ANIVERSÁRIO THEATRO DA PAZ
Reforma da Praça da República ressalta beleza e história do Theatro da Paz
15/02/2018 14:36
No carnaval de 1978, a escola de samba Império de Samba Quem São Eles foi à avenida com o tema dos 100 anos do Theatro da Paz, em Belém. Em um dos trechos do samba enredo o verso dizia: “Cercado de mangueiras seculares, testemunho de uma era que o tempo conservou, sua fachada sustentada por pilares, colunatas que da Grécia o artista copiou...”, que já identificava o local onde fica o grande teatro: a Praça da República.
Nesta quinta-feira, 15, em 2018, quando o Theatro da Paz completa 140 anos, ele continua a dominar a paisagem onde está inserido, contribuindo para marcar, com muito mais beleza e história, esse importante ponto turístico da capital paraense. A Praça da República acabou de passar por uma cuidadosa reforma, feita pela Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Secretaria de Urbanismo (Seurb), que ressaltou ainda mais a beleza do teatro.
A história dos dois monumentos está intimamente ligada. A pedra fundamental do Theatro da Paz foi lançada pelo bispo D. Macedo Costa, em 1869. A construção, iniciada no auge do período da exploração da borracha, terminou em 1874, mas devido a denúncias contra os construtores, só foi inaugurado após a conclusão do inquérito, no dia 15 de fevereiro de 1878. Tombado pelo Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (Iphan) , em 1963, é o maior teatro da região Norte e um dos mais luxuosos do Brasil.
No apogeu da Belle Epóque, as alamedas da Praça de República que cercam o teatro eram revestidas de borracha, para que o barulho das rodas das carruagens fosse abafado e não perturbasse os espetáculos.
Outra relação forte entre a praça e o teatro é que os barões da borracha eram, em sua grande maioria, maçons. Por isso, e ao patrocinarem a construção do teatro, eles fizeram com que os engenheiros inserissem símbolos da Maçonaria nele. Dessa maneira, a parte da praça onde o teatro fica é de forma triangular, como no símbolo maior da irmandade, e o Theatro da Paz tem a função do olho que aparece nesse mesmo símbolo.
Há alguns anos, a continuação da rua Carlos Gomes cortava a avenida Presidente Vargas e o trânsito era intenso em frente ao Theatro da Paz. Uma decisão da Prefeitura de Belém fechou o trânsito nesse pedaço da via, que foi incorporado à Praça da República e protegeu mais o prédio da poluição e do trepidar causado pelos veículos.
O Bar do Parque, que também foi restaurado, foi a primeira bilheteria do Theatro da Paz. Esse espaço deverá ser reinaugurado em breve, contribuindo para a conservação das histórias da praça e do teatro.
Visitas monitoradas - Para marcar o aniversário, o teatro está recebendo homenagens. A primeira é o início das visitas monitoradas, gratuitas, dentro do projeto "Portas Abertas", que vai proporcionar onze dias de visitação pelas instalações do Theatro da Paz, de terça à sexta-feira, sábados e domingos. É só chegar, retirar uma senha e participar de uma visitação histórica. Cada grupo é formado por até 80 pessoas. As visitações seguem até o dia 27 de fevereiro.
Para além das páginas dos livros, porém, o desafio é manter a história do teatro pulsante, na ativa e bem conservado. Esse é um dos objetivos das visitas que iniciam nesta quinta-feira, dia do aniversário de fundação do Theatro da Paz. As visitas têm a duração de uma hora e são direcionados por cinco guias.
“Todos precisam conhecer o teatro. Que o público venha para as visitas guiadas e que participe dos concertos, que também são gratuitos. O Theatro da Paz é muito importante para os paraenses, para o País e tem reconhecimento internacional, nada mais justo que as pessoas que moram aqui em Belém também tenham acesso a ele e sua história”, disse a diretora do Da Paz, Célia Cavalcante, que assumiu o cargo há seis meses.
Ao lado da falante Cláudia Gabrielle, de 7 anos, a senhora Marilene Rodrigues, mãe da menina, foi uma das primeiras visitantes ao Theatro da Paz, na manhã de quinta-feira. As duas estavam encantadas com as muitas histórias que ouviram na visita. “Eu sou paraense, mas acabamos de voltar a Belém, depois de morarmos um tempo em Corumbá. Eu acho muito importante conhecer detalhes da história deste teatro, que é um orgulho para nós, porque ele enriquece a nossa história e memória”, avaliou Marilene.
A coordenadora do projeto “Portas Abertas” é Paloma Carvalho. Ela explica que o projeto era realizado apenas no dia do aniversário do teatro, mas a direção do espaço decidiu ampliar para cerca de duas semanas. “É uma grande oportunidade a todos. Fizemos uma pesquisa e descobrimos que os maiores visitantes aqui são de fora do Estado. Nossa intenção com as visitas monitoradas é que os paraenses conheçam o teatro e saibam da história dele, e que eles podem fazer isso gratuitamente”, destacou Paloma.
O acadêmico do curso de Turismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), Athos Oliveira, é um dos guias das visitas. O rapaz fala com entusiasmo do Theatro da Paz. “Gosto muito do que eu faço. É uma felicidade poder fazer esse trabalho. Aqui é possível até esquecer os problemas do dia a dia”, contou.
Concerto - Além de contar sua história, o Theatro da Paz oferece neste dia 15, às 20 horas, o concerto da Amazônia Jazz Band, com homenagens ao maestro paraense Waldemar Henrique, que nasceu na mesma data de fundação do teatro, e se estivesse vivo, completaria 113 anos. Henrique foi diretor do teatro e morou no mesmo por um tempo.
No repertório do concerto - que é gratuito - estão obras como “Foi Boto, Sinhá!”, “Maracatu”, “Uirapuru”, “Minha Terra” e “Boi Bumbá”, com arranjos especiais de Tynnoko Costa, todas composições de Waldemar Henrique; além de “The Phat Pack”, de Gordon Goodwin; “Baião de Lacan”, de autoria de Guinga e Aldir Blanc, com arranjo de Nailor Azevedo; e um pout-pourri de “Trem da Onze”, “Disparada”, “Cidade Maravilhosa”, com arranjos de Nelson Neves, regente da Amazônia Jazz Band.
A apresentação conta com a participação da cantora Simone Almeida. Natural de Igarapé-Mirim, ela diz que esse concerto será um marco na carreira. “Estou me sentindo muito honrada com esse convite. Canto as canções do maestro desde que comecei a cantar em coral, há mais de 10 anos”, disse a cantora.
Serviço:
Concerto da Amazônia Jazz Band, quinta-feira, 15, às 20 horas, no Theatro da Paz (ingressos esgotados).
Projeto “Portas Abertas”, visitações orientadas gratuitas ao Theatro da Paz, até 27 de fevereiro, com distribuição de senhas na bilheteria do teatro, de terça à sexta-feira, às 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 15h, 16h e 17h; aos sábados, às 9h, 10h, 11h e 12h; e aos domingos, às 9h, 10h e 11h.
Por Dedé Mesquita
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