Apresentadora teve uma parada
cardiorrespiratória na manhã deste sábado
RIO - Aos 83 anos, a apresentadora Hebe Camargo morreu após ter uma
parada cardiorrespiratória neste sábado, em São Paulo. Segundo
informações da família, ela foi encontrada morta por um segurança em sua
residência, por volta de 10h da manhã. O corpo de Hebe acaba de chegar
no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde será velado a
partir das 19h. Na primeira hora, o velório será restrito a familiares e
amigos. Depois desse período, será aberto para os fãs. O enterro será
no domingo às 9h30m, no cemitério Gethsemani, no Morumbi.
-
Ligaram para ela, e ela não atendeu. Decidiram ligar para um dos
seguranças e pediram a ele que fosse ver o que estava acontecendo -
disse o adestrador Ivan Carlos Costa Oliveira, que cuidava dos cachorros
da casa da Hebe, no Morumbi.
Segundo o oncologista Sérgio Simon,
um dos médicos que a acompanhava, o estado de saúde da apresentadora
piorou muito na última semana. Ainda assim, ela preferiu ficar em casa a
se internar novamente.
- Ela não conseguia mais se alimentar,
estava vivendo à base de soro. Há uma semana ficou pior, o rim estava
parando. Foi uma escolha dela, dos médicos e da família de ficar em casa
nesse momento - esclareceu Simon.
Um dos maiores ícones da TV
brasileira, Hebe Camargo já havia sido hospitalizada em março deste ano,
quando retirou um tumor no intestino. Em 2010, ela passou por cirurgia e
quimioterapia após ser diagnosticada com câncer no peritônio, membrana
que envolve os órgãos do aparelho digestivo.
Em junho,
apresentadora passou por uma cirurgia de retirada da vesícula. Um mês
depois, ficou internada por cinco dias para realizar exames de rotina.
Na última semana, assinou novo contrato com o SBT, após passar pela Rede
TV.
Infância difícil
Filha de Sigesfredo e
Ester Camargo, Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani nasceu no dia 8
de março de 1929, na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo. Aos 6
anos, se mudou para a capital paulista ao lado dos pais e dos seis
irmãos mais velhos. A infância foi bastante difícil, realidade que levou
Hebe a estudar somente até a quarta série do ensino fundamental. Para
ajudar na renda familiar, trabalhava como doméstica na casa de um
parente. “Não tive faculdade. Não tive o direito de estudar. Isso é uma
coisa que considero triste na minha vida”, declarou ela, em entrevista a
Marília Gabriela, no GNT.
Hebe começou a flertar com a carreira
artística aos 11 anos, participando de programas de calouros em
emissoras de rádio. Na época, chegou a formar a dupla Rosalinda e
Florisbela com uma das irmãs, Stella. Aos 15, conhecida sob o apelido de
“Moreninha do Samba” — referência a cor escura e natural de seus
cabelos —, ela gravou seu primeiro disco, um 78 rotações com duas
músicas. Hebe, então, começou a trabalhar nas rádios Tupi e Difusora,
ambas em São Paulo. Pelo sucesso, chegou a ser convidada por Assis
Chateaubriand para cantar o “Hino da Televisão”, no início das
transmissões da TV, em 1950. Mas, passou a bola para a amiga Lolita
Rodrigues.A carreira como apresentadora começou na mesma déca-da, com
sua ida para a TV Paulista.
'Não nasci para depender de homem'
A
estreia aconteceu em 1953 no programa “Musical Manon”, quando
substituiu o titular Roberto Corte Real. Em 1957, já com os cabelos
louros que viriam se tornar sua marca registrada, ela começou a
apre-sentar “O mundo é das mulhe-res”, dirigido e produzido por Walter
Foster. A partir daí, sua trejetória ganhou outra dimen-são e ela logo
se tornou um ícone de popularidade. No entanto, em 1964, ela optou por
dar uma pausa. O motivo foi o casamento com o empresário Décio Capuano,
pai de seu único filho, Marcello, nascido de 20 de setembro de 1965.
