Muitos indecisos a poucas horas da eleição presidencial na França
AFP/Arquivos / PHILIPPE HUGUENCartazes de candidatos à presidência da França
A menos de 24 horas das eleições presidenciais na França, muitos eleitores continuam indecisos e o atentado de quinta-feira em Paris não parece influenciar seu voto.
Após uma campanha diferente de todas as outras - com a eliminação surpreendente nas primárias de vários nomes apontados como favoritos e o avanço de candidatos inesperados - "é difícil escolher", admite Mathilde Rougier, funcionária de um supermercado de Lyon (centro-leste do país), que aos 20 anos votará pela primeira vez.
Em Toulouse (sudoeste), um comerciante de 67 anos que se identifica apenas com as iniciais "MR" afirma que é um "verdadeiro indeciso".
"E esta é a primeira vez. Não há nenhum líder carismático que se destaque", explica.
Os principais nomes na disputa são: o jovem candidato Emmanuel Macron, 39 anos e que nunca foi eleito para qualquer cargo, com um programa que "não é nem de direita nem de esquerda"; Marine Le Pen, cujo partido de extrema-direita nunca teve tantas intenções de voto nas pesquisas; Jean-Luc Mélenchon, o "insubmisso" líder da esquerda radical, François Fillon, o candidato da direita, admirador de Margaret Tatcher, abalado por um escândalo de supostos empregos fictícios.
Os quatro candidatos, praticamente empatados nas pesquisas, representam um verdadeiro dilema para muitos. Mais de 25% dos eleitores não decidiram em quem votar e muitos não sabem se comparecerão às urnas - o voto não é obrigatório na França.
Europa, emprego, educação, meio ambiente: os programas são bastante diferentes, mas para muitos eleitores é difícil escolher entre opções políticas radicalmente diferentes.
Assim, o coração de "MR" hesita entre Macron, liberal e europeísta, e Mélenchon, que propõe a ruptura com os tratados europeus, mas "sobretudo não (François) Fillon".
"Com os escândalos que ele tem, não vale a pena", disse.
"Todos me decepcionam", resume Ghislaine Pinçont, de 73 anos, aposentada de Lille (norte).
"Na pior das hipóteses, votarei branco ou nulo, mas o ataque em Champs Elysées não terá nenhum impacto na minha decisão", afirmou, após o tiroteio de quinta-feira na emblemática avenida de Paris que terminou com um policial morto.
- Divididos-
Julie Varin, 40 anos, que mora em uma pequena localidade de Jura (centro-leste), disse que vai votar "por respeito à democracia, por todos os países onde não há direito de voto".
O "programa global e a experiência" dos candidatos devem determinar a decisão desta professora, não a ameaça terrorista.
"É algo que começa a ser cotidiano, infelizmente, mas não me sinto insegura porque não estou em Paris".
Muitos eleitores de esquerda confessam estar divididos entre um apoio de "coração" ao candidato socialista Benoît Hamon, muito atrás nas pesquisas, e um "voto útil" em um candidato em melhor posição.
Jeanne Siècle, de 19 anos, estudante de Comércio Internacional, afirma que gosta do programa de Hamon.
"Mas nas pesquisas não está bem e tem poucas possibilidades de passar ao segundo turno", admite, antes de revelar que as "ideias e a figura" de Emmanuel Macron também a agradam.
"Apesar de pender para Hamon, me questiono se farei um movimento tático votando em Macron para evitar a todo custo um segundo turno entre Fillon e Le Pen...", a direita contra a extrema-direita, revela Monique Camus, aposentada de 66 anos e moradora de Lille.
O desejo de bloquear os extremos motiva muitos indecisos.
Aude Rémy, 43 anos, que trabalha no setor de logística industrial em Lyon, explica que fez uma pré-seleção.
"Já eliminei alguns candidatos: todos os extremos, todos os pequenos candidatos um pouco excêntricos".
Ele reconhece que sua escolha "não será uma decisão do coração".
Lisa Jibaud, estudante de Toulouse de 18 anos, que vota pela primeira vez, confessa estar perdida.
"Descartei os extremos, de esquerda e de direita. Agora vou pedir uma opinião aos meus pais"
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