segunda-feira, 24 de abril de 2017

Explosão de alegria nos eleitores de Macron e Le Pen

AFP / Patrick KOVARIKApoiadores do candidato do movimento Em Marcha!, Emmanuel Macron, em 23 de abril de 2017
Explosão de alegria, lágrimas de felicidade e bandeiras tricolores agitadas freneticamente: tão logo saíram os resultados do primeiro turno da eleição presidencial francesa, os partidários de Emmanuel Macron e de Marine Le Pen manifestaram seu entusiasmo e confiança para o segundo turno.
Até o momento, de acordo com as projeções de três institutos de pesquisa, Macron teria entre 23,3-24% dos votos, e Le Pen, 21,6-21,8%. Ambos são seguidos por François Fillon e por Jean-Luc Mélenchon.
"Macron presidente!", gritavam partidários do jovem candidato de centro e pró-europeu, Emmanuel Macron, reunidos na Porte de Versailles, no sul de Paris.
"Vamos ganhar!", rebatem os militantes da Frente Nacional, 300 km mais ao norte, na cidade de Hénin-Beaumont, um dos redutos do partido de extrema direita.
Mais tarde, os dois vencedores do primeiro turno aparecerão sorridentes, ovacionados por seus correligionários.
No Parque de Exposições da Porte de Versailles, em Paris, onde há mais de mil jornalistas credenciados (incluindo profissionais de 600 veículos estrangeiros), o clima era de festa com luzes azuis e rosas projetadas no palco - uma metáfora dos apoios da esquerda e da direita ao herói do dia.
O evento começou sob fortes medidas de segurança: quatro controles de identidade e um de explosivos feito por um cão treinado.
Em um salão um tanto frio, diante do grande palco ornado com o lema "En marche!", a maioria dos militantes presentes usava camiseta, bolsas e bottons inscritos "Emmanuel Macron presidente".
Entre eles, também há estrangeiros, como duas estudantes do prestigioso instituto de Ciência Política Sciences Po, a americana Helena, de 23, e Inga, uma ucraniana de 22, que vestiam camisetas "En Marche" em turquesa e rosa.
"O que me motiva como americana para vir aqui é que, no meu país, não vimos o perigo de Trump. Então, temos de evitar o pior na França, que, para mim, é Marine Le Pen", defende Helena, que foi voluntária na campanha de Barack Obama em 2008.
Para Inga, o discurso dos candidatos franceses sobre a Rússia também é importante.
"Não quero um candidato que peça financiamento à Rússia", alega.
"Agora, terão de lutar para serem sólidos no discurso, combater Marine Le Pen e preparar as legislativas", afirma a pintora Maria-Hélène Visconti, de 60 anos, feliz que, "depois do Brexit e de [Donald] Trump", os franceses tenham virado a cara ao populismo.
- 'Endireitar a França' -
"Marine presidente!", "Vamos ganhar!", exclamam os simpatizantes da Frente Nacional, criticando Macron, "o globalista".
"Há anos que espero isso, que cuspam na gente, que nos tratem como nazistas, mas, finalmente, as pessoas abriram os olhos!", afirma, com lágrimas, Aldric Evezard, de 36.
AFP / ALAIN JOCARDA candidata da extrema direita, Marine Le Pen, em Hénin-Beaumont, em 23 de abril de 2017 
Ele não esconde sua satisfação com essa candidata "prudente, que nunca mudou de linha política desde 2011 e que é a única que pode endireitar a França".
Ao redor, revoam dezenas de bandeiras francesas, ou de cartazes, nos quais se lê "Marine presidente", carregados pelos militantes. Todos parecem certos da vitória no segundo turno.
Com um casaco de pele branco sobre os ombros, Audrey, de 47, defende exultante, que, com sua candidata, "por fim a França [será] para as franceses". A eleitora fez questão de ressaltar que "não é racista".
"O segundo turno será complicado, pois todo mundo irá contra nós, mas acredito que podemos fazer isso, sobretudo, frente a um Macron que ninguém quer", continuou Evezard.
O segundo turno se anuncia difícil, porém, para a Frente Nacional, já que a maioria dos candidatos pede que se "contenha" o extremismo e o "caos" temido com a saída do euro, preconizada por Le Pen.

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