sábado, 3 de setembro de 2016

TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS

Embalada pelo Parapan, Natalia Mayara quer aproveitar torcida para chegar ao pódio do Rio 2016

Depois de conquistar dois ouros em Toronto no ano passado, brasileira cita momento positivo na carreira e busca realização de sonho nos Jogos Paralímpicos
Natalia Mayara encerrou sua participação nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015 da melhor forma possível. Com duas medalhas de ouro no tênis em cadeira de rodas, em simples e duplas, foi escolhida para carregar a bandeira do Brasil no desfile da cerimônia de encerramento do evento. Um momento inesquecível para ela e até aqui considerado o auge da carreira. Até hoje, pois ela pretende mudar isso em casa, nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
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Natalia Mayara com um dos dois ouros conquistados no Parapan de Toronto 2015. Foto: Leandra Benjamin/CPB
Aos 22 anos, Natalia chega como uma das principais apostas da delegação brasileira em busca da inédita medalha na modalidade. A estreia nos Jogos Paralímpicos deu-se quatro anos atrás, em Londres 2012. À época com 18 anos, a tenista acabou perdendo na primeira rodada para a holandesa Jiske Griffioen, medalhista de bronze na Inglaterra. Um jogo que ela se lembra.
“Não tinha tido contato com as meninas mais tops. Ao mesmo tempo em que foi boa a sensação de estrear e jogar uma Paralimpíada contra a número dois do mundo, foi triste ter sido tão rápido. Foi meio estranho. Saí satisfeita com o que fiz, porque joguei bem, mas com aquela coisa de querer mais. Isso fez com que eu me dedicasse tanto para chegar aqui e não ter essa sensação de novo”, lembra.
Mais experiente do que na última edição, a brasileira se diz mais preparada para enfrentar as melhores do mundo na modalidade e conseguir chegar mais longe na Paralimpíada. “Muita coisa mudou de Londres para cá. Tenho mais maturidade, sei como tudo funciona, tirei o estresse e o nervosismo. Sem falar que me preparei muito mais. Não estava mirando em Londres, aconteceu. Desta vez, entrei direto por conta da medalha no Parapan. Acho que vai ser como se fosse minha primeira Paralimpíada”, afirma a pernambucana radicada em Brasília. 
Além do crescimento emocional e técnico, Natalia se apoia, também, na confiança que as medalhas de ouro conquistadas em Toronto trouxeram. “Foi um momento em que eu consegui provar para muita gente do que eu era capaz. Foi ali que mostrei para minhas adversárias que eu estou chegando e mudei bastante. Foi o melhor momento da minha carreira e o que me motivou ainda mais para seguir em frente. Depois da conquista do Paparan, trabalhei em dobro, porque sei que vai ser uma competição muito mais difícil. O nível é bem mais alto, mas também aumentei meu nível para estar aqui”, exalta.
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A tenista realizou o primeiro treino no Centro Olímpico de Tênis neste sábado (03.09). Foto: Cezar Loureiro/CPB
Primeiro passo do sonho
O sorriso e as brincadeiras são naturais para Natalia Mayara, mesmo durante os treinamentos. O que a deixa ainda mais feliz e empolgada é falar sobre a Cerimônia de Abertura dos Jogos Rio 2016, parte da experiência paralímpica que ela não queria perder de maneira alguma. “Ia sofrer demais. Não posso deixar de ir”, diz.
Como só estreia em 9 de setembro, a tenista foi liberada para realizar o sonho e entrar no Maracanã com a delegação brasileira, momento muito esperado por ela. “Estou muito ansiosa, ainda mais com todo esse mistério que ficam fazendo. Fico imaginando todo dia. Ali tudo vai começar, meu sonho vai dar o primeiro passo”, destaca Natalia, revelando que todo dia entra na internet para buscar detalhes do evento.
