Marataízes partilha sua origem histórica com o município de Itapemirim, cujo povoamento se iniciou em 1539, quando Pedro da Silveira estabeleceu fazenda perto da foz do rio Itapemirim. Em 1700 chegavam da Bahia, Domingos Freitas Bueno Caxangá, Pedro Silveira e outros, que se ocuparam da cultura da cana-de-açúcar, dando continuidade à construção do povoado.
Em 1771, quando os índios Puris atacaram as Minas do Castelo (atual município de Castelo), seus moradores se refugiaram na foz do rio Itapemirim, fundando, naquele local, a Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio, hoje Barra do Itapemirim. Devido às facilidades de transporte e à segurança oferecida pelo ancoradouro interno a pequenas embarcações, a Freguesia progrediu rapidamente. Foi, sem dúvida, o ponto de partida de toda a colonização do Sul do Espírito Santo. O Porto da Barra do Itapemirim era a porta de saída de produtos da terra e a entrada dos primeiros colonizadores. Pela Barra do Itapemirim entraram homens e as máquinas, o progresso, a civilização, a cultura e a arte. Pelo porto entraram os vagões da Estrada de Ferro e saiu toda a produção de açúcar, aguardente e café, que já em 1852 era superior a cem mil arrobas, ou seja, mil e quinhentas toneladas.
Em 1º de agosto de 1887 foi inaugurada a iluminação pública na Barra do Itapemirim, a querosene. Em 1901 o engenheiro Emílio Stein iluminou sua oficina e o Trapiche com energia elétrica gerada por um dínamo movido a vapor. Foi a primeira usina elétrica do Estado.
O velho “Trapiche”, que é um precioso patrimônio arquitetônico da segunda metade do século IXX, construído pelo Barão de Itapemirim entre 1860 e 1883, com a finalidade de armazenar os produtos agrícolas e colaborar com o desenvolvimento das atividades portuárias, dando suporte para a exportação de produtos, traduz um ‘algo mais’ da história da origem de Marataízes. No local também estava instalado o escritório da Coletoria Estadual de Impostos. Com a construção da Estrada de Ferro Leopoldina, e depois estradas de rodagem, o Trapiche foi caindo em desuso, até ser desativado nos anos 50. Hoje só restam as ruínas, tombadas pelo tempo. Outras construções que retratam parte de sua história são as do Palácio das Águias, do século IXX e da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, do século XVIII.
O município foi criado em 14 de janeiro de 1992, pela Lei Nº. 4.619 e instalado em 10 de janeiro de 1997, desmembrando-se de Itapemirim.
A origem do nome de Marataízes
Marataízes é conhecida turisticamente como a “Pérola Sul Capixaba”.
Acredita-se que o nome “Marataízes” tem sua origem da língua tupi-guarani, com o significado “água que corre para o mar”, graças à grande quantidade de lagoas que vão de encontro ao mar.
Mas é comum ouvirmos diversas lendas indígenas, como a da índia Ísis que ao morrer provocou uma euforia e tristeza na tribo, fazendo com que os demais índios gritassem a frase “Mataram Ísis” e, ainda, a da índia Taís, que recebera como presente de seu pai, chefe da tribo, a praia que habitava, daí, “Mar Taís”. Outra versão é de que o nome se origina de uma função da linguagem e da religião utilizada pelos negros que aqui habitavam e tinham como dialeto a língua “marata”, das tribos africanas “bantos”, e que veneravam a deusa Ísis, protetora das famílias.
Personagem da sua História
Marataízes é terra de nascimento do herói capixaba e líder na Revolução Pernambucana Domingos José Martins, que em 1817 já pretendia a independência do Brasil.
Domingos José Martins nasceu em 9 de maio de 1781, em Caxangá, localidade do então município de Itapemirim que mais tarde veio a ser conhecida como Quartéis, região que hoje compreende uma área entre a Praia dos Cações e Boa Vista, ao Sul de Marataízes.
Representa para o Espírito Santo o que Tiradentes representa para Minas Gerais. Viveu na Europa e ao retornar ao Brasil incorporou-se às lutas ela independência de Portugal. Em 1817 foi preso em recife onde acabou sendo condenado à morte. Morreu fuzilado em 12 de junho de 1817, na Bahia. Suas últimas palavras, ante o pelotão de fuzilamento, foram “Viva a Liber...”.
Domingos José Martins (Em Cordel, por Kátia M. Bóbbio Lima – Membro do Clube de Trovadores Capixabas) Capixabas, atenção Para o que vou contar É a história de um herói Que aqui vou narrar Lutou pela liberdade Para poder nos salvar. DOMINGOS JOSÉ MARTINS Era o seu nome então E lutou até morrer Com toda a dedicação Para salvar os humildes Cumpriu sua obrigação.
Nasceu em Itapemirim Caxangá antigamente No dia 9 de maio Veio ele competente Em setecentos e oitenta e um Veio ser herói da gente.
Joaquim José Martins Foi o seu genitor Sua mãe, Joana Luzia, Fez o grande lutador E teve mais sete filhos Mas só ele precursor.
Iniciou seus estudos Em sua província natal Quando tinha terminado Veio para a capital Para tratar de negócios E ter liberdade afinal.
Veio para Vitória No comércio trabalhou Numa casa assobradada Foi ali que ele morou Chamada Rua das Flores Que logo se modificou.
Teve também apelidos O Bem-Bem e o Dourado É porque antigamente O povo era apelidado Foi por causa de um comércio Que ele tinha inaugurado.
Ele foi um brasileiro Que sonhou com a liberdade E por isso veio cedo Para a grande cidade Lutar pela sua pátria Contra toda a crueldade.
