sexta-feira, 26 de março de 2021

 

Ajudando a salvar vidas

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*por Claudia Queiroz

Somos construtores da própria história e, muitos de nós, não nos damos conta disso. Até que chegou uma pandemia para colocar em xeque uma série de questões. Imunidade, condicionamento físico, alimentação, qualidade do sono, relacionamentos e muito mais.

Todos nós nascemos com o maior potencial de vida após um período intenso dentro do ventre materno. A partir de então, somos condicionados a ações que geram consequências. É claro que criança não sabe escolher e precisa da orientação de um adulto até que aprenda. Esse, inclusive, é o bê-á-bá da consciência. Mas todos nos tornamos adultos a partir de escolhas feitas desde a infância.

Se uma criança pede sopa de batata com cenoura para jantar, faz um lanche beliscando fatias de pimentão amarelo ou vermelho, leva beterraba cozida pra escola, experimenta e gosta de várias castanhas, assalta o pote de azeitona da geladeira e não dispensa uma fruta para dar bom dia ao corpinho no café-da-manhã, ela está preservando a própria saúde vital. E não é nada utópico o que relatei, porque descrevi minha filha de 4 anos.

Na nossa casa não tem biscoito, leite condensado, creme de leite e industrializados. Os temperos são todos colhidos da hortinha que plantamos em pequenos vasos, uma vez que moramos em apartamento. Os alimentos são frescos e naturais. Mas apesar de ser algo simples, algumas vezes nos percebemos como raridade, num mundo onde a praticidade das comidas empacotadas, cheias de conservantes ou superindustrializadas, são consumidas sem questionamentos.

Muitos de nós usa alimentos como recompensa por esforços, bem como fazem as focas pra ganhar sardinhas depois de uma gracinha… Uma pena. O ser humano tem tudo o que precisa, mas cai nas armadilhas que ele mesmo cria, boicotando hábitos que seriam a base do próprio desenvolvimento de força, equilíbrio e flexibilidade tanto no corpo, quanto na mente.

Comendo industrializados, fast-foods, trigo, leite e demais produtos inflamatórios, não é apenas um vírus que ameaça nosso organismo, que funciona como perfeita máquina. Ela mesma reduz o prazo de validade de peças e engrenagens. Em geral, a justificativa dos agravantes nos quadros de doença caem nas costas do COVID-19, da pandemia, do fique em casa e do “lockdown”, porém nasceram dos maus hábitos à mesa e no sedentarismo.

Sem sair de casa temos menos disposição para exercícios físicos, perdemos a sincronia com hábitos saudáveis de vida e de alimentação, ficamos mais reativos às diferenças e essa raiva explode nas brigas caseiras até contaminar a audiência das redes sociais.

Quem sente raiva pelas limitações quer limitar aqueles que querem fazer diferente. Parece algo inocente, mas a força da fúria de quem se prende a uma ideologia de caos e sofrimento está implodindo a própria construção e atingindo todo o entorno. Cabe à nossa consciência dar ou não espaço para que isso cresça dentro de nós ou não.

Hoje uma nota de lançamento de uma ação de combate à fome em São Paulo chamou minha atenção. É um paradoxo tremendo determinar lockdown e não querer que trabalhadores passem dificuldades. E os desempregados, mais ainda. Com as possiblidades de ganhos de sobrevivência editadas, sem nutrição adequada, fervendo a mente de preocupações que não digerem a voracidade das notícias catastróficas, gestores públicos querem controlar o cidadão de bem impondo ainda mais medo e fingindo resolver algo potencializado pelas próprias e inconsequentes decisões?

Escolhas x consequências. Tudo na vida se resume a essa questão. Se cada um de nós puder fazer a sua parte e mais um pouquinho para ajudar alguém que vive atualmente com dificuldade, ajudaremos a transformar a realidade numa corrente do bem genuína, construída e que definitivamente trará impactos sociais relevantes e importantes para todos.

Nesta semana um grupo de médicos de Curitiba anunciou parceria junto à iniciativa privada na abertura de um espaço dentro de uma clínica médica para que os profissionais de saúde possam atender gratuitamente pessoas com início de sintomas de COVID, utilizando medicamentos específicos para Tratamento Precoce imediatamente nos primeiros sintomas da doença. A quantidade de gente precisando desta ajuda é absurda. As unidades de saúde municipal estão encaminhando os doentes com sintomas de coronavírus para casa com um paracetamol na mão e uma angústia crescendo no peito.

Esses médicos querem aplicar a medicina! Vivem para salvar vidas mesmo que muitos não acreditem nos medicamentos testados ou que aguardem as tais evidências científicas. Mas eles não desistem! A intenção é receitar um sopro a mais de esperança, porque é ela que alimenta a fé de que vai ficar tudo bem. Uma chance de dar certo e valeu todo o esforço, que é a boa energia em movimento pró superação.

Meu marido é médico e está à frente deste projeto com outros grandes profissionais. Ele é grupo de risco, pode se contaminar e vamos cuidar para que não aconteça. Porém, se acontecer estaremos lutando até o fim. Hoje pela manhã ele perguntou à senhora da limpeza da clínica o que ela acha que poderia melhorar naquele espaço. A resposta emocionante dela, que passou a vida com uma vassoura na mão e panos úmidos sendo torcidos no balde foi de que está orgulhosa em estar ali. Certamente acredita que está elevando o status da profissão dela, essencial para todos nós. E está, porque ajuda profissionais da saúde a salvar cada dia mais pessoas, fazendo o melhor que pode, com a consciência em todos os detalhes.

Clamamos pelo fim da pandemia, mas poucos se atentaram para a consciência coletiva e a importância de cuidar de si e cuidar do outro neste dilema importante. Somos nós, sempre e pra sempre, precisando exercitar as mensagens iluminadas do céu nesta conexão maravilhosa chamada amor. Isso é construção, renovação e reforma, que acontece dentro de de cada um de nós. O resto são apenas ilusões.

Claudia Queiroz é jornalista.

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