segunda-feira, 1 de março de 2021

 

Todo umbigo é sagrado

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*por Claudia Queiroz

Certa vez ouvi de uma psicóloga que a maternidade duplica nossa alma em outros corpos. Achei a explicação poética, afinal nada mais justo que as portas do céu serem abertas com a chave mestra do cordão umbilical.

Esse mesmo centro de gravidade, existente em cada um de nós, nos remete ao ventre de uma mãe e à representação do nosso ego. Não escolhemos como serão nossos filhos, mas aprendemos a amá-los do jeitinho que eles chegam.

Uma amiga grávida está num dilema de sofrimento. A probabilidade de estar gerando uma criança com alguma anomalia está roubando dela a tranquilidade, neste período tão especial. O aborto não faz parte dos planos, pra deixar bem claro na história.

Mal sabe ela que o período fértil do coração está em plena multiplicação, brotando um amor gigante, que ela só não conhece ainda…

Tanta informação desencontrada, aliada à ansiedade, confunde a emoção… Somos frutos das nossas crenças limitantes, das verdades impostas, dos choros engolidos, dos tapas não explicados ou exagerados que justificaram na educação que recebemos e assim por diante.

Hoje eu sou mãe de uma menininha de 4 anos e posso dizer à esta amiga que sou muito mais “Mulher Maravilha” que quando andava de salto alto e cabelão solto. Minha ‘corda da verdade’, elemento usado pela heroína da Liga da Justiça, está no olho no olho, na base forte de respeito e nas escolhas amorosas que faço para ensinar os valores à filhotinha.

Porém, para educar e inspirar, a gente precisa ser e não parecer. Todos os dias passo a vida a limpo, renovando os votos que fiz, quando pedi ao Papai do Céu para ganhar este lindo presente chamado Gabriella, minha estrelinha de luz.

Presente porque é a coisinha mais preciosa que existe e também pelo aqui agora, nas milhares de vezes em que sou chamada com a urgência instantânea de quem não tem tempo a perder.

À amiga sofrida eu diria que esse amor materno só aumenta a cada dia e que é uma construção linda, árdua, transformadora e enriquecedora demais. Sem dúvida, a viagem mais incrível entre o céu e a terra.

A função de cuidar e amar uma criança nos convida a conhecer sombras, luzes e a confiar no pulso do planeta onde terra, fogo, água, ar e éter harmonizam com nossos sentidos mais profundos, muitas vezes bagunçando as estações do humor.

No entanto, o exercício é confiar na semente e no potencial que ela tem em germinar. Nossa missão é cuidar desse jardim, permitindo, limpando e cuidando para que esse pequeno brotinho tenha uma vida plena e reveladora dentro e fora do nosso ventre.

Porque depois de uma gravidez, nada mais será como antes. Será melhor, porque a maternidade é capaz de revelar sobre o material do qual somos feitas. Esta é a perfeita evolução da natureza humana. Há um propósito no ciclo da vida e Deus não erra nunca!

Claudia Queiroz é jornalista.

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