‘Lugares de Memória Comemorativo’ será lançado na próxima semana
2019-10-17 11:24:00 - Jornalista: Andréa Lisboa
Foto: Andréa Lisboa
As inscrições já estão abertas por telefone ou e-mail
A proposta é oferecer ao público visitas mediadas que se iniciarão pelo Solar dos Mellos - Museu da Cidade de Macaé. No auditório Presidente Washington Luís, serão exibidos alguns aspectos da história deste ilustre macaense que chegou ao mais alto cargo da nação. Em seguida, o grupo, acompanhado pelo historiador do museu, irá à Praça Washington Luís, também no Centro da cidade, para ouvir sobre as histórias e as curiosidades que envolvem os monumentos e marcos do local.
"Uma curiosidade levantada recentemente pela equipe que atua no museu é que o próprio presidente Washington Luís serviu de modelo para o molde de seu busto na praça de nossa cidade. A intenção do ‘Lugares de Memória Comemorativo’ é desdobrar o projeto ‘Lugares de Memória’, relembrando personagens ilustres de Macaé em seus aniversários de nascimento, para a valorização de nossa memória cultural e identidade macaense", diz o coordenador do Programa Patrimonial de Macaé, Bruno Rodrigues.
A pesquisa para o primeiro evento neste formato, com o tema: ‘Lugares de Memória em comemoração aos 150 anos do macaense Washington Luís, Presidente da República do Brasil’ foi feita pela equipe do Programa Patrimonial de Macaé, que é composto pelos projetos ‘Macaé em Fontes Primárias’, ‘Lugares de Memória’, ‘Visita Guiada’ e ‘Professor Investigador’. As fontes de pesquisas foram o acervo documental do Solar dos Mellos.
Os grupos de no mínimo dez pessoas e de no máximo quarenta que estejam interessados em agendar sua participação no novo projeto devem entrar em contado pelo número (22) 2759-5049, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, ou pelo correio eletrônico solardosmellos@macae.rj.gov.br. Não é necessário ter veículo próprio. As visitas podem ser marcadas para o turno da manhã, das 9h30 às 11h30, ou para a tarde, das 14h às 16h.
O presidente macaense
De acordo com o Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930, publicado pela Fundação Getúlio Vargas, em 2001, Washington Luís Pereira de Souza nasceu em Macaé, em 1869, pertencente a uma família de grande prestígio político no período imperial. Advogado, bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1891. Iniciou sua carreira política, em 1897, como vereador e, posteriormente, prefeito de Batatais (SP). Em 1900, disputou uma cadeira na Câmara Federal por São Paulo, apresentando-se com um perfil oposicionista em relação aos governos federal e estadual. Apesar de vitorioso, não pôde assumir seu mandato por ter tido sua eleição rejeitada pela Comissão de Verificação de Poderes da Câmara dos Deputados.
Nesse mesmo ano, transferiu-se para a capital paulista. Nos anos seguintes iniciou uma bem sucedida carreira política no Partido Republicano Paulista (PRP). Exerceu os cargos de deputado estadual (1904-1906), secretário estadual de Justiça (1906-1912), prefeito da capital (1914-1919) e presidente do estado (1920-1924).
À frente do governo estadual, ampliou os efetivos militares paulistas com o objetivo de aumentar o poder de pressão do estado na federação, construiu mais de 1,3 mil quilômetros de estradas de rodagem - seu lema era "Governar é abrir estradas" -, e dedicou um tratamento duro ao movimento operário, cujos problemas dizia "interessar mais à ordem pública do que à ordem social".
Após deixar o governo de São Paulo, ocupou uma cadeira no Senado. Em março de 1926, concorrendo como candidato único, elegeu-se presidente da República.
A crise política de 1929
No início de 1929, o presidente Washington Luís indicou, para sucedê-lo, o presidente de São Paulo Júlio Prestes. Essa escolha desagradou os políticos de Minas Gerais, que esperavam que a alternância entre paulistas e mineiros na presidência - estabelecida pela "política do café com leite"- fosse mantida.
Contrariados, os grupos dirigentes de Minas aliaram-se aos do Rio Grande do Sul e formaram a Aliança Liberal, que lançou os nomes do gaúcho Getúlio Vargas e do paraibano João Pessoa à presidência e vice-presidência da República, respectivamente. A Aliança Liberal receberia ainda o apoio dos grupos de oposição dos demais estados e dos militares oriundos do movimento tenentista.
A campanha eleitoral foi bastante acirrada, com a oposição fazendo grandes comícios nos principais centros urbanos do país. Realizado o pleito no mês de março de 1930, porém, saiu vitoriosa a chapa situacionista.
O resultado eleitoral foi logo contestado por setores da Aliança Liberal, que alegavam a ocorrência de fraudes nas eleições e começaram a articular um movimento político-militar que depusesse Washington Luís.
Deflagrado no dia 3 de outubro, o movimento logo se estendeu por todo o país. No dia 24 de outubro, oficiais graduados das Forças Armadas no Distrito Federal depuseram o presidente, que foi levado preso para o Forte de Copacabana. O governo ficou a cargo, durante alguns dias, de uma junta governativa composta pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso e pelo contra-almirante Isaías de Noronha. Em 3 de novembro, o poder foi entregue, após certa relutância por parte dos membros da junta, a Getúlio Vargas, comandante das forças revolucionárias. Enquanto isso, Washington Luís rumava para o exílio.
Washington Luís viveu por 17 anos na Europa e nos Estados Unidos. Voltou ao Brasil em 1947 e fixou-se em São Paulo, sem retomar, contudo, à atividade política. Morreu na capital paulista, em 1957.
O Solar dos Mellos está localizado na Rua Conde de Araruama, 248, Centro.
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