domingo, 24 de maio de 2015

Ferrovia ligará o Açu ao Peru

Publicado em 23/05/2015


Marcelo Camargo - Agência Brasil
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Dilma e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, na cerimônia de assinatura de acordos entre os países

Fernanda Moraes

Planejada para ter aproximadamente 4,4 mil quilômetros de extensão em solo brasileiro, entre o Porto do Açu, no município de São João da Barra (SJB), na Região Norte Fluminense, e a localidade de Boqueirão da Esperança, na fronteira Brasil/Peru, como parte da ligação entre os oceanos Atlântico, no Brasil, e Pacífico, no Peru, a construção da Ferrovia Transoceânica já começa cercada de polêmica. A obra está estimada em R$ 30 bilhões. 

Segundo matéria publicada pelo jornal O Globo, na edição da última quinta-feira (21), o escopo dos estudos financiados pela China para a realização da obra não prevê a ligação até o Rio de Janeiro, como consta no traçado previsto na lei 11.772/2008 para a ferrovia, mas por Campinorte, no Estado de Goiás, por onde já passa a Ferrovia Norte-Sul, até o litoral peruano. O Brasil, segundo fontes do Governo Federal, tentou incluir, no acordo firmado com os chineses no último dia 19, o estudo de toda a extensão de 4,4 mil quilômetros. A ideia era criar infraestrutura com apoio da China, o que não foi aceito. 

Corredor de exportação de minérios 

Ainda, de acordo com o Globo, para os chineses, enquanto a ligação até o Oceano Pacífico não estiver concluída, é mais negócio exportar pelos portos da Região Norte do Brasil, como Barcarena e Vila do Conde, no Estado do Pará, de onde podem chegar ao Canal do Panamá e, dali, até a Ásia. Por isso, a ligação da Transoceânica com a Ferrovia Norte¬-Sul, que futuramente chegará a Barcarena, é suficiente para os chineses. 

Sem o estudo da ligação até o Porto do Açu, o Estado do Rio de Janeiro e o Brasil perdem por não terem esse corredor de exportação de minérios de alto teor, segundo uma fonte do Governo Federal. Uma alternativa para ligação com o Oceano Atlântico sem a extensão total da Transoceânica até o Rio de Janeiro seria a construção da conexão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que corta o Estado da Bahia, até a Ferrovia Norte-Sul. 

Trinta e cinco acordos

Em declaração de imprensa, após a assinatura do acordo com a China, através do primeiro-ministro Li Keqiang, a presidente Dilma Rousseff explicou que a ferrovia vai cruzar o país de leste a oeste, portanto, o continente, porque ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico. "É um novo caminho que se abrirá para a Ásia, reduzindo distâncias e custos. Um novo caminho que nos levará diretamente ao Pacífico, até os portos da China". 
Foram assinados, ao todo, 35 acordos entre Brasil e China, representando investimentos de US$ 53 bilhões (R$ 163,24 bilhões) nas áreas de planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia, comércio, entre outras.

A lista de acordos entre o Brasil e a China inclui a compra de aviões da Embraer e de navios de minério da Vale, a construção de um satélite de sensoriamento remoto, investimentos de US$ 7 bilhões (R$ 21,56 bilhões) em projetos da Petrobras, a construção de um polo siderúrgico no Maranhão, cooperação esportiva para as modalidades de tênis de mesa e jogo de peteca e a retomada das exportações de carne brasileira para a China, interrompidas desde julho de 2012. 
Fonte:  O Diário  -23-05-2015

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