As polícias civil e militar ocupam, desde o final da madrugada desta
sexta-feira, o Morro Santo Amaro, no Catete. Nenhum tiro foi disparado,
e após cerca de 20 minutos os policiais já consideravam a favela
ocupada. Ninguém foi preso e alguns usuários de crack foram recolhidos.
O objetivo é ocupar a comunidade para a entrada de 150 homens da Força
Nacional, que permanecerão por tempo indeterminado no local para que a
Secretaria municipal de Assistência Social (SMAS), instale na
comunidade um projeto piloto para atender usuários de crack que se
espalham pelas ruas do bairro, além de Glória, Flamengo e Botafogo. Com
200 assistentes sociais, psicólogos e educadores, o posto é parte do
convênio assinado em dezembro do ano passado com o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, dentro da campanha “Crack, é possível vencer”, do
governo federal.
"A droga passou a atingir mais pessoas, de diversos
perfis, o que demanda uma ação integrada. Vamos instalar um posto
permanente no Santo Amaro, atendendo usuários e assistindo seus
parentes", afirmou o secretário municipal de Assistência Social,
Rodrigo Bethlem, coordenador do projeto no Rio.
No Morro Santo Amaro, vivem 1.500 famílias
(aproximadamente cinco mil pessoas), das quais 473 recebem auxílio em
programas dos governos federal (Bolsa Família) e municipal (Família
Carioca). Um contêiner ficará na parte baixa da favela e dois serão
instalados no alto. O atendimento será estendido a toda a região.
Segundo a secretaria de Assistência Social, o Santo Amaro é umas das 11
cracolândias da cidade do Rio de janeiro. Equipes da SMAS instalarão
três contêineres no alto do morro e em um dos acessos à comunidade. O
projeto prevê que psicólogos, assistentes sociais e educadores do
município trabalhem 24 horas. Participam da ocupação, homens do 2º BPM
(Botafogo) e as Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente
(DPCA), de Combate às Drogas (DCOD), da Criança e Adolescente Vítima
(DCAV), além da 9ª DP (Catete).
"A Força Nacional permanece no local por prazo
indeterminado e nós também. Vamos levar saúde e assistência social a
uma região carente. Teremos equipes volantes agindo no morro e no
asfalto. Vamos recolher as crianças e os adolescentes, levando-os para
as nossas casas de acolhimento. E convidaremos os adultos", disse
Bethlem.
A presença de policiais da Força Nacional num
programa de saúde é parte do projeto, que prevê, além de ações de
saúde, operações de segurança e de inserção social.
"Já estamos encontrando nas ruas pessoas de classe
média dependentes de crack, mas a grande maioria dos usuário é pobre e
tem baixa escolaridade. Cinquenta por cento deles são de fora do Rio:
vieram dos municípios da Região Metropolitana, do interior, de cidades
que ainda não têm um programa de tratamento", observou o secretário
municipal.
O convenio da prefeitura e do Ministério da Saúde
envolve também ações do governo estadual. Serão criados no estado 427
leitos e qualificados outros 71 (totalizando 498) em enfermarias
especializadas em pacientes dependentes de álcool e drogas. Esses
leitos serão destinados a internações de curta duração. Além disso,
haverá 77 novas unidades de acolhimento, sendo 57 destinadas ao
atendimento de adultos e 20 para crianças e adolescentes. A previsão é
de um investimento total, segundo Bethlem, de R$ 40 milhões em toda a
cidade.
No programa estão previstas ainda ações de segurança
pública, com operações policiais concentradas nas divisas do estado e
em cracolândias, onde serão instaladas câmeras. Segundo o ministro da
Justiça, a ideia é identificar e prender quadrilhas de traficantes. O
Rio receberá cem câmeras, cinco bases móveis de videomonitoramento, 15
veículos e 200 profissionais de segurança pública. O total de
investimento federal nesse sistema será de cerca de R$ 9 milhões.
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