segunda-feira, 27 de março de 2017

Projeto oferece cursos e apoio psicossocial para jovens em cumprimento de medidas socioeducativas

Da Redação - Agência Belém de Notícias - 27/03/2017 15:07

  • / LANÇAMENTO / 27/03/2017 15:07

    Parceria vai garantir formação profissionalizante e suporte para jovens em processo de reinserção social


Matheus Rocha, de 19 anos, é estudante de Direito e sonha em um dia se tornar juiz. Quem vê o rapaz, hoje, aluno dedicado e cheio de sonhos para o futuro, não pode imaginar como era a vida do universitário há três anos. “Eu perdi meu irmão com 13 anos, e fiquei muito rebelde nessa época. A partir dali, comecei a me envolver com coisas que não prestavam, com a criminalidade. Aos 15 anos já era pai, e aos 16 fui condenado a cumprir medidas socioeducativas”, contou.
A história de Matheus começou a mudar justamente no período mais difícil de sua vida. Durante 1 ano e 1 mês, ele ficou internado na Unidade de Atendimento de Ananindeua da Fasepa (Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará). Depois, ele ainda passaria mais sete meses recebendo atendimento pelo CREAS Icoaraci (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) da Prefeitura de Belém.
“Foi ali que eu comecei a ver que tinha uma vida fora da caverna que eu vivia”, relembrou Matheus, que nesta segunda-feira, 27, participou da inauguração do projeto “Reescrevendo a Nossa História”, no bairro do Una, em Belém. O projeto tem o objetivo de reinserir na sociedade, jovens, como Matheus, que estejam cumprindo medidas socioeducativas.
O projeto é uma iniciativa do Ministério Público do Trabalho em parceria com outras 15 instituições, e conta também com uma vertente direcionada para jovens em situação de vulnerabilidade, atendidos pelo CRAS. A Prefeitura de Belém, através da Funpapa (Fundação Papa João XXIII), dá apoio às duas iniciativas.
“Ao ouvir o Matheus, é interessante perceber como ele descreve que uma das maiores referências dele para mudar seus caminhos foi justamente o homem que tinha como obrigação aplicar as medidas socieducativas para ele – o juiz Vanderley de Oliveira. Isso é a síntese do que estamos falando aqui e da necessidade de projetos como esse na busca por uma sociedade mais igualitária”, declarou o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho.
O prefeito enfatizou o compromisso da gestão municipal com o projeto, que levará cursos de musicalização, esportes, empreendedorismo, informática, corte e costura, entre outros, aos jovens e também a um membro da família.
“A gente quer dar a oportunidade a eles para irem para o mercado lícito de trabalho. E para isso, a psicóloga vai acompanhar também a estrutura familiar, verificar se é preciso também integrar alguém da família ao projeto, pois de nada adianta eu formar alguém, dar oportunidades para o mercado lícito de trabalho, se quando essa pessoa chega em casa é levada para a criminalidade”, explicou o procurador do trabalho, Sandoval Alves da Silva.
Para esta primeira etapa do “Reescrevendo a Nossa História”, sessenta jovens, em cumprimento de medidas socieducativas, participarão do projeto. O “Escrevendo a Nossa História” ainda está em fase de seleção dos jovens.
“Esse projeto visa resgatar a cidadania dessas pessoas. Temos um sistema no qual acreditamos na recuperação do ser humano, e, portanto, temos a obrigação de reinserir este cidadão. Mas, a primeira barreira a ser rompida ainda é o preconceito social”, alertou o procurador Geral do Trabalho, Ronaldo Fleury.
A representante da Organização Internacional do Trabalho, Thaís Faria, também deu destaque para a importância de reescrever a história social dos seres humanos, em busca de uma sociedade mais igualitária. “Ainda somos uma sociedade muito excludente, que discrimina aquele que tem uma história diferente da sua. Temos que respeitar a declaração Universal dos Direitos Humanos que diz que Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, concluiu Thais.
A inauguração do pólo contou ainda com as apresentações musicais do projeto Música e Cidadania, da Fundação Carlos Gomes, e do grupo de chorinho da Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD).
Texto: Kennya Corrêa
Foto: Oswaldo Forte
Coordenadoria de Comunicação Social (COMUS)

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