Uenf, IFF e UFF iniciam evento com missão de levar a ciência para o dia a dia das pessoas
Ciência
Estudantes e pesquisadores apresentam 1358 trabalhos ao longo de uma semana do evento que também reúne palestras, minicursos e atividades culturais.
por Ferdinanda Maia / Comunicação Social da ReitoriaPublicado25/06/2018 19h10,Última modificação25/06/2018 19h42
Reunir os projetos de pesquisa da Uenf, do IFF e da UFF em um ambiente propício para a troca e experimentação, e seu conseqüente enriquecimento, bem como dialogar e apresentar para a sociedade os resultados e reflexos dessas pesquisas e suas contribuições para a vida e relações humanas (sociais, econômicas, políticas): em sua décima edição, o Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (X Confict) segue firme em sua missão de democratizar a ciência para além dos muros das universidades. Juntamente com o Congresso de Pós-graduação (III CONPG), os eventos foram abertos oficialmente nesta segunda-feira, 25 de junho de 2018, e seguem até a próxima sexta-feira, 29, no Centro de Convenções da Uenf, em Campos-RJ.
Com a participação de 2.939 inscritos, entre estudantes e pesquisadores das instituições organizadoras e outras, e a apresentação de 1358 trabalhos/projetos, os congressos trazem como temática deste ano “A Ciência no nosso dia a dia”, justamente com o objetivo de abordar pesquisas e reflexões sobre a importância da ciência no cotidiano e no desenvolvimento de uma sociedade justa e humana. Uma tarefa não muito simples em um país onde a ciência, pesquisa e inovação ainda não recebem investimentos, atenção e divulgação necessárias, desafios abordados pelo palestrante da Conferência de Abertura, professor Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Sua palestra se pautou na temática “Crise e desafios na ciência brasileira”, tendo como foco os seguintes problemas: educação de qualidade; recursos para a C&T; inovações (tecnológica e social); desburocratização e marco legal; compartilhamento da ciência produzida; e o projeto de nação democrática menos desigual, mais justa e soberana.
Ildeu apresentou dados sobre a ciência no Brasil mostrando que apesar de ter crescido muito e significativamente, sendo o 13º país na produção mundial de publicações científicas, o número de pesquisadores ainda é baixo, bem como os investimentos. Também é baixo o conhecimento das pessoas sobre o assunto, conforme pesquisa apresentada: 93,3% dos entrevistados são incapazes de citar um cientista brasileiro e 87,2% não conhecem uma instituição que se dedique a fazer pesquisa científica no país. Neste cenário, o palestrante chamou a atenção para a importância de compartilhar a ciência, elemento preponderante para o desenvolvimento dos países.
“É fundamental que os cidadãos tenham conhecimento sobre os avanços da ciência. Isso faz parte do direito de cidadania ter o conhecimento científico básico que é o desafio para a escola brasileira e para a divulgação científica”, afirmou, acrescentando que é necessário “perceber que se aprende muito ao dialogar com as pessoas que eventualmente não estão na área”.
Sua palestra, para um auditório lotado de jovens pesquisadores, começou e terminou com uma caricatura de um “time de futebol” composto apenas por cientistas do país (figura abaixo), segundo Ildeu, reafirmando que o Brasil tem história.
(Fonte: Facebook Ildeu Moreira)
“Brasil é também país da ciência”, enfatizou o palestrante. “Mas precisa de colaboração e esforço conjunto para reverter este quadro. É possível, nós temos capacidade de fazer”.
E esta capacidade de fazer pesquisa, ciência e inovação, e de divulgar estes resultados para a sociedade, pode ter como exemplo a realização do X Confict e do III CONPG que há tantos anos reúnem forças entre Uenf, IFF e UFF para fazer acontecer aquele que é considerado o maior evento científico do interior do estado do Rio de Janeiro, questões que não passaram despercebidas pelos componentes da mesa de abertura do evento: Antonio Nóbrega, reitor eleito da UFF, Jefferson Manhães de Azevedo, reitor do IFF e Luis Passoni, reitor da Uenf. Em seus discursos, eles destacaram a importância do trabalho colaborativo, a necessidade de reafirmar o direito à educação e o papel das instituições públicas de ensino, a necessidade de compartilhar o conhecimento, bem como de fazê-lo “transbordar” para a sociedade.
O reitor do IFF, Jefferson, falou sobre o que foi discutido em um evento há duas semanas, em Córdoba, na Argentina, que reuniu 10 mil participantes de instituições de ensino da América Latina e o Caribe. “De lá saiu uma reafirmação: de que a educação superior tem que ser um bem público, social. Tem que ser um direito humano e universal e tem que ser dever do estado. Parece que é simples, mas são três afirmações que vão contrárias à maré do movimento internacional. Quando é direito todos têm o direito de acessar e quando é um serviço, só acessa quem pode pagar; quando a gente fala que é um bem social, não só temos que ter esta consciência, mas temos que fazer com que as nossas instituições sejam percebidas pelas pessoas como um bem que impacta na vida delas”, destacou.
As atividades do evento, que também comemora os 25 anos da Uenf, seguem ao longo da semana com palestras, minicursos, apresentações culturais e apresentações oral e de banner dos projetos das instituições participantes. A programação completa, aberta à comunidade, está disponível no site oficial.
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