quarta-feira, 18 de agosto de 2021

 

Avaliação dos 6 meses iniciais do Governo Eduardo Paes

Por Instituto Rio21

Instituto Rio21 foi a campo e, desta vez, para iniciar a série histórica de avaliação do governo do Prefeito Eduardo Paes. A intenção com este levantamento periódico é buscar compreender, ao longo do tempo, a percepção da população carioca sobre as ações do governo e as suas perspectivas.

Entendemos que a coleta de dados é fundamental para balizar o desenho de boas políticas públicas e a posterior avaliação destas. Neste início, nosso objetivo é analisar o sentimento do cidadão acerca da nova gestão que se iniciou em janeiro de 2021. Todavia, ao longo das próximas pesquisas, nossa intenção é aprofundarmos também novos temas da administração municipal.

O levantamento foi realizado entre os dias 04 e 12 de agosto de 2021, através de pesquisa quantitativa com disponibilização de questionário online via e-mail e redes sociais. A amostra corresponde a 1249 entrevistados e possui grau de confiança de 95% e margem de erro de 3%.

Os gráficos abaixo mostram a avaliação dos primeiros seis meses de governo e a expectativa para os próximos seis meses.

A avaliação positiva (ótimo + bom) reflete em 50,5%, regular em 26,0% e a negativa (ruim + péssimo) em 23,5%.

Já na expectativa futura, há um salto no que se pretende avaliar como positivo (ótimo + bom), somando 70,2%, enquanto a avaliação regular está em 14,9% e a negativa (ruim + péssimo) em 14,9%.

No gráfico acima observamos a avaliação da gestão de Paes no enfrentamento da pandemia da Covid-19. A avaliação positiva (ótimo + bom) é de 57,5%, regular de 22,2% e a negativa (ruim + péssimo) de 20,3%. Logo de início, podemos observar que a atuação do Prefeito está intrinsicamente colada na gestão da pandemia e coletando seus louros. A aprovação sobre este tema, combinado com as avaliações anteriores, denota dois pontos em especial: 1) Todo bom trabalho deve ser mostrado e Paes vem fazendo isso de uma maneira muito positiva e associada com sua imagem e 2) que para os próximos seis meses, há um resgate da esperança de que tempos melhores virão.

Na esteira da gestão da pandemia da Covid-19, a saúde é o tema mais bem avaliado desta pesquisa, com 46,2% de respostas positivas (ótimo + bom), 23,4% que consideram o serviço regular e 30,3% que consideram negativamente (ruim + péssimo). Caso a promessa de aumentar o número de equipes de saúde da família, por exemplo, se concretize, a tendência é que estes números melhorem nos próximos meses. Um dia a pandemia irá passar, a população estará toda vacinada e os problemas de outrora irão voltar, somados ao caos que foi na gestão anterior.

Já na área da educação, observamos um empate técnico nos três eixos de avaliação. A positiva (ótimo + bom) representou 33,9%, regular ficou em 31,7% e a negativa (ruim + péssimo) ficou com 34,4%. Esta é uma área em que o Prefeito, politicamente, vem apostando alto, visto que quer eleger seu Secretário de Educação a Deputado Federal na próxima eleição. Duas explicações possíveis para este equilíbrio são 1) a demora na percepção de melhorias no sistema de educação e 2) o fato de que nem toda a população faz uso da rede pública de educação. Logo, para os moradores de uma faixa de renda maior, não é possível ter uma opinião tão bem consolidada. Logo, a educação é um tema que merece ser estudado em maior profundidade no futuro.

Nos transportes, a avaliação foi a pior dentre as categorias analisadas pela pesquisa, tendo sido reprovada (ruim + péssimo) por 52,8% da população. Avaliação regular ficou em 27,3% e a positiva (ótimo + bom) ficou com 19,9%. Nesta seara, nitidamente o cidadão ainda sente as falhas nos sistemas de ônibus, seja o convencional, seja o BRT.

