Rio -  Os serviços para os motoristas que queriam fraudar o Detran custavam de R$ 100 a R$ 1 mil, de acordo com tabela de propinas estabelecida por funcionários do órgão em postos de São Gonçalo, Magé, Itaboraí, na Região Metropolitana, e Campos, no Norte Fluminense.


Segundo a Corregedoria do órgão, Polícia Civil e Ministério Público, a quadrilha acusada de cometer os crimes foi desmontada.
 

Trinta e oito pessoas acabaram presas nesta terça-feira, sendo 25 mulheres. Cerca de 150 motoristas, chamados de "clientes" pelos falsários, que retiraram documentos com o bando, estão identificados, vão prestar esclarecimentos e podem até responder criminalmente.
Mulheres presas durante a operação chegando à Acadepol | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Mulheres presas durante a operação chegando à Acadepol | Agência O Dia
O bando agia desde junho de 2009 e recebia com as falsificações cerca de R$ 200 mil por mês. Além de um tabela de preços, o grupo contava com catálogo de clientes, a quem ofereciam os serviços.


A quadrilha fazia fogueiras com documentos falsos — restos de papéis foram encontrados nesta terça-feira. Despachantes legalizados e "zangões" (ilegais) faziam o elo entre motoristas e funcionários do Detran.


 
Entre os crimes, estavam a "vistoria fantasma", quando carros não iam nos postos para a revisão anual, e a transferência de veículos para falsos proprietários.
Operação Asfalto Sujo tem como objetivo cumprir 41 mandados de prisão e 67 de busca e apreensão nos postos do Detran | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Operação Asfalto Sujo tem como objetivo cumprir 41 mandados de prisão e 67 de busca e apreensão nos postos do Detran 
“Identificamos um carro que estava no depósito do Detran há um ano e constava como vistoriado”, contou o promotor Luís Augusto Andrade.

Numa casa, em São Gonçalo, foram encontrados documentos do Detran dentro de geladeira. Também havia formulários com notas de dinheiro presas. Chefe do Posto de Vistoria Campos I, o PM João Acácio Filho foi capturado. Suelem de Souza Blanco dos Santos, certificadora do Detran e apontada como líder do bando, está foragida.
Foto: Divulgação
Havia formulários com dinheiro |Foto: Divulgação
A Justiça expediu 41 mandado de prisão e 67 de busca e apreensão. Quatro suspeitos continuam foragidos, e um foi pego em flagrante. A operação "Asfalto Sujo" foi deflagrada após investigação de seis meses e reuniu integrantes da Corregedoria do Detran, promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP e policiais civis.

Termos e preços da tabela


Pulo ou reto - Dados falsos de uma terceira pessoa no procedimento de compra e venda de carros: R$ 100 a R$ 1 mil.



Golpe do R - Serviço de transferência de propriedade do carro sem o reconhecimento de firma do comprador ou vendedor: R$ 200.



Fantasma, No Escuro ou Apagão - Retirada de documentos sem a presença do veículo no posto do Detran: R$ 150 para licenciamento anual (registro do carro); e R$ 200 para CRV (documento de compra e venda do carro).


Ruim - Extravio de documentos: R$ 400.

Montagem - Falsificação de selos da Corregedoria -Geral de Justiça: R$ 300.



Assinatura - Despachantes ou zangões assinavam recebimentos de documentos do carro que deviam ser entregues ao proprietários dos veículos: R$ 350.



Número CSV - Irregularidade para burlar vistoria anual do Inmetro de veículos movidos a GNV: R$ 100.



‘Química’ - Funcionários apagavam dados do CRV com a ajuda de profissionais que usavam produtos químicos. O documento rasurado era aceito sem contestações e sem a validação da chefia do posto: R$ 400.



Vistoria - Passar sem vistoria de itens como pneus e extintor: R$ 100.