“Nem tudo se Esquece com o Decorrer do Tempo...!”
Joaquim Paulo do Rêgo Barros – Kinka’s ou KIM - Administrador
Três de Maio - RS
Numa tarde quente de verão, em 1930, chegava à Conceição de Macabu, com sua esposa e já alguns de seus oito filhos, Joaquim do Rêgo Barros, para ser Diretor da então Escola Agrícola de Macaé. Joaquim, pernambucano de nascimento, de ilustre família de militares e usineiros do nordeste brasileiro, vinha imbuído de todo aquele grande amor que sempre se achou possuído desde guri em apenas fazer o bem, sem olhar a quem! Já na fazenda - como era chamada a Escola Agrícola - para menores, deparou-se com cem meninos em estado quase andrajosos, em um grande e antigo pavilhão, numa colina baixa, na aba de uma imensa elevação montanhosa.
O começo foi de muita luta e trabalhos, pois que desde que ali chegara, ele tinha feito uma promessa à seu Deus, que faria daquele Educandário uma instituição modelo de toda a região sudeste do Brasil! No Educandário encontrou algumas famílias de funcionários, que se achavam desestimulados com o quase abandono que aquela futurosa escola agrícola se encontrava...! Como possuísse ótimos contatos em nível de governo; pois fora enviado para ali para transformar aquela Escola Agrícola numa instituição padrão de boas escolas, pôs-se em campo, logo iniciando a construção de mais dois Pavilhões para abrigo e instrução de cem a quinhentos menores ali destinados, sempre sem pais e abandonados...
Com grandes e fortes injunções políticas na então capital do Estado do Rio de Janeiro, Niterói, e na capital federal, o Rio de Janeiro, pois era amigo íntimo do então Ditador Getúlio Vargas, a cada quinzena se dirigia ao centro do poder nacional, de lá trazendo para seus “meninos” - como dizia – de um tudo para sua manutenção e instrução!
Amplo sabedor das carências existentes nessa fase da formação infantil, dotou o Educandário de todos os serviços necessários para se criar-formar de uma só vez centenas de menores das mais variadas origens e meios sociais...! Assim os anos iam se sucedendo, com um vertiginoso aumento da procura por vagas, que ele sempre dava um jeitinho de aceitar mais um daqueles pobres coitados, como também vários menores considerados “criança-problema” para suas próprias famílias... Rêgo Barros se sentia lisonjeado a cada vez que recebia as visitas de alunos que por ali passaram, e retornavam para revê-lo, e aos funcionários, a instituição que lhes fora uma mãe, e todo o carinho e amor que tiveram naquela escola!
Claro é que nem todos eram reconhecidos a todo aquele esforço dispendido para suas boas formações-educações, pois sendo de má formações familiares, para ali já tinham vindo “perdidos’, alguns sem retorno aos padrões de uma boa convivência social e familiar...
Em alguns anos Rêgo Barros, que investia sempre na boa qualidade dos rebanhos de bovinos, ovinos, caprinos, muares e cavalares da escola, passou a realizar “Semanas do Fazendeiro”, de “Professoras Rurais”, ou “Femininas”, e grandes e afamados Campeonatos de Futebol, com as louváveis participações de times de exímios jogadores, funcionários do Educandário e da vizinha cidade de Conceição de Macabu!
De 1930 em diante Rêgo Barros empenhou-se efetivamente em transformar aquela instituição de ensino na Escola Agrícola que tinha em mente, seguindo alguns modelos que já conhecia em suas andanças enquanto rapaz pelo imenso Brasil; pois, aos dezenove anos, partiu de sua linda Recife para servir ao Exército na cidade gaúcha de Cruz Alta!
Aquele período da história brasileira se caracterizou por vários movimentos políticos conturbados, como, a partir de 1939 a eclosão da IIª Grande Guerra Mundial; com a entrada do Brasil na guerra; após nosso País ter tido vários navios bombardeados por submarinos alemães...!
Nessa época, de 1940 à 1950, o Brasil e o Mundo sofreu transformações radicais nos planos políticos e institucionais, com inúmeras mudanças dos governos estaduais, até que, foi nomeado Interventor do Estado do Rio de Janeiro, o Comandante Ernani do Amaral Peixoto, genro do Presidente Vargas, com quem Rêgo Barros tinha grande amizade.
