Anti-G20 preparam protestos aos gritos de 'Bem-vindos ao inferno!'
dpa/AFP / Christina Sabrowsky(26 jun) Acampamento anticapitalista em Hamburgo
O centro de congressos da cúpula do G20 em Hamburgo, norte da Alemanha, fica a apenas 10 minutos a pé do principal reduto de seus detratores, que prometeram fazer barulho durante o encontro dos dirigentes, nos dias 7 e 8 de julho.
"O capitalismo vai morrer, você decide quando", decreta uma faixa estendida no Rote Flora, antigo teatro ocupado ilegalmente em 1989, num período de protestos e confrontos nas ruas.
Desde então, o local se tornou um centro cultural e ponto de encontro para ativistas de esquerda que protestam contra a guerra, a energia nuclear, o aquecimento global, o racismo, as privatizações e até mesmo a gentrificação daquele bairro, o Sternschanze
Uma "tradição" anual de 1º de maio é o confronto entre esses manifestantes e a polícia, com bombas de gás lacrimogêneo, pedras e canhões de água.
Com a reunião do G20, a situação está mais violenta, graças à presença dos dirigentes dos mais importantes países do mundo.
Os cartazes e adesivos que cobrem a fachada do Rote Flora prometem, há meses, impedir o G20 de acontecer. Cerca de 30 manifestações foram convocadas na semana de reunião da cúpula.
- 'Mensagem combativa' -
"¡Welcome to hell!" ("Bem-vindos aos inferno!") é o tema de um dos protestos, marcado para 6 de julho por um dos ativistas mais conhecidos da Rote Flora, Andreas Blechschmidt.
"É uma mensagem combativa", admite. "Mas também demonstra que as políticas do G20 no mundo todo são responsáveis por situações terríveis, como a guerra, a fome e os desastres climáticos", explicou ele, em entrevista à AFP.
Os manifestantes querem tentar impedir o acesso ao centro de congressos onde os dirigentes vão se reunir e "se reservam o direito de uma resistência militante contra a polícia", indicou Blechschmidt.
Os organizadores esperam reunir, ao longo da semana, um total de 100 mil manifestantes. A polícia estima entre 7 mil e 8 mil o número de radicais de esquerda que poderiam ser violentos.
"Será a maior operação policial da história de Hamburgo", disse o porta-voz da instituição Timo Zell.
Em torno de 15 mil policiais foram destacados para garantir a segurança durante a reunião. Além deles, 3.800 agentes federais vão cuidar da proteção ao aeroporto e aos trens.
Um centro de detenção provisório com capacidade de até 400 pessoas foi instalado na cidade. Juízes estarão de plantão para avaliar casos urgentes.
Mas a polícia advertiu aos detratores, que querem fazer bloqueios humanos para impedir a passagem do comboio do presidente americano Donald Trump, que os veículos não vão parar.
"Dada a forma como a polícia já está tentando pressionar a nós e às organizações anti-G20, podemos imaginar que eles serão violentos", acredita Georg Ismael, ativista de 25 anos membro do grupo "ArbeiterInnenMacht" ("Poder aos trabalhadores e trabalhadoras").
"Estamos preparados e vamos tentar defender nosso direito de manifestação e reunião", completou.
A chanceler alemã Angela Merkel disse, na última quinta-feira, que espera, "pelo bem dos cidadãos de Hamburgo e das forças de segurança, que as manifestações sejam pacíficas".
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