domingo, 5 de março de 2017

China limita a 6,5% sua meta de crescimento para 2017

AFP / STRPessoas acompanham pela tv o pronunciamento do premiê Li Keqiang durante a abertura do Congresso Nacional do Povo
A China limitou para cerca de 6,5% do PIB sua meta de crescimento para 2017, segundo anunciou o Parlamento chinês na abertura de sua sessão anual neste domingo.
O anúncio feito pelo primeiro-ministro Li Keqiang foi examinada em detalhe pelos analistas que buscam indícios sobre a orientação econômica da segunda economia mundial.
Para 2016, Pequim fixou um objetivo entre 6,5% e 7%, mas o crescimento acabou ficando em 6,7%, seu nível mais baixo em 26 anos.
A cifra, cuja confiabilidade muitos questionam, expõe uma fragilização persistente da conjuntura chinesa.
"Para 2017, antecipamos que o crescimento do PIB será de aproximadamente 6,5%, apesar de, na prática, nos esforçaremos por ter um melhor desempenho", afirmou Li Keqiang em seu discurso, do qual a AFP obteve uma cópia.
Um crescimento de 6,5% será o menor desde 1990, quando a economia chinesa desabou depois do movimento da Praça de Tiananmen a favor da democracia.
O governo anunciou, além disso, que prevê manter a inflação em torno de 3% este ano.
- Atentos aos sinais -
Li assegurou que as infraestruturas serão reforçadas. A China investirá este ano 800.000 milhões de iuanes (117 bilhões de dólares) em projetos ferroviários e 1,8 trilhão de iuanes na construção de rodovias e vias fluviais.
O país reduzirá em 50 milhões de toneladas as capacidades anuais de produção da indústria siderúrgica e em 150 milhões de toneladas as do setor do carvão, muito endividado.
Os analistas assinalam o perigo que representam as bolhas especulativas - especialmente as imobiliárias -, o descontrole da dívida pública e privada (mais de 270% do PIB) e o desafiante auge das "finanças das sombras" não reguladas, fora do sistema bancário.
Igualmente alarmado, o governo prometeu vigiar de perto os mercados financeiros bursáteis e as grandes cidades impuseram recentemente restrições destinadas a evitar uma bolha imobiliária, uma política, que, segundo Li Keqiang, será estendida a cidades menos importantes.
- Duplicação até 2020 -
Li assegurou que o objetivo fixado é, de qualquer forma, suficiente para cumprir com a meta do Partido Comunista de duplicar o tamanho da economia chinesa até 2020 em relação a 2010.
A sessão anual do Parlamento congrega a milhares de políticos provenientes de todos os cantos do país e é apresentada pelo regime como a demonstração de que responde às necessidades da população, apesar do monopólio do poder que exerce, além de usá-la para fixar as prioridades das políticas nacionais.
A meta ligeiramente abaixo do esperado acarreta o sinal implícito de que o Governo chinês dá prioridade ao controle do risco sobre o crescimento em curto prazo.
A China tenta passar de uma economia de crescimento rápido baseado no investimento e nas exportações para um modelo mais dirigido pelo consumo.
Mas a transição é um processo complicado quando o crescimento cai, a moeda se fragiliza e os capitais fogem em busca de melhores rendimentos em outros lugares, ou aparecem temores de uma bolha imobiliária e uma crise do crédito.

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