Vice-presidente Michel Temer e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) entregam aos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, respectivamente, mensagem com pedido de convocação do plebiscito ao Congresso |
Mesmo diante da resistência de aliados, o governo federal encaminhou ao
Congresso nesta terça-feira (2) a mensagem para o plebiscito da reforma
política com temas polêmicos, que dividem e trazem desgaste aos
parlamentares.
A lista de sugestões de Dilma Rousseff para a consulta popular inclui
financiamento de campanha (público, privado ou misto), o tipo de sistema
eleitoral com voto proporcional ou distrital, o fim das coligações
partidárias, o fim da suplência de senador e também o fim do voto
secreto no Congresso.
As sugestões foram levadas ao Congresso na manhã desta terça pelo
vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o ministro José Eduardo Cardozo
(Justiça). Questionados se o plebiscito sai ainda este ano e se as
mudanças vão valer para as próximas eleições, no ano que vem, eles
disseram que caberá aos deputados e senadores decidirem.
No Congresso, contudo, há muita resistência em fazer a reforma eleitoral
por meio de um plebiscito. Ontem, numa reunião na casa do presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou claro que o PMDB na Câmara vai
se colocar contra o plebiscito. O líder do partido na Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), avisou que vai sustentar a posição que contraria o
governo federal.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), já levou à
presidente Dilma a sugestão de criar uma comissão especial dentro do
Congresso para discutir a reforma sem a necessidade de realizar um
plebiscito.
Renan Calheiros disse à Folha que não tem condição, nesse momento, de
avaliar se a proposta terá dificuldade de tramitar. Ele também não está
convencido de que a comissão especial é a melhor forma de tirar a
reforma do papel. "O que ajudar fazer a reforma, conte comigo. Tem que
compatibilizar o calendário da tramitação ao tempo da política", disse.
Para o ministro José Eduardo Cardozo, as pessoas, se bem informadas, têm
condição de participar do plebiscito. "É elitista pensar que o povo não
sabe votar em plebiscito", disse.
Antes de entregar as sugestões do governo para os presidentes da Câmara e
do Senado, Cardozo leu os principais pontos sugeridos pelo governo.
Além de discussões antigas, como o tipo de financiamento e de sistema
eleitoral, o governo incluiu temas polêmicos dentro do próprio Congresso
como o fim do voto secreto na Câmara e no Senado e o fim da suplência
de senador --hoje, os eleitores votam apenas no senador, sendo que o
suplente é escolhido pelos candidatos e não passam pela seleção dos
eleitores.
Sérgio Lima/Folhapress
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