quinta-feira, 12 de setembro de 2019

PERFIL HISTÓRICO

Marataízes - Espírito Santo
Marataízes - Espírito Santo
Marataízes partilha sua origem histórica com o município de Itapemirim, cujo povoamento se iniciou em 1539, quando Pedro da Silveira estabeleceu fazenda perto da foz do rio Itapemirim. Em 1700 chegavam da Bahia, Domingos Freitas Bueno Caxangá, Pedro Silveira e outros, que se ocuparam da cultura da cana-de-açúcar, dando continuidade à construção do povoado.
 
Em 1771, quando os índios Puris atacaram as Minas do Castelo (atual município de Castelo), seus moradores se refugiaram na foz do rio Itapemirim, fundando, naquele local, a Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio, hoje Barra do Itapemirim. Devido às facilidades de transporte e à segurança oferecida pelo ancoradouro interno a pequenas embarcações, a Freguesia progrediu rapidamente. Foi, sem dúvida, o ponto de partida de toda a colonização do Sul do Espírito Santo. O Porto da Barra do Itapemirim era a porta de saída de produtos da terra e a entrada dos primeiros colonizadores. Pela Barra do Itapemirim entraram homens e as máquinas, o progresso, a civilização, a cultura e a arte. Pelo porto entraram os vagões da Estrada de Ferro e saiu toda a produção de açúcar, aguardente e café, que já em 1852 era superior a cem mil arrobas, ou seja, mil e quinhentas toneladas.
 
Em 1º de agosto de 1887 foi inaugurada a iluminação pública na Barra do Itapemirim, a querosene. Em 1901 o engenheiro Emílio Stein iluminou sua oficina e o Trapiche com energia elétrica gerada por um dínamo movido a vapor. Foi a primeira usina elétrica do Estado.
 
O velho “Trapiche”, que é um precioso patrimônio arquitetônico da segunda metade do século IXX, construído pelo Barão de Itapemirim entre 1860 e 1883, com a finalidade de armazenar os produtos agrícolas e colaborar com o desenvolvimento das atividades portuárias, dando suporte para a exportação de produtos, traduz um ‘algo mais’ da história da origem de Marataízes. No local também estava instalado o escritório da Coletoria Estadual de Impostos. Com a construção da Estrada de Ferro Leopoldina, e depois estradas de rodagem, o Trapiche foi caindo em desuso, até ser desativado nos anos 50. Hoje só restam as ruínas, tombadas pelo tempo. Outras construções que retratam parte de sua história são as do Palácio das Águias, do século IXX e da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, do século XVIII.
 
O município foi criado em 14 de janeiro de 1992, pela Lei Nº. 4.619 e instalado em 10 de janeiro de 1997, desmembrando-se de Itapemirim.

Marataízes - Espírito Santo
Marataízes - Espírito Santo
A origem do nome de Marataízes 
 
Marataízes é conhecida turisticamente como a “Pérola Sul Capixaba”.
 
Acredita-se que o nome “Marataízes” tem sua origem da língua tupi-guarani, com o significado “água que corre para o mar”, graças à grande quantidade de lagoas que vão de encontro ao mar.
 
Mas é comum ouvirmos diversas lendas indígenas, como a da índia Ísis que ao morrer provocou uma euforia e tristeza na tribo, fazendo com que os demais índios gritassem a frase “Mataram Ísis” e, ainda, a da índia Taís, que recebera como presente de seu pai, chefe da tribo, a praia que habitava, daí, “Mar Taís”. Outra versão é de que o nome se origina de uma função da linguagem e da religião utilizada pelos negros que aqui habitavam e tinham como dialeto a língua “marata”, das tribos africanas “bantos”, e que veneravam a deusa Ísis, protetora das famílias.
 
Personagem da sua História
 
Marataízes é terra de nascimento do herói capixaba e líder na Revolução Pernambucana Domingos José Martins, que em 1817 já pretendia a independência do Brasil. 
 
Domingos José Martins nasceu em 9 de maio de 1781, em Caxangá, localidade do então município de Itapemirim que mais tarde veio a ser conhecida como Quartéis, região que hoje compreende uma área entre a Praia dos Cações e Boa Vista, ao Sul de Marataízes.
 
