Polícia espanhola procura suspeitos após atentados que deixaram 13 mortos
AFP / Josep LAGOPoliciais checam a identidade de pessoas após atropelamento causado por van, em Rambla, Barcelona, no dia 17 de agosto de 2017
A polícia da Espanha persegue nesta sexta-feira a pista dos autores dos atentados que aterrorizaram Barcelona e a região da Catalunha, com um balanço de 13 mortos e mais de 100 feridos em atropelamentos.
Durante a noite, cinco "supostos terroristas" foram mortos na turística localidade de Cambrils, 120 quilômetros ao sul de Barcelona. Mais três pessoas foram detidas em outras duas cidades da Catalunha, uma região autônoma com polícia própria, de acordo com as autoridades.
A principal hipótese dos investigadores é a de que todos eles estão relacionados com o ataque da quinta-feira à tarde em Barcelona, quando uma van branca avançou em alta velocidade pela avenida central Las Ramblas, uma longa via repleta de turistas no momento, e atropelou dezenas de pessoas antes de parar o veículo.
O motorista desceu da van e fugiu pelas ruas estreitas próximas e até o momento não foi localizado pela polícia.
O presidente regional Carles Puigdemont declarou à rádio Onda Cero que existe a suspeita de que um terrorista continua solto, mas as autoridades desconhecem sua "capacidade de provocar dano".
"Nas próximas horas vão continuar acontecendo detenções", disse.
O balanço é de 13 mortos e mais de 100 feridos, mas o número de vítimas fatais pode aumentar porque 15 pessoas se encontram em estado grave, advertiu o secretário do Interior da Catalunha, Joaquim Forn.
O atentado foi reivindicado em um comunicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que assumiu a autoria de ataques similares em Nice, Londres e Berlim.
"Vi quatro, cinco corpos no chão e as pessoas tentando ajudá-los, e muito sangue", disse à AFP Lily Sution, uma turista holandesa.
Tom Gueller declarou à rádio BBC que viu o automóvel avançando pela avenida movimentada de Barcelona.
"Não freava em absoluto, avançava direto contra a multidão no coração das Ramblas", disse.
As autoridades ainda contabilizavam os mortos e feridos de Barcelona, que são de pelo menos 24 nacionalidades, quando veio o alerta de Cambrils pouco depois da meia-noite.
Um Audi A3 tentou atropelar a multidão na avenida da orla de Cambrils, um destino turístico familiar da província de Tarragona.
O carro bateu em um veículo da polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra, o que provocou uma troca de tiros, informou o governo catalão.
Na operação, "cinco supostos terrorista" morreram e um policial e seis civis ficaram feridos, um deles em estado crítico.
AFP / Iris ROYER DE VERICOURTBarcelona: grupo Estado Islâmico reivindica o atentado
"Estávamos no calçadão. Escutamos disparos. Pensamos que poderiam ser fogos de artifício, mas era um tiro depois do outro", disse à AFP Markel Artabe, de 20 anos, funcionário de um restaurante.
Na manhã desta sexta-feira, a polícia anunciou a detenção de uma pessoa em Ripoll (norte da região), onde algumas horas antes já havia sido detido o marroquino Driss Oukabir.
Outro suspeito nascido em Melilla, um território espanhol ao norte do Marrocos, foi detido 200 quilômetros ao sul de Barcelona após uma detonação na quarta-feira à noite de uma casa onde os agentes suspeitam que eram preparados artefatos explosivos.
A Espanha, terceiro destino turístico mundial, estava à margem até o momento dos atentados executados pelo EI em outras grandes cidades europeias, como Paris, Bruxelas ou Londres.
Mas em 11 de março de 2004, o país foi cenário dos piores atentados jihadistas cometidos na Europa, quando várias bombas explodiram em trens na região de Madri e deixaram 191 mortos. Os ataques foram reivindicados pela Al-Qaeda.
Esta experiência e a longa luta contra os atentados da organização separatista basca ETA levaram o país a reforçar o serviço de inteligência e a adotar uma política de detenções preventivas de suspeitos de jihadismo.
Catalunha, Madri e os territórios espanhóis de Ceuta e Melilla no Marrocos são as áreas de maior concentração de islamitas radicais.
Mais de um terço das pessoas condenadas por atividades relacionadas com o jihadismo moravam em Barcelona e 35,4% em Madri, de acordo com um relatório do centro de pesquisa Real Instituto Elcano.
As reações de indignação tomaram conta do país.
"São assassinos, simplesmente criminosos que não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos", declarou o rei Felipe VI.
O monarca participará ao meio-dia de um minuto de silêncio em solidariedade às vítimas na praça Catalunha de Barcelona, onde começa a avenida Las Ramblas, que segue até o mar.
O primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy viajou até a capital catalã, onde o governo regional sonha com a independência da Espanha.
"Estamos unidos na dor, mas estamos sobretudo unidos na vontade de acabar com esta falta de razão e com esta barbárie", afirmou em um discurso exibido na televisão, durante o qual anunciou três dias de luto nacional a partir de sexta-feira.
A cidade de Barcelona se mobilizou imediatamente: os agentes de segurança do aeroporto encerraram uma longa greve, os taxistas ofereceram transporte gratuito aos turistas e muitas pessoas correram para os centros médicos para doar sangue.
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