Presidente da Firjan: Lava-Jato vai demitir 1 milhão em 2015
22 de abril de 2015
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Sob o impacto da Operação Lava Jato a economia brasileira deve perder um milhão de empregos e o PIB encolher R$ 87 bilhões neste ano de 2015 - segundo estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Centro de Estudos de Desenvolvimento & Educação (CEDES), da Universidade de Campinas, citado na última segunda-feira (20/4) pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Gouveia Vieira, em artigo assinado publicado no jornal “O Globo”.
“É hora de uma discussão ampla sobre as medidas que podem ser adotadas para minimizar os efeitos que a Operação Lava Jato está acarretando sobre os investimentos e os empregos”, argumentou o empresário, frisando que uma coisa é punir corruptores e, outra, “permitir que empresas quebrem e arrastem com elas os empregos de milhões de brasileiros”. O jornal "O Estado de São Paulo", fala em mais de 200 mil demissões já, de setembro para cá, paralisando obras por todo o país.
Gouveia Vieira não abordou, porém, outro ponto crucial: grupos estrangeiros estão avançando céleres sobre os negócios que as grandes empresas nacionais de engenharia estão sendo obrigadas a deixar de lado na tentativa de sobreviver a Lava Jato do juiz Sergio Moro, dia e noite martelado pelos meios de comunicação como espetáculo – sem levar em conta os prejuízos sociais e econômicos provocados pelas demissões e a paralisação das grandes obras de infraestrutura vitais para o desenvolvimento do país.
Segundo o presidente da Firjan, 25 grandes empresas brasileiras especializadas em obras de infraestrutura estão com problemas graves desde que a Petrobras, no final do ano passado, na esteira do escândalo, decidiu interromper ou questionar contratos com elas.
O levantamento da Firjan mostrou que neste pequeno universo de empresas, todas brasileiras, estão as 13 maiores construtoras do país responsáveis por 109 obras de infraestrutura entre elas duas gigantescas refinarias estratégicas para o Brasil abastecer o mercado interno e exportar derivados de petróleo; duas plantas de fertilizantes e a construção de 31 embarcações em 18 estaleiros. Ao todo, segundo a Firjan, são 144 grandes empreendimentos que, somados, representam R$ 420 bilhões em investimentos.
O estudo detalha ainda que “a paralisia econômica terá como contrapartida a queda expressiva na arrecadação de tributos e contribuições sociais, justamente quando se discute a melhoria nas contas públicas”. Ainda de acordo com a FGV e o CEDES, só este ano, R$ 5,7 bilhões em impostos deixarão de ser recolhidos.
Na opinião de Gouveia Vieira, “é hora de uma discussão ampla sobre as medidas que podem ser adotadas para minimizar os efeitos que a Operação Lava-Jato poderá acarretar sobre investimentos e empregos”.
Ele acrescentou:
“Aos olhos da opinião pública, sempre parecerá contraditório o discurso de que é preciso salvar empresas envolvidas em denuncias de corrupção. Mas é esse o ponto. Isso precisa ser dito com coragem e sem hipocrisia. Uma coisa é punir dirigentes ou executivos corruptores, outra bem diferente é permitir que empresas quebrem e arrastem com elas os empregos de milhões de brasileiros. O que está questão é evitar a paralisia do Brasil. É o Brasil que não pode quebrar”, argumentou, propondo que o Congresso, em regime de urgência, aprove uma nova legislação “que redesenhe o relacionamento entre as empresas e o poder público”.
A Operação Lava Jato, segundo o site 247, “criou um cenário de caos e desolação na área da infraestrutura no país”, além de provocar brutal desnacionalização do setor devido ao que chamou de “grande feirão” para venda à multinacionais de concessões de aeroportos, portos, rodovias, empresas de saneamento e estaleiros, neste início de ano.
Segundo o 247, as empresas de construção pesada do país estão enfrentando sérias dificuldades desde o ano passado quando a Petrobrás suspendeu contratos com as empresas acusadas, pelo juiz Moro, de fraudar contratos e desviar dinheiro público.
Exatamente por isto, elas estão se desfazendo de negócios para tentar saldar dívidas milionárias. No mês de março, segundo dados da multinacional Serasa Experian, foram feitas 75 solicitações de recuperação judicial por empresas em dificuldades - como a Varig fez no passado e acabou fechando por falta, da parte do governo, de uma visão estratégica sobre a aviação comercial brasileira.
Sem dinheiro nem crédito para se capitalizar, a primeira grande empresa afetada pela Lava Jato a pedir recuperação judicial foi a Alumini Engenharia, em janeiro, cujos operários - que atuavam no Comperj, no Rio, e na Abreu e Lima, em Pernambuco – começaram a prostestar por estarem sem salário desde novembro do ano passado.
Eles inclusive fecharam a ponte Rio – Niterói em protesto, o que afetou tráfego no Centro do Rio de Janeiro, para onde se dirigiram, para uma manifestação na porta da sede da Petrobrás, na Avenida Chile. A Alumini alegou dificuldades para receber R$ 1,2 bilhão da Petrobrás.
Outra que entrou com pedido de recuperação judicial foi a Jaraguá Equipamentos Industriais, de Sorocaba (SP), que acumulou dívidas de R$ 500 milhões. Outro Grupo em dificuldade foi o Galvão, comandando por Dario Galvão, preso em Curitiba por ordem de Sergio Moro. Eles alegaram não ter como tocar a duplicação da BR-153, de Anápolis (GO) a Aliança do Tocantins (TO), que deveriam tocar agora a partir de abril – mas faltou folego financeiro.
O Grupo OAS, também em dificuldades, colocou nove de suas empresas em recuperação judicial no inicio do corrente mês de abril, devido a uma divida R$ 8 bilhoes, para tentar se concentrar na construção pesada. Outro que pediu recuperação judicial foi o Grupo Schahin, as voltas com uma divida de R$ 6,5 bilhões e por causa, principalmente “do fechamento dos mercados de crédito nacional e internacional para as atividades das empresas~.
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