terça-feira, 26 de julho de 2016

Palestra sobre experiência de Portugal na gestão de águas residuais atrai grande público

Da Redação - Agência Belém de Notícias - 22/07/2016 09:20

  • / MODELO DE GESTÃO / 22/07/2016 09:20

    O modelo de gestão das águas residuais em Portugal atraiu o interesse de gestores, professores e alunos da área de saneamento.


País de primeiro mundo, Portugal é hoje um grande exemplo de superação no quesito saneamento básico e tratamento de esgoto. Segundo especialistas em engenharia sanitária e ambiental, 10 anos foram necessários para o país conseguir anular os grandes índices de poluição das águas portuguesas na década de 1980. Nos dias atuais, Portugal possui sistemas eficientes de saneamento e uma gestão das águas residuais exemplar.
Simplificando, água residual é aquela de uso comercial, industrial ou doméstico, definida como esgoto, que tem como destino final o meio ambiente. Este assunto foi tema da palestra “Gestão das Águas Residuais: Experiência na Região Metropolitana de Lisboa - Portugal” realizada na manhã desta quinta-feira, 21, no Núcleo de Informática Educativa da Secretaria Municipal de Educação (Nied/Semec).
Promovido pela Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (Amae) e pelo Grupo de Estudos em Gerenciamento de Água e Reuso de Efluentes (Gesa) da Universidade Federal do Pará (UFPA) o evento contou com a presença de membros do Conselho Superior de Administração da Amae/Belém, profissionais, professores, estudantes e gestores da área de saneamento, não somente de Belém como também de Pernambuco e cidade do Porto (Portugal).  
Segundo o professor Neyson Mendonça, coordenador do Gesa/UFPA, um dos principais problemas que o planeta vem enfrentando é a poluição hídrica. Para ele a grande causa desta poluição está na ausência e ou ineficiência de sistemas de tratamento das águas residuais, que acabam retornando ao meio ambiente contaminando e poluindo os recursos hídricos potáveis por não terem recebido um tratamento adequado.
O professor de Mecânica dos Fluidos e Modelagem Ambiental do Instituto Superior Técnico (Portugal), Ramiro Joaquim de Jesus Neves, foi o palestrante e convidado do evento. Ramiro é doutor em Ciências Aplicadas pela Universidade de Liège (Bélgica) e consultor internacional em modelagem computacional hidrodinâmica de bacias hidrográficas.
“O grande desafio que Belém tem hoje dentro da gestão do saneamento é impedir que os esgotos sejam um fator de poluição. Para isso é preciso primeiro interceptar os esgotos, ou seja, a poluição em terra, depois conduzir ao local indicado para se ter um tratamento apropriado e finalmente descartar em uma região adequada”, explicou Ramiro que destacou a primeira fase desse processo como a mais custosa e difícil de atingir.
Os sistemas de esgotamento e tratamento das águas residuais são primordiais para evitar a poluição hídrica. A região amazônica é considerada a maior bacia hidrográfica do planeta, porém, segundo o professor Ramiro, para se ter resultados positivos não bastam  sistemas eficientes, o trabalho como um todo deve ser feito de forma conjunta. A população precisa de uma educação ambiental mais rigorosa, evitar jogar lixo em lugares indevidos e também descartar objetos nos rios. “O cidadão é o mais importante. Cada habitante tem uma pequena responsabilidade dentro deste processo, porém se juntarmos com milhões de outros habitantes isto gera muita responsabilidade, cada um precisa fazer sua parte,” afirma o professor.
Para o diretor-presidente da Amae, Antônio de Noronha Tavares, o principal papel da Agência Reguladora é o de órgão fiscalizador e regulador do operador dos serviços de saneamento. Noronha destacou que as instituições de ensino e pesquisas na área de engenharia sanitária e ambiental podem e devem ser os grandes aliados institucionais na busca de instrumentos técnicos normativos, de forma a atingir os objetivos regulatórios.
 “Promover um debate propositivo em torno da palestra de hoje foi primordial para fomentar o conhecimento acerca das questões da Gestão dos Recursos Hídricos. Devemos atentar que não existe um tratamento de esgoto ideal, mas sim o tratamento adequado para cada tipo de esgoto e condições ambientais do corpo receptor dos mesmos. As experiências internacionais expostas pelo professor Ramiro serviram como importante troca de informação entre gestores, professores e alunos da área de saneamento”, declarou o diretor- presidente da Amae.
Outro assunto exposto na palestra foi a contaminação das praias de Portugal que, nos anos 1980, eram totalmente impróprias para o banho. Atualmente essas mesmas praias estão completamente limpas, graças aos avanços feitos nas estações de tratamento de esgoto do país. Em Belém as praias do Cruzeiro (Icoaraci) e do Amor (Outeiro) tiveram resultado negativo no teste de balneabilidade do mês de julho, mas para o professor Ramiro Joaquim de Jesus Neves isso pode mudar, assim como aconteceu em Portugal. Basta atentar ao trabalho conjunto entre municípios, gestores e, principalmente, a população.

Texto: Caroline Torres
Foto: Eliza Forte
Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (AMAE)

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