Uma dose de vacina espiritual

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*por Claudia Queiroz

Conhece-te a ti mesmo. Palavra bíblica e que simboliza o princípio de todas as religiões, vem sendo a proposta de uma vacina espiritual. Não estou falando de qualquer ritual espírita ou algo parecido, mas de aprofundamento na auto perfeição, na consolidação de valores e no exercício de amor em família, o que é comum a todas as crenças.

Cuidar de quem amamos com paciência e tolerância, neste eco incessante de imperativos do “fique em casa”, “tome vacina”, “faça tratamento precoce”, “agora é lockdown” e outros hits clássicos desta pandemia de COVID-19, convida a humanidade para reflexões que vão muito além dos palpites relacionados às escolhas alheias sobre o que é ou não essencial. Estamos pagando caro para manter a integridade mental, física, emocional e financeira, especialmente porque temos que agir conforme as determinações de gestores imprudentes com a saúde pública.

Enquanto isso, podemos aproveitar o período para nos fechar em conchas, assim como fazem as ostras, e prepararmos nossas pérolas, construirmos tesouros de sabedoria, resiliência e gratidão.

Quem percebe na dificuldade uma oportunidade de crescimento tem vantagem competitiva diante daqueles que se nutrem do hábito de reclamar. Consequentemente sofre menos. Ou seja, podemos nos aprimorar ou retrairmos de medo. Fica claro quem baixa a imunidade diante da toxicidade mental generalizada daqueles que só falam em problemas?

Não prego otimismo extremo, nem gosto do que estamos experimentando. Está dolorido para mim também. Sair da zona de conforto é desagradável, provoca mudanças e adaptações. Nossa vulnerabilidade incomoda. Mas tudo isso passa.

Este é o momento perfeito para encontrar equilíbrio junto à natureza, que flui do florescer à queda das folhas, respeitando cada estação do ano.

Transformar quem éramos em algo melhor é o objetivo deste enfrentamento. Isso é vacina espiritual. Outro bom exemplo disso acontece com as lagartas, que se enclausuram (talvez sofram) antes de formar asas para voarem como lindas borboletas. Esta é a grande reforma  que precisa ser feita dentro de cada um de nós.

Sócrates já pregava o autoconhecimento 400 anos antes de Cristo. No entanto, muitos séculos depois, estávamos filosofando menos e vivendo mais em modo automático, ignorando a rotina dos sentidos e dos pensamentos que acontecem entre o acordar e adormecer.

Por isso escrevo esse texto agora. Está na hora! Levanta, sacode a poeira e da a volta por cima. É a sua nova versão que está te chamando. Inteira, sem ângulo melhor ou pior, mas na integralidade da sua essência, que pulsa pela vida que precisa ser vivida em toda a amplitude.

Somos sementes de Deus, prontas para florescer. Nossos dons, talentos e luz imploram para dar vazão à inspiração divina que existe em nós. Todo esse sofrimento pode ser canalizado para grandes descobertas. A natureza confia na transformação. E você? Só depende de saber “explorar-te a ti mesmo”. E com isso, ficar imune aos maus pensamentos porque aprendeu, com a pureza das crianças, que o portal entre o céu e a terra vive na leveza do nosso coração.

Claudia Queiroz é jornalista.