Enem: segunda aplicação traz questões sobre dengue e Aquarela do Brasil
- 03/12/2016 19h14
- Brasília
Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
O primeiro dia da segunda aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano trouxe questões que abordaram duas canções populares, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e Cidadão, de Zé Ramalho, além do problema da dengue. A prova incluiu ainda questões sobre meio ambiente e questão racial.
No caso da dengue, a questão cita uma pesquisa apresentada no Congresso Internacional de Medicina Tropical, no Rio de Janeiro, em 2012, que propõe o uso de uma bactéria no próprio mosquito transmissor, o que impediria que a doença fosse transmitida para seres humanos. Os candidatos tinham que dizer qual conceito da biologia está envolvido no processo.
A famosa Aquarela do Brasil é citada em questão sobre o Estado Novo, sistema político implantado por Getúlio Vargas, que vigorou de 1937 a1945, período em que a canção foi composta (1939). Já a canção Cidadão, que fala de um homem que observa um edifício que ajudou a construir e é confundido com um ladrão, é usada em questão sobre trabalho, logo acima de um trecho de Manuscritos Econômico-Filosóficos, do sociólogo Karl Marx.
Questões raciais são abordadas em algumas das questões da prova. Uma delas é sobre leis que tratam da valorização da comunidade afro-brasileira e outra, sobre a função do movimento negro no Brasil. A terceira é sobre as convicções religiosas dos escravos na época do Brasil Colônia, período que abrange a chegada dos primeiros portugueses, em 1500, até 1822, ano da independência do país .
Meio ambiente e sustentabilidade aparecem em questão sobre notícia de que a Justiça de São Paulo decidiu multar supermercados que não fornecerem embalagens de papel ou material biodegradável.
Hoje (3), os estudantes tiveram quatro horas e 30 minutos para responder a 90 questões das áreas de ciências humanas e suas tecnologias e de ciências da natureza e suas tecnologias. As provas foram aplicadas em 165 municípios e 418 locais de prova. Não há exame apenas em quatro estados: Roraima, Acre, Amazonas e Amapá.
Estudantes
As opiniões dos estudantes sobre o primeiro dia de prova variaram: alguns acharam o exame fácil e outros, muito difícil. "Achei a prova normal, estava no nível do que é esperado no Enem. Algumas questões mais difíceis, mas na proporção esperada", disse Augusto Oliveira, aluno do 3º ano, que pretende usar o resultado do exame para cursar direito.
Para Aimê do Carmo, estudante do 3º ano, que pretende usar a provar para entrar no curso de comunicação social, a prova estava fácil. "Eu estava com medo, alguns colegas que fizeram a primeira aplicação disseram que havia questões impossíveis, mas achei bem tranquilo", afirmou. Tanto Aimê quanto Augusto fizeram o exame em uma universidade particular em Brasília.
Nas redes sociais, os estudantes postaram comentários após a prova. "Únicas coisas que caíram nessa prova do Enem foram as minhas lágrimas", disse uma usuária do Twitter. Outro afirmou: "Cheguei do Enem cansado de tanto chutar".
Houve quem decidiu entregar para o Divino: "esse Enem foi só D de Deus. Amém". Houve quem estava tão tranquilo que tirou até um cochilo. "Dormi na prova do Enem hoje", revelaram usuários também do Twitter. Outra candidata, confiante, questionou: "só eu que achei super de boa o Enem?".
Segunda aplicação
O Enem foi aplicado no início de novembro para 5,8 milhões de candidatos, mas 277.624 tiveram o exame adiado, o que custou aos cofres públicos um adicional de R$ 10,5 milhões.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do total de candidatos inscritos para a segunda aplicação, 273.521 (98,52%) não puderam participar do Enem regular por causa das ocupações em escolas, universidades e institutos federais, e 4.103 (1,47%) foram afetadas por contingências como a interrupção do fornecimento de energia elétrica.
As provas são diferentes daquelas aplicadas no início do mês de novembro, nos dias 5 e 6, mas mantêm nível de dificuldade similar, o que, de acordo com o Inep, garante a isonomia entre os candidatos.
Edição: Nádia Franco
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