Ambos estão bastante aquém da necessidade de uma cidade do porte do Rio de Janeiro. E apesar do VLT ser um transporte municipal, sua abrangência é insignificante, se comparado com o impacto do sistema rodoviário.

Esta é outra área em que, desde sua campanha eleitoral, o Prefeito vem apostando muito, principalmente na recuperação dos BRTs, que são justamente obras de seu mandato anterior, e na implementação de um novo sistema de bilhetagem digital do transporte público no município do Rio de Janeiro, cujo objetivo é garantir maior transparência financeira, planejamento com dados confiáveis e melhoria dos serviços das linhas de ônibus.

Além disso, devemos ressaltar que as questões de transporte público são contaminadas pela dificuldade da população em entender a divisão da matriz de responsabilidades entre estado e municípios dos modais.

No meio ambiente, a avaliação do carioca é mais ou menos idêntica tanto para o lado como para o negativo, tal como na educação. No positivo (ótimo + bom), a soma é de 33,5%, no regular de 34,1% e no negativo (ruim + péssimo) de 32,4%. Neste caso, o tema é, por si só, abrangente demais.

A atual gestão da pasta vem buscando se fazer mais presente em diversas ações, principalmente na fiscalização de obras ilegais em áreas de preservação ambiental. Demais políticas públicas, como hortas comunitárias e reflorestamento, são ações implementadas há muitos anos e que se mantém sedimentadas. A expectativa para as próximas avaliações é de que não tenha alterações significativas nestes números.

A conservação pública é um tema caro ao carioca, visto que é difícil manter uma cidade tão grande sempre bem cuidada. Nos últimos anos, com o agravamento da crise econômica e a falta de uma gestão eficiente, o setor ficou ao relento, e é justo o que atinge todos os cariocas, de todas as classes, de maneira indiscriminada. Afinal, a população mais rica não necessariamente irá utilizar as redes públicas de saúde e educação, tampouco irá andar de ônibus, mas sem dúvida, irá transitar nas ruas e calçadas esburacadas, com poças de água, falta de iluminação pública e falta de poda de árvores. Sob essa ótica, a atual gestão da pasta vem realizando mutirões com suas empresas vinculadas (RioLuz e Comlurb, por exemplo) para resolver estes problemas. A implantação da iluminação por led também é outro fator que ajuda na avaliação positiva. A avaliação positiva (ótimo + bom) é de 38,2%, a regular é de 27,9% e a avaliação negativa (ruim + péssimo) é alta com 33,9%. A rejeição ainda é alta, mas parece caminhar para patamares mais baixos no futuro.

O último ponto a ser avaliado é sobre assistência social. Nos últimos anos, novamente por conta do agravamento da crise econômica em nossa cidade, a população em situação de rua aumentou significativamente. Portanto, a avaliação negativa (ruim + péssimo) também se faz presente neste início de governo, com 37,7%, o regular com 35,3% e o positivo (ótimo + bom) com apenas 27,0%. Caso a retomada econômica prometida pelo Prefeito realmente ocorra, é esperada uma inversão nos números, já que a população em situação de rua deverá diminuir com a abertura de novas vagas de trabalho. Sabemos que a assistência social não fica restrita a população em situação de rua, mas é o tema de maior impacto junto a sociedade de uma maneira geral, que não consegue observar no detalhe as demais ações da pasta.

Sobre a pesquisa

A pesquisa completa encontra-se para download, com outros dados sobre a avaliação dos cariocas sobre cidade do Rio de Janeiro.

A próxima avaliação está prevista para ser realizada no mês de novembro, dando continuidade a um ciclo de pesquisas trimestrais, que deverá perdurar até o final desta gestão.

Novamente, caso todas as promessas se realizem, é natural uma reversão nas avaliações negativas e o crescimento das positivas. Todavia, a administração pública e a política são duas eternas caixinhas de surpresa, sempre dispostas a atrapalhar as gestões de nossos governantes, por melhores que eles sejam.

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