Seus pais querendo lhe dar Uma boa educação Mandaram DOMINGOS MARTINS Transformar-se em cidadão Ir para Portugal Escolher sua profissão.
Chegando em Portugal Fez o curso da humanidade Depois seguiu para Londres Outra grande cidade E ele já foi como chefe De uma contabilidade.
Numa firma portuguesa Começou o seu trabalho E passou a ser gerente Da Dourada Dias Carvalho E depois se tornou sócio Sem mesmo qualquer embaralho.
Tinha muitas filiais Desta firma no Brasil E o DOMINGOS MARTINS Pra cá se transferiu E foi para Salvador Onde ele se dirigiu.
Fixou-se em Salvador E tomou conhecimento E de uma revolução Foi chefe do movimento Foi aí que começou Todo o seu sofrimento.
Continuou no comércio Na firma que ali havia E trabalhou sem parar Na capital da Bahia Fez também altos negócios Que por ali existia. Escreveu logo para Londres Para um grande jornalista Para saber do movimento Emancipacionista Saiu em famosos jornais Até mesmo em revista.
Tinha muitos amigos Na Venezuela e Portugal Tinha um que dirigia Em Londres o melhor jornal Amigos cabo-de-guerra Coronel e general.
Depois foi morar no Recife Pois a firma lhe ordenou A um grupo de patriotas Ele se filiou Estava entusiasmado No grupo que chefiou.
Pegou sua fortuna E deu para o movimento Para lutar pela causa Com todo seu sentimento Vou chefiar este grupo Com todo regulamento.
Fez os traçados e planos Regulou a situação Fez o balanço das forças E na maior perfeição Escolheu os elementos Da grandiosa nação.
O levante deveria Eclodir em 6 de abril Por causa de traições Que existiam no Brasil E não pôde ser travada Por isso transferiu.
Ao presidente da província O assunto foi levado Por Manuel de Carvalho Um homem muito ousado Que quis trair o DOMINGOS Num gesto bem malogrado.
Caetano Pinto de Miranda Montenegro o comandante Mandou prender o tal grupo Por ter uma força vibrante E o grupo se revoltou Com esta atitude berrante.
E o comandante que era Incumbido desta missão Depois de parlamentar Fez a determinação De recolher toda aquela Troca de cobra machão.
Colocou a sua alma A serviço da liberdade E também o seu dinheiro Pra acabar com a crueldade E o seu grande ideal Para a prosperidade.
A atitude dos inimigos Muito o animou Embora desconfiado Assim mesmo trabalhou Rio Grande e Paraíba Foi quem mais o ajudou.
DOMINGOS JOSÉ MARTINS Que também foi nomeado Para o Ministério do Comércio Ele foi convocado Este foi o Ministério Que mais foi organizado.
Mas durou pouco a euforia Da vitória alcançada Só setenta e quatro dias De glória bem conquistada E saiu do Ministério Com a carreira abandonada.
Voltou para Pernambuco Para evitar o mal Encontrou o Conde dos Arcos Que era o Governador Geral Aproveitou a situação E bloqueou a capital.
Agora vamos cercá-lo Pela terra e pelo mar Quero ver os liberais Com essa troca escapar Botaremos muitos homens Para a guerra começar.
O senhor Rodrigo Lobo Foi quem ficou no comando Da esquadra pelo mar Ele ficou ordenando Com sua tropa cercou Os grevistas revistando.
Joaquim de Mello Cogominho De Lacerda o Marechal Tomou conta pela terra Pois se achava o tal Muitas forças, muitas armas Cercaram aquele local.
E o grupo de DOMINGOS Já estava sem resistência Seus homens, armas e forças Eram de muita carência E também os seus recursos Foram para a falência.
Mas a vontade de vencer Era tenaz e desesperada E não pôde ser mantida A tal guerra esperada Os inimigos venceram E a vitória conquistada.
Começa então o martírio Dos amigos brasileiros DOMINGOS JOSÉ MARTINS Foi um bom companheiro Deu a alma e a vida, A moral e o dinheiro.
Ao ver novamente içada A bandeira portuguesa Um padre suicidou-se Não resistiu à fraqueza O império foi mais forte Tinha muito mais firmeza.
E foi a 10 de junho De oitocentos e dezessete o mal Que estava iniciando O processo criminal Resultado: onze deles Condenados no final.
Entre esses condenados DOMINGOS MARTINS estava Pois era um dos cabeças Que o grupo chefiava Um espírito-santense Que pela liberdade lutava.
Levados a Salvador Eles foram arrastados No lugar Campo da Pólvora Foram executados Dois padres e uns amigos Todos foram fuzilados.
E foi a 12 de junho Que o DOMINGOS foi levado Em oitocentos e dezessete Ao suplício desgraçado Na capital da Bahia Que ele foi fuzilado.
Cala-se a sua voz O coração pára de pulsar Ele não conseguia Uma palavra falar Encostou-se na parede Com um gesto singular.
Agora o que me resta? Nada mais posso fazer! Já está chegando a hora De despedir e dizer: “Cumpri a ordem do vosso sultão Eu morro pela líber...”
E não concluiu a frase Sua boca foi tapada Depois da execução Do fuzil em disparada E suas palavras ficaram Numa placa de bronze gravada.
Um exemplo decisivo Para qualquer brasileiro Prosseguir na caminhada Deste país altaneiro Lutar pela liberdade Ajudando o companheiro.
Por todo este Brasil Ele ficou prestigiado Por suas grandes idéias Ficou também registrado Na Assembléia Legislativa Tem o seu nome pintado.
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