segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016


Saúde municipal
Índice de pacientes que não retiram requisições de exames chega a 20%


Enquanto um paciente perde a consulta ou falta a um exame, dois deixam de ser atendidos.
—  Rose Possato
Índice de pacientes que não retiram requisições de exames chega a 20%Centenas de requisições estão acumuladas em pilhas à espera dos pacientes para buscá-las, conforme mostra Angela Ribeiro (Foto: Marcio Avila e Toninho Vieira)
O número de pessoas que iniciam o caminho de direito para realizar um exame de alto custo e não o concluem é alarmante em vista da quantidade de cidadãos que buscam os instrumentos públicos de saúde em Lages todos os dias via Sistema Único de Saúde (SUS). Alcança de 10% a 20% a taxa de pacientes que não procuram a Central de Atendimento para apanhar as autorizações de requisições carimbadas, liberando-os a ser submetidos ao exame nas clínicas conveniadas. Centenas de requisições estão acumuladas em pilhas à espera dos pacientes para buscá-las.
A Central de Atendimento conta com um setor específico para acolhimento das demandas de exames de alto custo e alta complexidade. Após atendimento do paciente nos serviços ofertados pela Secretaria Municipal de Saúde, o paciente ou seu familiar deve procurar o setor para os encaminhamentos, munido de documentos pessoais (carteira de identidade e Cartão SUS), telefone de contato e a solicitação médica para autorização.

Mais solicitados
Da lista dos exames de alto custo e alta complexidade oferecidos pela prefeitura, fazem parte cerca de 20 tipos, entre eles ecocardiograma, espirometria (medição da capacidade inspiratória e expiratória do indivíduo. Exame dos pulmões), Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (M.A.P.A. – exame que mede a pressão arterial a cada 20 minutos, durante 24 horas, para a obtenção do registro da pressão arterial durante a vigília e o sono), Monitor Holter (dispositivo portátil que monitora continuamente a atividade elétrica cardíaca de pacientes por 24 horas ou mais), densitometria óssea, ressonância magnética e tomografia computadorizada. Os pedidos de exames que mais ingressam no serviço são ecocardiograma, endoscopia e ressonância magnética.

Comparando valores
O desequilíbrio entre oferta e procura, bem como a diferença entre os valores repassados pelo Ministério da Saúde (MS) e os pagos para as clínicas conveniadas resulta em demanda reprimida. Para a realização de ecocardiograma o Ministério da Saúde repassa R$ 39,94 (conforme Tabela SigTap) e o prestador recebe R$ 189,46, refletindo numa contrapartida municipal de R$ 149,52 por exame. Outro exemplo é a espirometria, em que o Ministério da Saúde repassa R$ 6,36 (conforme Tabela SigTap) e o prestador recebe R$ 151,00, refletindo numa contrapartida municipal de R$ 144,64 por exame.

Dificuldades       
De acordo com a gerente de Regulação, Ângela Dias Palhano Ribeiro, além dos fatores financeiros e da alta demanda, a dificuldade de localização dos pacientes é um fator relevante a ser analisado pela equipe e pela população. A mudança constante de endereço e telefone colabora para a não localização e a não retirada dos exames já autorizados, aspectos sentidos pela equipe da regulação de consultas especializadas. “São efetuadas ligações por dois a três dias consecutivos ou em semanas intercaladas. Números inválidos ou informados errados preocupam os profissionais responsáveis por esse contato, refletindo nas centenas de requisições já autorizadas em 2014 e 2015, e não retiradas”, revela.
A Secretaria de Saúde solicita que mediante qualquer mudança de endereço ou telefone os pacientes entrem em contato com o Setor de Alto Custo na Central de Atendimento pelo telefone 3251-7669 ou 3251-7643. O funcionamento acontece de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, sem fechar no horário de almoço. A secretaria possui sistema de telefonia em que todas as ligações são gravadas para qualquer esclarecimento.

Quem faz, busca
Depois de autorizada, a requisição permanece no aguardo por um mês até que o paciente se dirija para apanhar o documento. Em caso negativo, segue para o arquivo. Após esse prazo, até três meses, ainda há tempo hábil para levar até a clínica. Não respeitadas as datas-limites, o paciente precisará começar todo o caminho novamente, desde a Unidade de Saúde. Ângela comenta que o abandono de exame na clínica, após realizado, é de baixo índice. “Quem faz, busca”, compara.

Requisições autorizadas
De posse da requisição autorizada, o paciente deve ir até a clínica conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) para agendar seu exame, o que depende exclusivamente da clínica, pois compartilha suas marcações entre os pacientes encaminhados do poder público e suas demandas privadas. “A população precisa estar consciente e sentir-se parte desse processo de responsabilidade e cidadania. Enquanto um paciente perde a consulta ou falta a um exame, dois deixam de ser atendidos”, equipara a secretária de Saúde, Rose Possato.

Bloqueio no sistema
Para os exames de laboratório (exames de sangue), quando o mesmo não é retirado, o nome do paciente fica bloqueado em qualquer unidade autorizadora, no sistema da Secretaria de Saúde, impedindo a autorização de novos exames. “O procedimento só tem sentido se o paciente realizar o exame, retirar e apresentar para seu médico de referência para acompanhamento e continuidade do tratamento”, enfatiza a secretária de Saúde.

Médico regulador a partir do dia 29
A partir desta segunda-feira (29), a Secretaria de Saúde contará com um médico regulador para acompanhamento, análise e reavaliação de pacientes para averiguação e definição da real necessidade do exame. Primeiramente o foco serão os ecocardiogramas. “São estratégias diferenciadas na busca da eficiência e eficácia nas demandas da população”, observa Rose Possato.

UBS São Pedro terá projeto-piloto
A Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro São Pedro será a unidade-piloto a realizar a contagem real de pacientes agendados, atendidos e faltosos. Na primeira semana de abril será divulgada a estatística. “Nossa porta de entrada é a Atenção Básica e esta precisa ser respeitada e valorizada”, salienta a secretária.
O acordo foi firmado no sábado (20) em reunião no bairro. O diretor Gilmar Ribeiro da Silva enfatiza que as auditorias internas são atividades contínuas na Secretaria de Saúde, o que os direciona para a tomada de decisões na busca de estratégias de gestão e qualidade dos serviços prestados.

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