“É absurdo impedir livre trânsito de pessoas”, afirma Dilma na ONU sobre refugiados
“A profunda indignação provocada pela foto de um menino sírio morto nas praias da Turquia e pela notícia sobre as 71 pessoas asfixiadas em um caminhão na Áustria deve se transformar em ações inequívocas de solidariedade prática. Em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”, afirmou a presidenta em Nova Iorque.
Dilma defendeu uma reforma abrangente do Conselho de Segurança, ampliando membros permanentes e não permanentes, tornando-o mais representativo, legítimo e eficaz. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Ela reiterou a disposição do Brasil de acolher refugiados e disse que o país está “de braços abertos” para receber os que queiram trabalhar e viver em paz.
A presidenta lembrou que o mundo assiste à expansão do terrorismo e convive com a multiplicação de conflitos regionais, alguns com alto potencial destrutivo, o que mostra que “a ONU está diante de um grande desafio”.
Dilma avaliou que a instituição não conseguiu obter no tema da segurança coletiva mundial,“questão que esteve na origem da Organização e no centro de suas preocupações”, o mesmo êxito que obteve em outros assuntos.
“Esse inquietante pano de fundo nos impõe uma reflexão sobre o futuro das Nações Unidas e nos exige agir concreta e rapidamente. Necessitamos uma ONU capaz de fomentar uma paz sustentável no plano internacional e de atuar com presteza e eficácia em situações de guerra, de crise regional localizada e de quais quer atos contra a humanidade”, exortou.
Para tanto, a presidenta cobrou a reforma do Conselho de Segurança da ONU, e disse que a maioria dos países não quer o “adiamento eterno dessa questão”.
“Para dar às Nações Unidas a centralidade que lhe corresponde é fundamental uma reforma abrangente de suas estruturas. Seu Conselho de Segurança necessita ampliar seus membros permanentes e não-permanentes, para tornar-se mais representativo, mais legítimo e eficaz. A maioria dos Estados–membros não quer que uma decisão a esse respeito possa ser eternamente adiada”.
Ações destrutivasDilma condenou veementemente a ação destrutiva de grupos radicais, em especial o Estado Islâmico, e disse que essa questão se relaciona diretamente à dos refugiados. “Não se pode ter complacência com tais atos de barbárie, como aqueles perpetrados pelo chamado Estado Islâmico e por outros grupos associados. Esse quadro explica, em boa medida, a crise dos refugiados pela qual passa atualmente a humanidade”.
A presidenta declarou que “grande parte dos homens, mulheres e crianças que se aventura nas águas do Mediterrâneo e erra penosamente nas estradas da Europa provem do Oriente Médio e Norte da África” o faz a partir de lugares “onde países tiveram seus estados nacionais desestruturados por ações militares ao arrepio do Direito Internacional, abrindo espaço para a proliferação do terrorismo”.
Palestina, Cuba e IrãAo abordar os conflitos internacionais, a presidenta tratou da questão palestina e sustentou que“não se pode postergar, por exemplo, a criação de um Estado Palestino, que conviva pacífica e harmonicamente com Israel. Da mesma forma, não é tolerável a expansão de assentamentos nos territórios ocupados”, enfatizou.
No discurso, ela ainda destacou avanços diplomáticos, como os recentemente ocorridos nas relações entre os Estados Unidos e Cuba. “Nossa região – onde imperam a paz e a democracia – se regozija com o estabelecimento de relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, que põe fim a um contencioso derivado da Guerra Fria. Esperamos que esse processo venha a completar-se com o fim do embargo que pesa sobre Cuba”.
Dilma também afirmou celebrar “o recente acordo logrado com o Irã, que permitirá a esse país desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos e devolver a esperança de paz para toda uma região”.
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