Empenhando-se cada vez mais na melhoria e crescimento do Educandário Agrícola, Joaquim do Rêgo Barros suscitou esforços junto ao governo estadual para construção de muitos prédios e pavilhões, visando à melhoria das funcionalidades daquele educandário!
Seus oito filhos, inicialmente, estudaram com bons professores do próprio Educandário e da vizinha Conceição de Macabu, e, na medida que cresciam, necessitando de maiores opções e em suas formações, foram quase todos estudar em Campos dos Goitacazes.
Inicialmente foram para Campos estudar os filhos Manoel Alencar, Antônio, Maria Amélia, Therezinha e Francisco Fernando; e, posteriormente os mais novos, Roberto e Luís Antônio.
Os primeiros a irem para Campos, foram Internados no novo ótimo Colégio São Salvador, de propriedade do Dr. Manoel Ferreira, conceituado professor e advogado da então próspera cidade do Açúcar e do Álcool!
Continuando em seu forte empenho de Educador, Rêgo Barros em pouco tempo transformou aquela Escola Agrícola na Instituição Educacional Agrária modelo de toda a vasta região Sudeste; produzindo e gerando cultivares diversificados e experimentos inovadores nos mais diversos setores da agronomia e veterinária estadual e mesmo nacional!
Mais, como tudo em nossas vidas, existe sempre um fim... Em 1958, ainda jovem, aos sessenta anos, Joaquim do Rêgo Barros, finalmente se aposentou. Indo viver entre Niterói e Rio das Ostras, esse hoje rico & próspero município, onde possuía uma confortável casa de praia, em frente da Praia do Remanso, onde, junto com meu saudoso pai, Antônio do Rêgo Barros, seu filho, construíram as primeiras casas de veranistas, em 1949, em busca de cura para meu único irmão, já falecido, Alencar Ferreira Barros, que, aos nove anos havia contraído uma doença óssea, no fêmur direito, conhecida como Coxaplano, tendo, ele, o conhecido Alencarzinho, ficado bom, com banhos de mar diários e horas enterrado nas areias radioativas medicinais que contêm monazítica, na Praia do Cemitério dos Jesuítas!
Meu saudoso pai, Antônio do Rêgo Barros, que também trabalhou e se aposentou no Educandário, foi viver em Rio das Ostras, em 1964. Como seu pai, que faleceu em 1968, passou a construir loteamentos e casas naquela hoje cidade, como o imenso loteamento Enseada das Gaivotas, e Floresta das Gaivotas, hoje em franco progresso com boas casas e infra-estrura.
Rio das Ostras de hoje, um populoso e rico município, também produtor de petróleo, distante de Macaé 22 kilometros, cresceu sobremaneira nos últimos quarenta anos pela proximidade com aquela cidade onde se localiza a Petrobras e sua Região de Produção do Sudeste!
O Educandário Agrícola, que passou por força de lei, em 1954, a de denominar: Escola Agrícola Rêgo Barros.
Infelizmente, por falta de interesse dos últimos governos estaduais, deixaram aquele que foi o Educandário Agrícola Modelo de toda a região Sudeste, acabar... Mas como escrito num monumento lá na Escola Agrícola, quando da aposentadoria de meu saudoso avô paterno, que Orgulhosamente trago por nome e sobrenome:
“Nem Tudo Se Esquece Com o Decorrer do Tempo’, restará sempre nas lembranças daqueles que tiveram o privilégio de trabalhar sobre suas ordens, a Gratidão, Amizade, Respeito e Carinho”
OBRIGADO Dr. Joaquim do Rêgo Barros !”
Vovô e meu pai, daí onde se encontram na PAZ DO SENHOR, saibam que ao menos seus esforços para fazerem de Rio das Ostras uma cidade-balneário Linda & Progressista, se realizou, e, que o sonho de meu avô, de fazer uma Escola Agrícola Modelo, existiu sim, pois todos que possuem mais de sessenta anos, bem sabem que “Nem Tudo Se Esquece Com o Decorrer do Tempo!”, pois, podemos Agradecer-lhe, meu avô, por ter sido o Educador que fostes, Amado, continuem em PAZ ! ! !
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