“Não aguentei, fiquei dois anos em casa e voltei à TV. Não nasci para
depender de homem”, afir-mou para o Jornal Extra, em março de 2009,
quando completou 80 anos.
No retorno, Hebe passou a apresentar o
dominical “Hebe Camargo”, na TV Record. Durante a Jovem Guarda, recebeu
gente como Martinha, Ronnie Von e Roberto Carlos, de quem se tornou
grande amiga e fã declarada. O ano de 1971 marcou o fim de seu casamento
com Décio. Porém, dois anos depois, ela começou a sair com Lélio
Ravagnani, empresário do setor de máquinas operatrizes. O casal ficou
junto até 2000, ano da morte de Lélio. Viúva, ela dizia que nunca mais
namorou ninguém. “Sinto falta, sou beijoqueira”, confessou na mesma
entrevista ao Jornal Extra.
Entre as décadas de 1970 e 1980, Hebe
passou por quase todas as emissoras de TV do Brasil. Em novembro de
1985, passou a integrar o elenco do SBT, a convite do próprio Silvio
Santos. No dia 4 de março de 1986, entrou no ar o “Programa da Hebe”,
que foi exibido até dezembro de 2010. Bem-humorada, a apresentadora
cultivava o hábito de dar “selinhos” em seus convidados, mania que
começou após uma brincadeira da cantora Rita Lee. “Ela me deu um selinho
durante o programa e a moda pegou”, contou Hebe, ainda na matéria para o
Jornal Extra.
Campanha para Paulo Maluf
Em
seu sofá, no SBT, ela recebeu cerca de 6000 convidados de todos os
patamares e, por sua popularidade, foi convidada diversas vezes a tentar
a carreira política. Mas sempre recusou. “Tem que nascer para isso”,
justificou durante entrevista para O GLOBO, em fevereiro de 2009.
Contudo, a apresentadora nunca escondeu suas bandeiras políticas. Amiga
de Paulo Maluf durante anos, chegou a se filiar ao Partido Progressista
Brasileiro (PPB) e nunca cobrou cachê pela sua parti-cipação nas
campanhas do paulistano. Em várias entrevistas à imprensa, Nicéa Pitta,
ex-mulher do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, chegou até a acusar
Hebe e Lélio de participar do esquema de corrupção do governo malufista.
“Minha amizade com os Maluf terminou”, declarou ela, em entrevista para
O GLOBO, em março de 2008.
Em 2011, Hebe trocou o SBT pela RedeTV!. A saída de Hebe da casa onde permaneceu por quase 25 anos, foi causada pelos constantes mudanças de horário de seu programa e também por uma questão salarial. Em sua estreia à frente do “Hebe”, em 15 de março, ela foi até o Palácio da Alvorada, em Brasília, entrevistar a presidente da República, Dilma Rousseff.
Em 2011, Hebe trocou o SBT pela RedeTV!. A saída de Hebe da casa onde permaneceu por quase 25 anos, foi causada pelos constantes mudanças de horário de seu programa e também por uma questão salarial. Em sua estreia à frente do “Hebe”, em 15 de março, ela foi até o Palácio da Alvorada, em Brasília, entrevistar a presidente da República, Dilma Rousseff.
Luta contra o câncer
A
notícia da doença de Hebe foi revelada em janeiro de 2010. Após se
submeter a uma laparoscopia — cirurgia feita por meio de pequenos cortes
e com o auxílio de câmeras —, ela foi diagnosticada com um tumor
primário de peritônio, membrana que envolve os orgãos do sistema
digestivo. Hebe ficou internada durante 12 dias e passou a fazer sessões
de quimioterapia de três em três semanas. Em abril, sua assessoria
informou que ela estava curada da doença. Mas, em setembro do ano
passado, Hebe começou um novo tratamento contra o câncer. Segundo ela,
apenas preventivo. “Não estou doente, apenas continuo me tratando para
ficar muito mais tempo com vocês ainda”, afirmou ela, durante a gravação
de seu programa.
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