sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O CHORO, OS CHORÕES E O CARNAVAL CARIOCA

Por Leonor Bianchi
A relação do choro e dos chorões com o Carnaval sempre foi muito profícua. Podemos citar a quadrilha de Joaquim Callado ‘Carnaval de 1867′ e os bailes promovidos pela Orquestra Phênix Dramática das décadas de 60 e 70 do século XIX, sob a regência do maestro Henrique Alves de Mesquita, como marcos iniciais desta relação. Ainda, a chorona pianeira Chiquinha Gonzaga, que inaugurou a marcha carnavalesca no Brasil, com a composição ‘Ô Abre Alas’ (1899), os chorões Irineu de Almeira, Álvaro Sandim e Bomfílio de Oliveira – todos mestres de harmonia em ranchos célebres do Carnaval carioca nos anos de 1910 e os geniais Pixinguinha e o flautista Benedicto Lacerda (anos 1940) – ambos com ampla atuação no Carnaval do Rio de Janeiro -, também nos revelam esta íntima relação dos chorões com o Carnaval.
O choro, enquanto gênero musical ou forma de tocar, pautou sua relação com o Carnaval, alimentando os ranchos e orquestras de salão com os melhores músicos, arranjadores e compositores. Na verdade, os chorões sim é que tiveram presença preponderante no Carnaval brasileiro, desde sempre. Callado, Chiquinha Gonzaga, Irineu de Almeida, Álvaro sandim, Pixinguinha, Donga, Benedicto Lacerda e uma infinidade de chorões tem sua marca registrada na história do Carnaval brasileiro.
Pixinguinha criou dez das dez introduções imortais do repertório de marchas brasileiro. Donga, simplesmente compôs o então chamado de ‘tango carnavalesco’ ‘Pelo telefone’, consagrado como o primeiro samba da história. Irineu de Almeida, professor de música de Pixinguinha, foi maestro de rancho carnavalesco. O maior sucesso de toda a história do Carnaval brasileiro foi composta por um chorão. Trata-se da marcha carnavalesca ‘A Jardineira’, de Benedicto Lacerda e Humberto Porto, que, paralelamente ao ‘Ô Abre Alas’, da chorona Chiquinha Gonzaga (1899) é até hoje o símbolo do Carnaval carioca. Benedicto Lacerda, aliás, além de líder de uma dos maiores regionais de choro de todos os tempos, foi fundador e campeão do primeiro concurso (ainda que um concurso informal) de escolas de samba do Rio de Janeiro, representando o Estácio, em 1928.
Grupo do Caxangá  [1917].
Grupo do Caxangá [1917].
Chorões que lideraram Ranchos
Pelo menos três célebres chorões são conhecidos por suas relações com ranchos e suas orquestras: Irineu de Almeida, Álvaro Sandim e Bomfílio de Oliveira. Irineu comandava a orquestra do Rancho Filhos da Jardineira. Foi o responsável pelas primeiras lições de música de Pixinguinha. O Trombonista Álvaro Sandim liderava o Rancho Flor de Abacate e para este compôs seu mais conhecido choro. Bomfílio de Oliveira atuou no Carnaval com seu trompete como diretor de harmonia do Ameno Resedá, o mais famoso dos ranchos carnavalescos do Rio de Janeiro.
Muitos outros chorões anônimos ou conhecidos participaram de ranchos carnavalescos, entre eles Romeu Silva, Albertino Pimentel (Carramona), Napoleão Tavares, Sebastião Sirino, Oscar de Almeida e muitos outros. O auge deste movimento dos ranchos foram as duas primeiras décadas século XX.
Foto do Grupo de Caxangá.
Pesquisa de imagens: Leonor Bianchi
Leia o artigo na íntegra na Revista do Choro – http://www.revistadochoro.com.

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