Seminário para professores da rede municipal debate história da África
A iniciativa foi realizada pela secretaria de Educação e pela Superintendência de Igualdade Racial. Na ocasião, foi abordado o livro “O que você sabe sobre a África?...”, trabalhado com alunos do 6º ao 9º ano
Por: Renata Lourenço - Foto: Carlos Augusto - 30/04/2019 - 16:20:30
Professores de História, Geografia e Artes da rede municipal participaram nesta terça-feira (30) do seminário “História da África, Educação e Debates em Campos- Conhecendo a Nossa História”. Na ocasião, foi abordado o livro “O que você sabe sobre a África? Uma viagem pela história do continente e dos afro-brasileiros”, trabalhado com estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O evento aconteceu no auditório Miguel Ramalho, do IFF Centro. A iniciativa foi fruto de uma pareceria entre a secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece), através da subsecretaria de Projetos e Convênios e a coordenação de Ciências Humanas, com a Superintendência de Igualdade Racial (Supir).
O livro é uma síntese de uma obra feita pela Unesco durante 35 anos por 350 especialistas em história do continente africano. Sua adoção pela rede municipal acontece em cumprimento à Lei 10.639/03, que obriga o ensino da História da África e da cultura africana na sala de aula. A Smece adquiriu cinco mil títulos e outros mil foram doados por meio de um convênio com Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (CONAQ) e Fundação Cultural Palmares (FCP), de Brasília.
- Hoje estamos capacitando nossos professores para o ensino de História da África em sala de aula. A adoção deste livro é uma inovação do governo Rafael Diniz, cumprindo uma determinação legal que existe desde 2003. Aprender a história da África é aprender sobre a nossa própria história. É um aprendizado geral, não só sobre o aspecto identitário para aqueles que sofrem com preconceito, mas como aprendizado coletivo para toda sociedade. A escravização dos povos africanos é um dos maiores genocídios da era moderna, Campos foi um dos palcos e nós não temos consciência desta culpa, como fazem outros povos, como os alemães em relação ao nazismo, por exemplo — explana o secretário de Educação, Brand Arenari.
O seminário teve sua mesa composta pelos especialistas: Rodrigo Rezende (professor doutor de História da África na UFF); Raquel Fernandes (professora Mestre de Artes do IFF); Luciane Soares (professora doutora em Sociologia da UENF); e a historiadora do Arquivo Público Municipal, Rafaela Machado.
A abertura do evento contou com a apresentação do Grupo de contação de história Gotta, formado por alunos da rede municipal. Seis meninas negras recitaram obras infantis que abordam a cultura africana e o preconceito.
Emocionado com a performance do Gotta, o superintendente da Supir, Rogério Siqueira, falou sobre a importância do estudo da História da África nas escolas para ressignificar a formação dos estudantes, ainda mais em uma rede que tem maioria negra.
- Fomos alijados da nossa história, até os sobrenomes os nossos antepassados nos foram tirados, fomos rebatizados com a designação da posse que a família tinha sobre as nossas almas. A adoção deste livro na nossa cidade é algo revolucionário. A maioria dos negros no Brasil nunca teve acesso a esse conhecimento, essa geração poderá ressignificar essa formação da identidade do negro brasileiro, tendo a percepção do que é ser negro modificada. Esse conhecimento mais do que nos empodera, nos dignifica e nos coloca mais em pé de igualdade- afirma, parabenizando e incentivando os professores. Eu sei que vocês vão encontrar preconceito na hora de trabalhar. Não podemos romantizar. É uma vitória, mas é um grande desafio — concluiu.
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