quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Contraventor Anísio passa a noite em 

hospital penitenciário na Zona Oeste

Polícia busca nesta quinta-feira outros nove acusados.

Entre eles estão presidentes da Grande Rio e

Imperatriz Leopoldinense

 O contraventor Aniz Abraão David, o Anísio, 75 anos, presidente de honra da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis passou a madrugada desta quinta-feira no hospital penitenciário do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste. Ele foi preso nesta quarta-feira em Copacabana, Zona Sul. Ele foi diagnosticado com arritmia cardíaca por junta de peritos e diretoria do hospital da instituição. “Queria saber que mal eu fiz à essa cidade”, reclamou Anísio.

O contraventor e o policial civil que fazia sua escolta foram presos em flagrante por formação de quadrilha armada. Agentes da Corregedoria da Polícia Civil (Coinpol) prenderam Anísio com base em decisão do desembargador Paulo Rangel no processo que o bicheiro responde com outros 60 réus por contravenção e formação de quadrilha. Com os presos, a polícia apreendeu R$ 7 mil e 180 dólares.
Anísio era escoltado por policial civil quando foi preso
A polícia busca nesta quinta-feira outros nove acusados, como Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, presidente da Imperatriz Leopoldinense; Helio de Oliveira, presidente da Grande Rio; Yuri Soares, filho do presidente de honra da Grande Rio, Jayder Soares; e o ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano continuavam foragidos. Para o desembargador Paulo Rangel, após as concessões de pedidos de liberdade, como a do Helinho da Grande Rio, a polícia apreendeu quase R$ 4 milhões, o que reforçaria o poderio financeiro do grupo.

O trabalho faz parte da operação Dedo de Deus, da Coinpol, realizada em dezembro que resultou no processo que os chefões respondem.

Há informações de que o contraventor iria esse mês aos Estados Unidos para tratar o ouvido.  A polícia apreendeu ficha do Air Resort Casino Las Vegas em nome do preso no valor de 2 mil dólares. A polícia esteve em Búzios, um dos 30 endereços de Helinho. Para evitar que saiam do País, a Polícia Federal foi acionada. Martha Rocha disse que as ações contra o bicho não são retaliações e que a prisão de um policial é sempre desagradável. “Mais desagradável é ver policial no crime sem ser preso”, completou.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O DiaQuando foi preso nesta quarta-feira, Anísio disse que seguia para clínica onde seria submetido a exames. Ele foi interceptado pela polícia em um Renault Sandero preto em que estava com o policial civil Pedro Cardoso de Almeida, lotado na Delegacia de Roubos e Furtos, mas que estava de licença-prêmio e o funcionário aposentado do Ministério da Saúde Maurício de Oliveira.

Flagrante
Pedro é irmão de Paulo de Almeida, ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Segundo a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, com base na presença do policial, ele foi autuado em flagrante: “O policial estava armado e escoltava um procurado, com mandado de prisão. Isso configura a formação de bando armado”. Com Pedro foi apreendida uma pistola 9 milímetros da Polícia Civil, munição, carregadores, carteira de diretor da Beija-Flor em nome dele e celulares.
Foto: Agência O Dia
Imagem mostra o momento da prisão do bicheiro,
que aparece de azul no carro
O advogado de Anísio, Ubitaran Guedes, criticou a prisão: “Anísio é o glacê do bolo que a polícia fez. A prisão é injusta e desnecessária. É um homem de 75 anos e, para estar foragido, só se for em clínica geriátrica”, disse.

Habeas corpus durante recesso judicial
A decisão do desembargador Paulo Rangel colocou por terra os habeas corpus concedidos no recesso da Justiça pelo plantão. 

Helinho da Grande Rio, que estava foragido, ganhou a liberdade em decisão do desembargador Sidney Rosa. Já Mário Tricano, Anísio e Luizinho conseguiram o mesmo direito com o desembargador André Melentovytch.

Para Paulo Rangel, que havia negado habeas corpus antes do recesso, as decisões não poderiam ser tomadas no plantão. No caso de Anísio, o desembargador entendeu que ele não estava sendo constrangido pela polícia e rechaçou a tese de defesa que alega que o contraventor está doente para mantê-lo solto. “Quem está com a saúde prejudicada deve estar no hospital e não fugindo da polícia”, afirmou. Agora, a 3ª Câmara Criminal vai julgar se a decisão de Paulo Rangel vai seguir em vigor.

Condenado com a cúpula do jogo
O indiciamento por formação de quadrilha de acusados de envolvimento com o jogo do bicho não é novidade. Em decisão histórica, a juíza Denise Frossard condenou 14 integrantes da cúpula da contravenção, em 1993. No grupo que foi algemado e sentenciado à pena máxima de seis anos de prisão, estavam Anísio, Antônio Petrus Kalil, o Turcão, e Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães.

Ano passado, a Justiça condenou 24 acusados por formação de quadrilha armada, contrabando e corrupção, todos denunciados na Operação Alvará, em 2010. Entre os condenados está Wilson Vieira Alves, o Moisés, ex-presidente da Escola de Samba Vila Isabel.

Em dezembro, a Operação Dedo de Deus voltou a desbaratar esquema de jogo do bicho, quando agentes da Polícia Civil foram às ruas para tentar cumprir 60 mandados de prisão, inclusive, contra a cúpula da contravenção no estado.

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