sexta-feira, 17 de julho de 2020

MACAÉ EM PAUTA


MEMÓRIA - CENTENÁRIO MIGUEL ANGELO DA SILVA SANTOS.
rava EDUCAÇÃO. Sua mãe dedicou toda a vida a serviço do ensino, tendo vivido em várias cidades do Estado do Rio de Janeiro, implantando novos métodos pedagógicos como professora, inspetora de ensino e diretora de colégios. Seus seis filhos, nasceram em localidades diferentes, dada rotatividade de sua militância educacional. As filhas mulheres eram todas professoras, também. O professor MIGUEL ANGELO nasceu em Duas Barras, na serra próximo a Nova Friburgo, passou a infância em Angra dos Reis e a adolescência em Macaé. Cursou o antigo ginasial no internato do Colégio Salesiano Santa Rosa em Niterói. diante das dificuldades financeiras da mãe, viúva com seis filhos, já que seu pai falecera antes do seu nascimento, e não podendo continuar os estudos em centro mais desenvolvido, foi fazer o curso do magistério na Escola Normal de Campos, onde jogou futebol para ajudar nos estudos. Era o único aluno em classe de mulheres, pois naquela época homem cursando escola normal, era algo inusitado.
Formando, iniciou a carreira na Escola do Engenho Central de Quissamã, onde casou-se com ANTONIA DE SOUZA E SILVA SANTOS ( DEGA, como era conhecida), com quem teve 4 (quatro) filhos: GARDEL. CLÁUDIO, ARISTÓTELES E MIGUEL ANGELO FILHO, além de ter criado com sua esposa três meninas: JANDIRA, REGINA E LÚCIA.
O componente financeiro que o fazia trabalhar como professor e secretário de colégio, em três turnos, salários baixos e família numerosa eram sem dúvidas importante, mas a razão principal, é que as demandas da educação o faziam encará-los como obrigação. Atuou firmemente em outros segmentos da sociedade e da política macaense, tendo sido vereador durante a legalização do Partido Comunista, o que lhe rendeu várias prisões por motivos políticos, mesmo depois de ter rompido com o Partido. Apesar do rompimento ideológico com o PCB, nunca deixou de professar ideais democráticos e socialistas, com grave viés cristão e humanitário, fruto de sua formação religiosa familiar e convivência com os padres salesianos. Na IGREJA CATÓLICA, atuou com entrega, sendo um dos responsáveis por Encontros de Casais, um importante instrumento para o fortalecimento da instituição familiar, e devotado colaborador do ASILO PARA A VELHICE DESAMPARADA em Macaé.
Após um curto período lecionando em Quissamã, transferiu-se para CASIMIRO DE ABREU, cidade com quem estabeleceu grande afeto em toda a sua vida, mantendo ligações estreitas e afetuosas com vários ex-alunos e amigos. Mesmo antes da construção da BR-101, deslocava-se de lambreta para Casimiro para rever amigos e participar de festejos. Sua permanência como professor em Casimiro, durou quase uma década, conciliando suas atividades de mestre com as de jogador de futebol pela equipe local.
No final dos anos cinquenta início dos anos sessenta, percebendo o elevado número de jovens que se deslocavam para fazer curso ginasial e escola normal em Macaé, única referência na região para rapazes e moças de CASIMIRO, BARRA DE SÃO JOÃO, CONCEIÇÃO DE MACABÚ, CARAPEBUS E QUISSAMÃ; procurou o amigo Prof. TARCISIO TUPINAMBÁ, então inspetor do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, sensibilizando-o iniciou juntamente com personalidades locais, uma cruzada para a criação de CURSOS GINASIAIS. Quando alguém afirmava da dificuldade de se conseguir mão de obra docente para fazer funcionar estes cursos, ele informava ter a ficha escolar de ex-alunos egressos destas localidades e com os bons alunos de cada matéria e mais professores disponíveis, e dispostos a aceitar baixos salários, conseguiriam formar corpo docente. Com sua experiência em administração escolar, de forma voluntária não remunerada, engajou-se na elaboração das estruturas, forma, registro e calendário destes cursos. Neste mesmo período e com expedientes similares, ajudou a criar o GINÁSIO PROF. ANTONIO CAETANO DIAS, em Macaé, que juntamente com os ginásios de Quissamã e Casimiro de Abreu, foram os primeiros a funcionar, para seu júbilo, pois eram as cidades que ele tinha maior identidade, MACAÉ onde foi criado e viveu a maior parte da vida, Quissamã onde se casou e Casimiro, onde havia iniciado su experiência profissional. Durante seu tempo no magistério, lecionou várias matérias e costumava, sempre que algum professor faltava, assumir a classe impedindo que os alunos ficassem sem aulas.
Foi durante várias décadas secretário do GINÁSIO MACAENSE e de seu sucedâneo FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUIZ REID, posteriormente COLÉGIO ESTADUAL LUIZ REID. Alternava as atividades como secretário e disciplinador austero com as salas de aula, ensinando Ciências Naturais e Biologia, História, Sociologia e Pedagogia, preferencialmente.
Durante o golpe militar em 1964, foi retirado arbitrariamente das salas de aula, a sua grande paixão, apesar de julgado e absolvido pela justiça militar, foi aposentado pelo Estado. Com a redemocratização do país, re-ingressou ao magistério, como professor de Artes Gráficas, na ESCOLA POLIVALENTE DE MACAÉ, oficio que passou a exercer quando afastado do ensino, tendo fundado com os seus filhos Cliton e Miguel Angelo Filho a GRÁFICA SILVA SANTOS em Macaé. O professor MIGUEL ANGELO faleceu em 27 de setembro de 1999 aos 82 anos. A PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÉ ( através do Prefeito Silvio Lopes ) o homenageou, dando-lhe o nome de sua primeira faculdade municipal - FEMASS, FACULDADE PROFESSOR MIGUEL ANGELO DA SILVA SANTOS. Também foi lembrado em Quissamã, com o nome de uma bela escola municipal, ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR MIGUEL ANGELO DA SILVA SANTOS. Tributo a quem fez da educação verdadeiro sacerdócio.
Este texto é da lavra da Excelentíssima Professora Helena Moreira da Silva Barcellos Coutinho, uma grande amiga da família por toda vida, a quem prestamos as nossas homenagens e agradecimento.

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