quarta-feira, 21 de novembro de 2018

20 DE NOVEMBRO

Alunos da escola Palmira Lins de Carvalho celebram o Dia da Consciência Negra

  
21/11/2018 08:06
Uma programação diversificada na Escola Municipal Palmira Lins de Carvalho, no bairro da Marambaia, marcou nesta terça-feira, 20, as comemorações pelo Dia da Consciência Negra. Durante o evento, os alunos exaltaram a cultura e história negra no Brasil e promoveram o antirracismo. O evento nasceu de uma parceria entre as disciplinas de sociologia e língua portuguesa com os alunos do 7º ao 9º ano.
Há cinco anos os estudantes apresentam seus trabalhos na culminância dos estudos do ano letivo. O evento marca a resistência da escola e dos alunos em relação ao racismo.
“Estou muito satisfeita, muito orgulhosa com o trabalho. Nós trabalhamos durante o ano todo o projeto Abrindo a Caixa de Pandora e uma das coisas que os alunos colocaram dentro dessa caixa foi o racismo e os problemas do bullying que eles sofrem dentro da escola, nas ruas”, disse orgulhosa a professora de sociologia Walkyria Santos.  
A decoração da unidade contou com desenhos de figuras negras, produzidos pelos próprios alunos. Os trabalhos manuais feitos pelos estudantes ficaram expostos em uma mesa, onde era possível encontrar artesanatos e bijuterias, além de livros relacionados à cultura africana e afro-brasileira. “A professora da disciplina de português passou um trabalho sobre o Dia da Consciência Negra, com a ideia de trabalhar acessórios que as mulheres africanas usavam, quadros, pinturas, mapa. Nós pesquisamos para saber como fazer e nós mesmo usamos nossa criatividade inspirados na cultura africana”, conta a aluna do 9º ano, Flávia Beatriz Ferreira, de 15 anos.
“É uma data muito especial. Isso tudo lembra e traz o retrato dos nossos ancestrais e é algo maravilhoso”, comemora a aluna de 16 anos, Thayssa Melo, antes de sua apresentação. O grupo do 9º ano montou uma coreografia da canção “Ginga”, da cantora Iza. Ana Clara Brito, de 14 anos, que também faz parte do grupo, conta que “é uma experiência muito boa para relembrar o que todos passaram. A gente está aqui para não só homenagear nós mesmos, mas todos os que lutaram por nós, que marcaram a história”.
As apresentações foram montadas pelos próprios alunos, como Emilly Araújo, do 8º ano, que escreveu a apresentação de sua turma. “Eu escrevi tudo e é muito bom a gente mergulhar e conhecer um pouco da nossa história. Esse dia é importante porque isso vai dar uma conscientização principalmente para as crianças pequenas da nossa escola”, conta a garota de 14 anos.
A aluna Kalynne Paula Barros, de 13 anos, conta que a oportunidade trouxe um senso maior de respeito. “Fiz um trabalho sobre os valores civilizatórios afro-brasileiros e achei uma experiência bem interessante, por que eu tive a oportunidade de me aprofundar nos assuntos, eu aprendi que nós devemos respeitar, não só os negros, mas toda diversidade que existe na sociedade”, relatou a aluna do 8º ano.
Do 7º ano, Gabriel Paixão, de 14 anos, cantou a música “Batuque”, de Daniela Mercury, e deixou seu recado de valorização do negro. “Eu penso que sou um deles, eu já sofri bullying na escola também. Essas apresentações, os cantos aqui na escola acabaram com o bullying e agora eu estou livre. Nós precisamos do nosso dia porque nós ainda sofremos muitas coisas”, avalia o garoto.
A exibição que encerrou o evento, “Cota não é esmola”, reuniu duas turmas do 9º ano com atuação, canto, dança, apresentação de índices relacionados à violência com o jovem negro e a importância das cotas para essa população. Joseph Leal, de 14 anos, explica que o objetivo da apresentação é falar o significado e o porquê das cotas. “Já que nós somos alunos do 9º ano e no ano que vem vamos passar para o 1º ano, daqui a dois ou três anos nós vamos prestar o Enem e nós queremos esclarecer e passar esse conhecimento referente às cotas raciais”, disse.
O evento já é tradicional na escola e muito esperado pelos alunos. “Esse dia é extremamente importante para todas as lutas. Todas as lutas têm que ser lembradas. O dia da Consciência Negra é importante não só para os negros, mas para todas as pessoas que lutam por uma igualdade”, completa Joseph.
Por Vanessa Pinheiro

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