domingo, 3 de maio de 2020

Uma saída difícil

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*por Claudia Queiroz
Sabe aquela expressão: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come?” Nosso país está exatamente assim, só que o drama da pandemia está posto na figura do presidente Bolsonaro. Economia x Saúde. População de baixa renda em risco de passar fome. Muitos de nós nos endividando ou perdendo empregos diante da orientação de mantermos quarentena. A economia na iminência de desabar!
Quantas crianças brasileiras garantem suas refeições frequentando escolas púbicas? Mas se estão todas fechadas, como elas fazem agora? Pais de família em casa, impedidos de trabalhar… E o sustento do lar? Saia justa geral, porque a essa altura, tanto faz ser rico ou pobre para ser infectado pelo COVID-19.
Quem trabalha na área da saúde sabe o drama… Aprenderam a se cuidar e, mesmo assim, estão sendo infectados pelo coronavírus, que promete galopar os números nos próximos dias.
Não há escapatória. O vírus está aqui, ali, em todo lugar. Infelizmente tantos jornalistas jogam lenha nesta fogueira, usando técnicas de manipulação de informação para gerar pânico e desgastar a imagem do atual governo.
A culpa não é do Bolsonaro, é da China! Mesmo sabendo que o vírus existe no mundo há milhares de anos e que passa por mutações frequentes, a última aparição foi no oriente. Só que a irresponsabilidade na gestão desta crise lá no país onde se comem morcegos eclodiu para o mundo e iniciou a devastação de vidas que estamos assistindo, de braços cruzados.
Vou fazer um paralelo com uma situação particular. No final do ano houve um vazamento no banheiro de um apartamento de minha propriedade, que está alugado. Até hoje não posso dizer a origem do estrago, porque nenhum cano foi rompido, mas a mangueira da ducha higiênica estourou. O inquilino estava viajando quando isso aconteceu. Passou duas semanas fora, o que dificultou calcular exatamente o tempo de duração antes da confusão. Era o último dia do ano e eu também estava fora da minha cidade. Me ligaram da portaria avisando que havia água ‘brotando’ pela porta de serviço…
O morador de baixo foi chamado para voltar do litoral, onde passaria o réveillon. O teto do banheiro do imóvel dele estava desabando. As roupas do armário encharcadas, assim como eletrônicos, piso e etc. Por causa do volume de água, o apartamento abaixo do dele também foi danificado. Assim como o seguinte, que também somou no prejuízo. Gastos estimados em torno de 5 dígitos…
Culpa de quem? Eu não estava lá, o inquilino também não. Mas, se eu não tomasse as providências para minimizar os danos, provavelmente ganharia de presente um ou mais processos judiciais. A orientação jurídica da imobiliária era de dividir essa despesa com meu inquilino, uma vez que o estrago seria evitado se ele estivesse no imóvel. Uma espécie de coparticipação responsável. Ou seja, aos primeiros sinais de vazamento, o registro seria fechado, a peça trocada e começaríamos o ano bem felizes. Mas não foi isso que aconteceu. Nem no meu caso, nem lá na China. Por isso me dou o direito de colocar parte desta conta nas costas dela.
Ao que tudo indica, não houve uma sabotagem mundial com intenção de acabar com x% da população. Mas houve, na minha opinião, omissão, falta de responsabilidade, negligência do lado de lá… Nada disso teria essa proporção se, assim como no meu apartamento, os danos tivessem sido contidos nos primeiros sinais.
Sei que não há preço para as vidas perdidas, mas se há necessidade de manter a população em casa por um período, tanto o governo brasileiro quanto o Chinês devem subsidiar com assistência, isenção fiscal, cesta básica e proteção.
Mas não é o que está acontecendo. Nosso presidente, mesmo cercado de técnicos competentes, sofre para manter o país na direção correta. Afinal, ninguém tem todas as respostas. E o pior, com torcida para ele se queimar. Não é comédia. É trágico! Quando existem mortes envolvidas, só há perdedores.
Dia desses, recebi um vídeo em que perguntavam para uma pessoa um número razoável de mortes no Brasil pelo coronavírus. O rapaz respondeu 70. A gravação estava sendo feita numa estação de metrô. De repente, 70 pessoas vieram na direção dele. O detalhe é que havia uma comissão de frente naquela multidão, composta pela esposa, filhos, parentes e amigos dele, supostamente escolhidos para morrer. Ele se emocionou. Eu também. Empatia, pessoal. E se fosse com você, que significado isso teria?
Claudia Queiroz é jornalista.

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