Covid-19: parceria entre prefeitura e Nupem possibilita pesquisa
A Prefeitura de Macaé dá mais um passo na luta contra a Covid-19. Uma parceria firmada entre o município e o Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM-UFRJ) vem possibilitando o projeto “Laboratório de Campanha para Testagem e Pesquisa da COVID-19”, que, em sua primeira fase, contou com mais de 15 mil testes de PCR em tempo real (RT-qPCR) realizados na população macaense.
Os pesquisadores do NUPEM/UFRJ investigaram e validaram também os testes de antígenos, que têm sido utilizados pela prefeitura na identificação de indivíduos positivos para COVID-19 no Centro de Triagem de Pacientes com Coronavírus. Com baixo custo, os testes detectam proteínas do vírus com resultados em 15 minutos e com alta sensibilidade e especificidade.
Em paralelo, relevantes estudos sobre as linhagens circulantes do vírus SARS-CoV-2 também têm sido desenvolvidos pela equipe da universidade. Um trabalho em destaque é a pesquisa sobre vigilância genômica que, já em outubro de 2020, identificou quatro linhagens em circulação do vírus SARS-CoV-2 em Macaé, o que – na época – chamou a atenção para uma possível segunda onda de contaminações de COVID-19 na cidade.
Neste novo convênio, o objetivo é realizar pesquisas visando o monitoramento da eficácia das vacinas utilizadas na imunização da população e sobre a vigilância genômica para avaliar novas variantes do vírus. O diagnóstico RT-PCR será feito somente em situações específicas a título de pesquisa. O objetivo da proposta é gerar conhecimentos científicos para subsidiar decisões estratégicas da gestão pública municipal.
A pesquisa
Coordenada pelo professor Amilcar Tanuri, da UFRJ-Rio, e também no NUPEM/ UFRJ pelas professoras Cintia Monteiro de Barros, Flávia Borges Mury e Raquel de Souza Gestinari (com outros integrantes, também, na equipe), a pesquisa, na realidade, começou a ser feita logo no início da pandemia, em 2020. "Nessa nova fase do projeto, pretendemos investigar a circulação das cepas oriundas de Manaus, a P.1, das cepas oriundas do Reino Unido, a B 1.525, e as cepas sul-Africanas, as B 1.351, e outras que possam surgir ao longo do ano de 2021”, ressalta a professora Cintia.
Ao detalhar a pesquisa, Cintia lembra que os vírus constantemente, e rapidamente, modificam o seu material genético, se adaptando para infectar os seres humanos. E assim ocorre com o vírus da gripe comum e outros adenovírus e rinovírus que infectam o homem.
"O NUPEM, com o seu pioneirismo, procurou se aprimorar e, em 2020 analisou as sequências do RNA do SARS-CoV-2, e, observamos que até junho circulava entre a população macaense uma única cepa desse vírus, oriunda do surto italiano. Mas, após junho, novas variantes surgiram e adentraram Macaé infectando as pessoas. Então, uma maior variabilidade viral foi observada", analisa.
A professora explica que algumas cepas já foram identificadas e separadas para análise de maior letalidade. "Assim, mais quatro variantes foram por nós identificadas. Dessas análises, ficou o alerta do possível surgimento de novas variantes e de uma nova onda de infecção que poderia mais uma vez nos manter confinados em casa. E, em fevereiro/março de 2021, observamos que realmente este fato vem acontecendo e, um novo surto da COVID-19 impacta a nossa essência e nos impede de interagir mais proximamente aos nossos amigos e familiares", acrescenta.
Novas cepas
A pesquisadora alerta que, em breve, serão registradas informações sobre as novas cepas circulantes de amostras, que já estão em análise.
"No Brasil, se contarmos o número de mortos, uma cidade inteira de Macaé foi dizimada. Como se, de Imboassica à Cabiúnas e Lagomar - incluindo a serra - não existisse mais ninguém. Esse é o número de mortos do Brasil, que imprime uma mancha de tristeza. E Macaé também tem o seu número de mortos, nos últimos dias seguindo o padrão nacional com aumento expressivo", lamenta a professora, lembrando que o isolamento social e a vacinação são a melhor forma de conter o contágio.
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