Entre a participação na abertura e a estreia de fato nos Jogos Paralímpicos, a tenista terá ainda outro momento de muita tensão e expectativa: o sorteio das chaves do tênis em cadeira de rodas, previsto para ocorrer um dia antes das partidas começarem. Ali, ela vai conhecer suas adversárias no Rio 2016.
“Vou estar lá de joelhos, com os dedos cruzados”, brinca. “Logico que a gente quer tentar pegar um jogo mais tranquilo na estreia, para ir crescendo ao longo do torneio. Mas ao mesmo tempo sei que quem quer ganhar medalha não pode escolher adversário. Estou me preparando para qualquer uma”, acrescenta.
Força das arquibancadas
Atual número 24 do mundo, Natalia não chega ao Rio 2016 cotada como favorita a uma medalha. Mas nada que impeça a brasileira de sonhar em chegar lá. Para ela, a Paralimpíada é um torneio diferente dos demais.
“A pressão é diferente e a vontade de cada uma também. As pessoas vão para representar seus países da melhor maneira possível. Quem imaginaria o Djokovic sendo eliminado na primeira rodada?”, questiona Natalia, lembrando da eliminação do número um do mundo no torneio masculino de tênis dos Jogos Olímpicos para o argentino Juan Martín Del Potro.
Além disso, ela conta com a torcida para conseguir surpreender e chegar mais longe no torneio, de preferência até o pódio. “A torcida faz o atleta se motivar muito mais e tirar forças de onde nem imagina ter. Eu gosto de torcida e acho que isso vai me levar bastante para frente e, se Deus quiser, junto com o público poderei ganhar uma medalha.”
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Natalia disse gostar de jogar com a torcida e espera que o fator casa a ajude a chegar no pódio no Rio 2016. Foto: Cezar Loureiro/CPB
Impressões e elogios
Neste sábado (3.9), Natalia entrou pela primeira vez no complexo do Centro Olímpico de Tênis. Depois de bater bola por cerca de uma hora na quadra 7 e de revelar ter dado uma espiada na quadra central, a brasileira gostou do que viu. Segundo ela, a organização resolveu tudo que tinha que ser resolvido desde o evento-teste, realizado em dezembro de 2015.
“A quadra está ótima. Eles arrumaram o que a gente tinha comentado. As cores da quadra e dos banners estavam erradas. A bola passava na frente e você perdia. A quadra central estava mais difícil, estava tudo verde, mas consertaram. Para mim, é um espetáculo à parte, é a estrutura mais bonita do Parque Olímpico”, elogia.
Sobre o piso das quadras, a brasileira explicou que é um pouco mais lento do que o utilizado no Centro Paralímico Brasileiro, em São Paulo, onde ela vinha treinando. No entanto, a tenista disse que é uma questão de adaptação e não representa uma vantagem para ninguém.
Outra estrutura bastante elogiada por Natalia foi a Vila Paralímpica, onde ela está hospedada desde sexta-feira (2.9). “Estou adorando tudo, a estrutura está sensacional. A vila está incrivelmente linda. Estive em Londres e não tem nem comparação. Está atendendo bem a todos os atletas”, comenta.
Calendário
O tênis em cadeira de rodas será disputado entre os dias 9 e 16 de setembro, no Centro Olímpico de Tênis, no Parque Olímpico da Barra. Além de Natalia Mayara, o Brasil conta com outros sete atletas. No feminino, Rejane Cândida jogará simples e formará dupla com Natalia pelo Brasil. As duas foram medalha de ouro juntas no Parapan de Toronto 2015.
Os outros seis atletas são homens. Carlos Santos, Daniel Rodrigues, Mauricio Pomme e Rafael Medeiros disputam a chave masculina na classe aberta, enquanto Rodrigo Oliveira e Ymanitu Silva jogam na classe quad, para atletas com deficiência em três ou mais extremidades do corpo. Na classe aberta haverá partidas de simples e duplas no masculino e no feminino. Já na classe quad, as duplas serão mistas.
Vagner Vargas – Brasil2016.gov.br

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