Representa para o Espírito Santo o que Tiradentes representa para Minas Gerais. Viveu na Europa e ao retornar ao Brasil incorporou-se às lutas ela independência de Portugal. Em 1817 foi preso em recife onde acabou sendo condenado à morte. Morreu fuzilado em 12 de junho de 1817, na Bahia. Suas últimas palavras, ante o pelotão de fuzilamento, foram “Viva a Liber...”.
 
Domingos José Martins
(Em Cordel, por Kátia M. Bóbbio Lima – Membro do Clube de Trovadores Capixabas)
Capixabas, atenção
Para o que vou contar
É a história de um herói
Que aqui vou narrar
Lutou pela liberdade
Para poder nos salvar.
DOMINGOS JOSÉ MARTINS Era o seu nome então
E lutou até morrer
Com toda a dedicação
Para salvar os humildes
Cumpriu sua obrigação.
 
Nasceu em Itapemirim
Caxangá antigamente
No dia 9 de maio
Veio ele competente
Em setecentos e oitenta e um
Veio ser herói da gente.
 
Joaquim José Martins
Foi o seu genitor
Sua mãe, Joana Luzia,
Fez o grande lutador
E teve mais sete filhos
Mas só ele precursor.
 
Iniciou seus estudos
Em sua província natal
Quando tinha terminado
Veio para a capital
Para tratar de negócios
E ter liberdade afinal.
 
Veio para Vitória
No comércio trabalhou
Numa casa assobradada
Foi ali que ele morou
Chamada Rua das Flores
Que logo se modificou.
 
Teve também apelidos
O Bem-Bem e o Dourado
É porque antigamente
O povo era apelidado
Foi por causa de um comércio
Que ele tinha inaugurado.
 
Ele foi um brasileiro
Que sonhou com a liberdade
E por isso veio cedo
Para a grande cidade
Lutar pela sua pátria
Contra toda a crueldade.
 
Seus pais querendo lhe dar
Uma boa educação
Mandaram DOMINGOS MARTINS
Transformar-se em cidadão
Ir para Portugal
Escolher sua profissão.
 
Chegando em Portugal
Fez o curso da humanidade
Depois seguiu para Londres
Outra grande cidade
E ele já foi como chefe
De uma contabilidade.
 
Numa firma portuguesa
Começou o seu trabalho
E passou a ser gerente
Da Dourada Dias Carvalho
E depois se tornou sócio
Sem mesmo qualquer embaralho.
 
Tinha muitas filiais
Desta firma no Brasil
E o DOMINGOS MARTINS
Pra cá se transferiu
E foi para Salvador
Onde ele se dirigiu.
 
Fixou-se em Salvador
E tomou conhecimento
E de uma revolução
Foi chefe do movimento
Foi aí que começou
Todo o seu sofrimento.
 
Continuou no comércio
Na firma que ali havia
E trabalhou sem parar
Na capital da Bahia
Fez também altos negócios
Que por ali existia.
Escreveu logo para Londres
Para um grande jornalista
Para saber do movimento
Emancipacionista
Saiu em famosos jornais
Até mesmo em revista.
 
Tinha muitos amigos
Na Venezuela e Portugal
Tinha um que dirigia
Em Londres o melhor jornal
Amigos cabo-de-guerra
Coronel e general.
 
Depois foi morar no Recife
Pois a firma lhe ordenou
A um grupo de patriotas
Ele se filiou
Estava entusiasmado
No grupo que chefiou.
 
Pegou sua fortuna
E deu para o movimento
Para lutar pela causa
Com todo seu sentimento
Vou chefiar este grupo
Com todo regulamento.
 
Fez os traçados e planos
Regulou a situação
Fez o balanço das forças
E na maior perfeição
Escolheu os elementos
Da grandiosa nação.
 
O levante deveria
Eclodir em 6 de abril
Por causa de traições
Que existiam no Brasil
E não pôde ser travada
Por isso transferiu.
 
