Quase 90% das brasileiras que moram nas cidades foram assediadas, diz estudo
Da Redação com Agências |
O assédio é uma realidade para 87% das mulheres brasileiras que vivem em áreas urbanas, 16% relataram ter sido assediadas antes dos 10 anos e 55%, com 18 anos ou menos. As informações estão em pesquisa divulgada na sexta-feira (25) e encomendada pela organização internacional de combate à pobreza ActionAid no Dia Internacional pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
Além das brasileiras, foram ouvidas tailandesas, indianas e britânicas. O Brasil é o que apresenta a maior incidência de assédio entre as mulheres e também entre aquelas que sofreram assédio antes dos 10 anos. Foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional.
Para a produtora Erika Freddo, 38 anos, o fato de não ter sofrido assédio antes dos dez anos é uma raridade. “ Acho que fui muito protegida quando criança, mas várias amigas já contaram ter sofrido quando crianças assédio de amigo da família, padrasto, mas, depois de adulta, o assédio tornou-se quase cotidiano. Hoje mesmo um cara olhou nas minhas partes íntimas quando eu estava indo para a ginástica. E aí você se sente culpada por estar com roupa justa”, disse.
Erika ficou traumatizada com um dos primeiros assédios, na adolescência, quando caminhava na rua sem sutiã. “Hoje só uso sutiã com bojo para não marcar o bico do peito”. Mãe de uma adolescente de 15 anos, ela lamenta testemunhar o assédio da própria filha. “Infelizmente, quando ela veste um short muito curso, peço para tirar, não por ela ou porque está feio, mas porque sei que ela será assediada e inclusive fazem isso quando ela está comigo. Me sinto muito mal”.
Sexualização infantil
Para a assessora do Programa de Direito das Mulheres da ActionAid no Brasil, Jéssica Barbosa, é preocupante o alto índice de assédios a crianças no país, que revela uma propensão da sociedade brasileira à sexualização infantil. “O patriarcado atua nesse processo de naturalização da violência contra a mulher e aí não estamos falando de homens loucos, de uma exceção, mas sim, do primo, do tio, do vizinho, de homens que foram ensinados a sexualizar essas crianças desde muito cedo. Inclusive os dados mostram que a maioria dos estupradores são conhecidos das vítimas”.
A maioria (55%) das entrevistas disse ter sido assediada nas ruas e 23%, no ambiente de trabalho. Os assovios (65%) foram as principais formas de assédio relatadas pelas entrevistadas, mas comentários de cunho sexual ocorreram com mais da metade das mulheres (52%), seguidos de insultos (38%), perseguição na rua (29%), exibições por parte de homens (29%) e ser tocada (20%).
Ainda segundo o estudo, 86% das brasileiras entrevistadas afirmaram tomar alguma providência para se proteger das abordagens indevidas. Dentre as medidas, estão: fazer um caminho diferente do usual (55%), evitar parques ou áreas mal iluminadas (52%), ligar ou enviar mensagem para alguém confirmando estar bem (48%), solicitar a companhia de outra pessoa (44%), evitar transporte público (17%) e desistir de ir a um evento social (18%).
A representante da ActionAid disse que melhorar a segurança dos espaços públicos, com mais iluminação, policiamento, melhores meios de transporte, diminui a vulnerabilidade das mulheres nas rua. “Precisamos garantir o acesso da mulher à cidade e desnaturalizar a violência. Estamos falando de mulheres que deixam de usufruir da cidade, de serviços públicos, que deixam de viver todas as suas liberdades e potencialidades pelo medo do assédio e da violência”, disse Jéssica.
A pesquisa foi feita online no período entre 1º e 14 de novembro e ouviu 2.236 mulheres: 1.038 na Grã-Bretanha, 502 no Brasil, 496 na Tailândia e 200 na Índia. Os números foram ponderados e são representativos de todas as mulheres maiores de idade na Grã-Bretanha, todas as mulheres online na Tailândia e toda a população urbana feminina de Brasil e Índia.
Da Agência Brasil
FA
Além das brasileiras, foram ouvidas tailandesas, indianas e britânicas. O Brasil é o que apresenta a maior incidência de assédio entre as mulheres e também entre aquelas que sofreram assédio antes dos 10 anos. Foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional.
Para a produtora Erika Freddo, 38 anos, o fato de não ter sofrido assédio antes dos dez anos é uma raridade. “ Acho que fui muito protegida quando criança, mas várias amigas já contaram ter sofrido quando crianças assédio de amigo da família, padrasto, mas, depois de adulta, o assédio tornou-se quase cotidiano. Hoje mesmo um cara olhou nas minhas partes íntimas quando eu estava indo para a ginástica. E aí você se sente culpada por estar com roupa justa”, disse.
Erika ficou traumatizada com um dos primeiros assédios, na adolescência, quando caminhava na rua sem sutiã. “Hoje só uso sutiã com bojo para não marcar o bico do peito”. Mãe de uma adolescente de 15 anos, ela lamenta testemunhar o assédio da própria filha. “Infelizmente, quando ela veste um short muito curso, peço para tirar, não por ela ou porque está feio, mas porque sei que ela será assediada e inclusive fazem isso quando ela está comigo. Me sinto muito mal”.
Sexualização infantil
Para a assessora do Programa de Direito das Mulheres da ActionAid no Brasil, Jéssica Barbosa, é preocupante o alto índice de assédios a crianças no país, que revela uma propensão da sociedade brasileira à sexualização infantil. “O patriarcado atua nesse processo de naturalização da violência contra a mulher e aí não estamos falando de homens loucos, de uma exceção, mas sim, do primo, do tio, do vizinho, de homens que foram ensinados a sexualizar essas crianças desde muito cedo. Inclusive os dados mostram que a maioria dos estupradores são conhecidos das vítimas”.
A maioria (55%) das entrevistas disse ter sido assediada nas ruas e 23%, no ambiente de trabalho. Os assovios (65%) foram as principais formas de assédio relatadas pelas entrevistadas, mas comentários de cunho sexual ocorreram com mais da metade das mulheres (52%), seguidos de insultos (38%), perseguição na rua (29%), exibições por parte de homens (29%) e ser tocada (20%).
Ainda segundo o estudo, 86% das brasileiras entrevistadas afirmaram tomar alguma providência para se proteger das abordagens indevidas. Dentre as medidas, estão: fazer um caminho diferente do usual (55%), evitar parques ou áreas mal iluminadas (52%), ligar ou enviar mensagem para alguém confirmando estar bem (48%), solicitar a companhia de outra pessoa (44%), evitar transporte público (17%) e desistir de ir a um evento social (18%).
A representante da ActionAid disse que melhorar a segurança dos espaços públicos, com mais iluminação, policiamento, melhores meios de transporte, diminui a vulnerabilidade das mulheres nas rua. “Precisamos garantir o acesso da mulher à cidade e desnaturalizar a violência. Estamos falando de mulheres que deixam de usufruir da cidade, de serviços públicos, que deixam de viver todas as suas liberdades e potencialidades pelo medo do assédio e da violência”, disse Jéssica.
A pesquisa foi feita online no período entre 1º e 14 de novembro e ouviu 2.236 mulheres: 1.038 na Grã-Bretanha, 502 no Brasil, 496 na Tailândia e 200 na Índia. Os números foram ponderados e são representativos de todas as mulheres maiores de idade na Grã-Bretanha, todas as mulheres online na Tailândia e toda a população urbana feminina de Brasil e Índia.
Da Agência Brasil
FA
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