Documentação inédita revela jornal mais antigo de Macaé
Os pesquisadores do Solar dos Mellos, da Fundação Macaé de Cultura, que atuam no Projeto Macaé em Fontes Primárias, descobriram recentemente um novo periódico que pode ser o primeiro jornal do Município. Trata-se de um periódico cujo título é "O Macahense" e se dizia literário, agrícola e comercial. Era de propriedade de Joaquim Silva Tavares e publicado num formato tabloide. O jornal circulava às quintas-feiras e aos domingos e tinha a sua oficina situada na antiga Rua Formosa (atualmente Teixeira de Gouveia), número 9. A edição encontrada é a de nº 42, publicada no dia 24 de novembro de 1861, como um anexo do Processo de Falência envolvendo os dotes de José Antonio Vianna e José Quintella de Miranda no ano de 1861.
A descoberta de "O Macahense" pode levar a uma revisão e a um novo conhecimento da História da Imprensa Macaense. Fato que, até então, só fora revelado nos estudos de memorialistas e historiadores macaenses como Godofredo Tinoco e Antonio Alvarez Parada, que apontavam como mais antigo periódico em circulação no Município o jornal "O Monitor Macaense", editado em 1862. Para além dos estudos de Tinoco e Parada, não se tinha notícia sobre documentos que fundamentassem as origens da história da imprensa em Macaé e, ainda hoje, é ínfimo o conhecimento a respeito da tipografia macaense.
O acesso a este processo só foi possível devido à dedicação da equipe de pesquisadores do Solar dos Mellos e do projeto Macaé em Fontes Primárias, que vem sendo desenvolvido pela Vice-Presidência de Acervo e Patrimônio Histórico/ Fundação Macaé de Cultura e pelo Solar dos Mellos - Museu da Cidade de Macaé desde de 2006. A datar do ano 2013, a documentação pertencente aos Cartórios de 1º e 2º Ofícios de Notas vem sendo identificada, higienizada e catalogada pelos estagiários William Euclides Santos da Silva (graduando em Ciências Sociais), Rodrigo Gomes Barcelos (graduando em História), pelo servidor/ gestor de projetos Leonardo Barreto e sob a coordenação técnica da servidora e arquivista Juliana Loureiro Alvim Carvalho. O projeto é coordenado por Gisele Muniz dos Santos Cautiero, historiadora e vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico, e pela professora e historiadora Conceição Franco.
De acordo com Gisele Muniz, o cuidado com esta documentação está a cargo de uma equipe multidisciplinar e é um trabalho minucioso que requer muita atenção e cuidados especiais. Como resultado da atuação e do trabalho, já foram identificados mil e seiscentos e nove processos criminais e cíveis. Ainda resta identificar cerca de cinco mil processos em via de tratamento. "Para que possamos disponibilizar esta documentação para pesquisa, antes é preciso realizar alguns procedimentos básicos como o levantamento de tipologias documentais por meio de planilha eletrônica", explicou.
Juliana Loureiro Alvim Carvalho, arquivista responsável pelo tratamento técnico desta documentação, ressalta que a importância de se concluir algumas das atividades arquivísticas justifica-se pela necessidade de criar instrumentos de pesquisa. Mesmo não concluídas algumas das etapas que envolvem o processo arquivístico, o acervo em questão poderá ser liberado à consulta. Ainda segundo Juliana, neste ano de 2014 esta documentação foi disponibilizada para estudos de genealogistas que buscavam comprovar cidadania europeia. "Durante o nosso trabalho, deparamo-nos com processos dotados de grande valor permanente para o Município e, até mesmo, para o nosso país", comentou.
- Por tudo isso que foi exposto, gostaria de reafirmar a relevância do tratamento desta documentação jurídico/cartorária pelo fato da mesma ser, em grande parte, inédita. Acontecimento que, por si só, denota a importância em priorizar a sua conservação. O acesso para o estudo dessas fontes permitirá conhecer melhor a História de Macaé e Região -, complementa Conceição Franco.
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