Ao presidente da província
O assunto foi levado
Por Manuel de Carvalho
Um homem muito ousado
Que quis trair o DOMINGOS
Num gesto bem malogrado.
 
Caetano Pinto de Miranda
Montenegro o comandante
Mandou prender o tal grupo
Por ter uma força vibrante
E o grupo se revoltou
Com esta atitude berrante.
 
E o comandante que era
Incumbido desta missão
Depois de parlamentar
Fez a determinação
De recolher toda aquela
Troca de cobra machão.
 
Colocou a sua alma
A serviço da liberdade
E também o seu dinheiro
Pra acabar com a crueldade
E o seu grande ideal
Para a prosperidade.
 
A atitude dos inimigos
Muito o animou
Embora desconfiado
Assim mesmo trabalhou
Rio Grande e Paraíba
Foi quem mais o ajudou.
 
DOMINGOS JOSÉ MARTINS
Que também foi nomeado
Para o Ministério do Comércio
Ele foi convocado
Este foi o Ministério
Que mais foi organizado.
 
Mas durou pouco a euforia
Da vitória alcançada
Só setenta e quatro dias
De glória bem conquistada
E saiu do Ministério
Com a carreira abandonada.
 
Voltou para Pernambuco
Para evitar o mal
Encontrou o Conde dos Arcos
Que era o Governador Geral
Aproveitou a situação
E bloqueou a capital.
 
Agora vamos cercá-lo
Pela terra e pelo mar
Quero ver os liberais
Com essa troca escapar
Botaremos muitos homens
Para a guerra começar.
 
O senhor Rodrigo Lobo
Foi quem ficou no comando
Da esquadra pelo mar
Ele ficou ordenando
Com sua tropa cercou
Os grevistas revistando.
 
Joaquim de Mello Cogominho
De Lacerda o Marechal
Tomou conta pela terra
Pois se achava o tal
Muitas forças, muitas armas
Cercaram aquele local.
 
E o grupo de DOMINGOS
Já estava sem resistência
Seus homens, armas e forças
Eram de muita carência
E também os seus recursos
Foram para a falência.
 
Mas a vontade de vencer
Era tenaz e desesperada
E não pôde ser mantida
A tal guerra esperada
Os inimigos venceram
E a vitória conquistada.
 
Começa então o martírio
Dos amigos brasileiros
DOMINGOS JOSÉ MARTINS
Foi um bom companheiro
Deu a alma e a vida,
A moral e o dinheiro.
 
Ao ver novamente içada
A bandeira portuguesa
Um padre suicidou-se
Não resistiu à fraqueza
O império foi mais forte
Tinha muito mais firmeza.
 
E foi a 10 de junho
De oitocentos e dezessete o mal
Que estava iniciando
O processo criminal
Resultado: onze deles
Condenados no final.
 
Entre esses condenados
DOMINGOS MARTINS estava
Pois era um dos cabeças
Que o grupo chefiava
Um espírito-santense
Que pela liberdade lutava.
 
Levados a Salvador
Eles foram arrastados
No lugar Campo da Pólvora
Foram executados
Dois padres e uns amigos
Todos foram fuzilados.
 
E foi a 12 de junho
Que o DOMINGOS foi levado
Em oitocentos e dezessete
Ao suplício desgraçado
Na capital da Bahia
Que ele foi fuzilado.
 
Cala-se a sua voz
O coração pára de pulsar
Ele não conseguia
Uma palavra falar
Encostou-se na parede
Com um gesto singular.
 
Agora o que me resta?
Nada mais posso fazer!
Já está chegando a hora
De despedir e dizer:
“Cumpri a ordem do vosso sultão
Eu morro pela líber...”
 
E não concluiu a frase
Sua boca foi tapada
Depois da execução
Do fuzil em disparada
E suas palavras ficaram
Numa placa de bronze gravada.
 
Um exemplo decisivo
Para qualquer brasileiro
Prosseguir na caminhada
Deste país altaneiro
Lutar pela liberdade
Ajudando o companheiro.
 
Por todo este Brasil
Ele ficou prestigiado
Por suas grandes idéias
Ficou também registrado
Na Assembléia Legislativa
Tem o seu nome pintado.

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