a de desenvolvimento de coleções e processamento técnico, outra para o acervo de consultas. Também há espaço destinado à difusão cultural, para o “cantinho infanto-juvenil” e o “cantinho de Macaé”, onde livros e revistas com história da cidade, além de produções de autores locais, podem ser encontrados.



Escritores de outras cidades que moram no município, falando sobre Macaé, também têm suas obras disponíveis à pesquisa e à leitura. Inclusive, há espaço em salas amplas para os setores de administração e de direção. O local proporciona oportunidades para o desenvolvimento da criatividade pessoal, além de promover envolvimento com a cultura científica, racional, objetiva e subjetiva.

NOTA DA REDAÇÃO:

Em uma homenagem especial ao aniversário de fundação deste belíssimo patrimônio cultural de nossa Macaé, fomos buscar em nossos arquivos,  extraordinária pérola publicado pelo não menos ilustre articulista Herivelto do Couto, onde produz uma especial homenagem ao primeiro funcionário do órgão. O artigo foi publicada nos idos de 1959, no semanário O REBATE. Vejam.


SAUDOSAS TERTÚLIAS 

As bibliotecas por si mesmas, são centros de grandes atrações para quem 
ama a cultura. A Biblioteca Municipal de Macaé, porém, tinha, em 1953
e  1955, mais dois atrativos suplementares para quem a frequentava:
um, o encanto pessoal dos seus bibliotecários -  o senhor Ruben de
Almeida e D. Eleosina Queiros Matoso -  e outro, aquela paisagem linda
que invadia a sala pelas janelas altas e grandes. Não é de se
estranhar, pois que essa biblioteca, tão bem entregue, tão bem
cuidada, viesse a servir de ambiente ideal às tertúlias. O ano de 1955
era luminoso e um bom vento de cultura soprava intensamente, fazendo
vibrar as jovens mentalidades. As austeras salas da biblioteca pública
era o ponto, onde aqueles rapazes, tangidos por torturantes
preocupações literário-filosóficas, se reuniam para dialogar suas
angústias.


Essas tertúlias apresentavam uma seriedade infantil e pretensiosa, como
bem o notou o senhor Ruben. Realmente, estranho e, possivelmente,
muito cômico ver aqueles moços imberbes alguns discutindo, com velhas
presunções a balouçar nas sobrancelhas, o criticismo de Kant, as
teorias de Platão ou a posição deste ou daquele escritor na
literatura. As palestras eram calmas, geralmente. A rigidez épica
dos móveis e a presença próxima dos livros pareciam efeito opiáceo
sobre os "petis philosophes". Algumas vezes, porém, as palavras
ganhavam calor e dava pena não ver cintilar naqueles ombros inflando a
toga dos acadêmicos.


O senhor Ruben admirava aquelas peraltices. Acomodado numa poltrona e
a preparar o inesquecível cigarrinho, olhava os jovens com esse ar
bondoso e satisfeito de anfitrião. Apresentava, por vezes, aquela
seriedade bem "machadiana", que os lábios, sempre aptos a sorrir,
denunciavam desmedida.


Se as bibliotecas tem espírito, o daquela devia andar muito contente
por aqueles tempos. A biblioteca alcançava seu objetivo. Agasalhava a
juventude de sua terra e dava-lhe alimento cultural. Sim, a juventude,
de sua terra, porque, para ela, só para essa juventude ela tinha
existência real. Que valia para os incorrigíveis mastigadores de
chiclete? Que importância lhe dava os vazios lambedores de sorvetes?
Ela não gostava desses; gostava dos outros, isto é, daqueles que
procuravam e que dela saíam a mastigar e a ruminar sistemas e
enteléquias, teorias e axiomas.

A recordação de tudo isto me causa saudade. Às vezes, esses fatos me
parecem muito próximos. Sinto, no entanto, que estão inexoravelmente
grudados a um passado que se faz cada vez mais distante. Hoje, não sei
como se encontra nossa generosa Biblioteca. Da juventude macaense
menos sei ainda. Haverá tertúlias por aí? Não, não estou falando
jardins de Acadermus, peripatos ou dele. Digo tertúlias, ou grupinhos
espontâneos nascidos nas familiaridades das chacrinhas. Haverá?
Filosofarão luar, como quem faz serenata...Ficam horas inteiras no
Belas-artes a palestrar sobre assuntos da metafísica...Ou então, a
discutir, no calor da Biblioteca Municipal, a quem dar razão, se a
Rousseau, se aos intelectualistas...Como isto era bom! Melhor,ainda,
era ouvir o senhor Ruben, que gostava pouco desses fatigantes passeios
pela filosofia, dissertar sobre os solares de Quissamã. Dava-nos ele
verdadeiras aulas de história macaense, quando se dispunha a contar
casos passados na selaronga Macaé dos nossos avós. Para nós,
acostumados a ter a cabeça na Europa, isso importava mais que a
própria revelação: era uma chamada de sentido para as coisas da terra,
cuja beleza, naquelas manhãs de sol esplêndido, invadia o recinto com
candura e o mistério das virgens árabes. 
Transcrito do O Rebate" - 25 de setembro de 1959



Cultura: A Biblioteca Pública  Dr.Télio Barreto comemora aniversário de fundação
  • Title : Cultura: A Biblioteca Pública Dr.Télio Barreto comemora aniversário de fundação
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  • Date : quarta-feira, abril 22, 2015
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