ESTUDANTES MAIS POBRES TÊM ACESSO MENOR A ABERTURA DE ESCOLAS NA PANDEMIA, MOSTRA DATAFOLHA!
(Paulo Saldaña - Folha de S.Paulo, 24) O movimento de retorno às escolas experimentado nas redes públicas do país, mesmo que parcialmente, revela forte quadro de desigualdades.
A proporção de alunos pobres que tiveram essa oportunidade (16%) é menor que a metade da registrada entre estudantes com maior renda (38%). Os dados são de pesquisa Datafolha encomendada pela Fundação Lemann, pelo Itaú Social e pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
É maior a proporção de negros e mulheres entre as famílias com alta vulnerabilidade, com menor acesso ao retorno, revelando assim o perfil dos maiores atingidos. O abismo é também regional.
Enquanto 40% dos estudantes do Sudeste e do Sul tiveram acesso a escolas reabertas, mesmo que parcialmente, a região Norte tem índice de 6%; no Nordeste, são 11%. Escolas urbanas tiveram melhor índice de reabertura do que as rurais.
A pesquisa ainda reforça o baixo e desigual acesso ao ensino remoto ou híbrido, com, por exemplo, oferta de plataformas educacionais. O cenário geral tem forte relação com a ausência de uma política federal do governo Jair Bolsonaro para a educação básica na pandemia, sobretudo com foco no combate a desigualdades, na garantia de conectividade e na estruturação para uma oferta educacional remota.
Questionado, o Ministério da Educação não respondeu.
A pesquisa foi realizada entre abril e maio, com foco em estudantes de ensino fundamental e médio de escolas públicas (com idades entre 6 e 18 anos). Foram ouvidos 1.997 estudantes (amostra com margem de erro de 2 pontos percentuais) e 1.315 responsáveis (margem de erro de 3 pontos).
Os dados mostram que há insegurança entre as famílias para o retorno. Quatro em cada dez estudantes que tiveram à disposição escolas reabertas, mesmo que parcialmente, não foram às unidades. O medo da pandemia aparece como a principal motivação. |
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