A FUNDAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
28 FEV 2015
A entrada da Baía de Guanabara devia ser uma verdadeira “Babibônia de águas e ilhas”, como imaginou o historiador Varnhagen sobre a geografia da região no final do século XVI. A frota comandada por Estácio de Sá chegou na guanabara no dia 28 de fevereiro de 1565, e seus navios eram castigados por uma chuva intensa que esteve presente ao longo dos primeiros dias da empreitada. Com a missão de construir um povoado no coração do território tamoio, onde habitavam indígenas inimigos dos portugueses, a localização ideal para a instalação do arraial era uma grande preocupação do capitão Estácio.
Em uma posição estratégica favorável, Estácio de Sá escolheu um istmo da península de S. João, uma faixa de terra à sombra do monte conhecido como Pão de Açúcar para ser o local de fundação do novo povoado. Ali, no dia 1º de março de 1565, Estácio ordenou que se erguesse uma cerca que seria o núcleo inicial da muy leal e heróica cidade de São Sebastião.
“(…) começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar madeira para a cêrca”, relata o jesuíta José de Anchieta, que acompanhava a missão. Ainda sob forte chuva, os primeiros colonizadores passaram o primeiro dia cortando madeira e retirando o mato. Ainda segundo o jesuíta, “ocupando-se cada um em fazer o que lhe era ordenado por ele (Estácio), a saber: cortar madeira, e acarretá-la aos ombros, terra, pedra, e outras cousas necessarias para a cêrca, sem haver nenhum que a isso repugnasse; desde o capitão-mór até o mais pequeno todos andavam e se ocupavam em semelhantes trabalhos”.
A chuva que caía inclemente foi interpretada pelos homens de Estácio como um sinal de ajuda divina, já que não havia água boa perto do cercado. O grande volume de água era o suficiente para abastecer o povoado ao longo das próximas semanas. “(…) e porque naquele lugar não havia mais que uma legua de ruim água, e esta era pouca, o dia que entrámos choveu tanto que se encheu, e rebentaram fontes em algumas partes, de que bebeu todo o exercito em abundancia, e durou até que se achou água boa num poço, que logo se fez; (…) e se vão firmando mais na vontade que traziam de levar aquela obra ao cabo, vendo-se tão particularmente favorecidos da Divina Providencia”, relata Anchieta em carta ao Provincial de Portugal.
Preocupado com os futuros ataques dos tamoios, o cercado logo se transformou em um abrigo murado. À essa povoação deu Estácio de Sá o nome de São Sebastião, em homenagem ao santo patrono do Rei de Portugal.