terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

ESPORTE

Brasil está em um novo patamar na ginástica artística, dizem atletas

Crescimento

Após resultado histórico por equipes no Mundial, Arthur Zanetti e Lucas Bittencourt miram agora as vagas olímpicas
por Portal BrasilPublicado20/10/2014 17h36Última modificação20/10/2014 17h36
Divulgação/Brasil 2016Zanetti ajudou a equipe brasileira a chegar à final de um Mundial pela primeira vez
Zanetti ajudou a equipe brasileira a chegar à final de um Mundial pela primeira vez
Acostumado com o lugar mais alto do pódio, o ginasta Arthur Zanetti – atual campeão olímpico nas argolas e medalhista de ouro na mesma prova no Mundial de 2013 – não conseguiu repetir o feito no Campeonato Mundial da modalidade disputado no início de outubro em Nanning, na China. Mas engana-se quem acha que a medalha de prata nas argolas e o sexto lugar por equipes tenham sabor de frustração para o atleta brasileiro.
Na verdade, Zanetti conseguiu, mais uma vez, fazer história. Ao lado de Diego Hypolito, Sérgio Sasaki, Arthur Nory, Lucas Bittencourt e Francisco Barretto, Arthur levou a equipe do Brasil à final de um Campeonato Mundial pela primeira vez. Antes, o melhor resultado da equipe masculina brasileira havia sido um 13º lugar no Mundial de 2011, em Tóquio, no Japão.
O sexto lugar é ainda mais valoroso porque o Brasil acabou superando equipes tradicionais, como a Alemanha, e ficou atrás apenas dos países que são considerados as cinco maiores potências da ginástica artística: China, Japão, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia. “Foi um Mundial difícil, na casa dos concorrentes, e o principal objetivo mesmo era o resultado por equipe. Estávamos querendo pegar uma final e acabamos conseguindo ainda ficar em sexto. Era o grande objetivo que a gente estava esperando. Cada um foi buscando seu resultado e foi perfeito. No meu ponto de vista foi excelente”, comemorou Zanetti durante entrevista em São Caetano do Sul (SP), cidade onde treina.
O resultado coloca a ginástica artística do Brasil em outro patamar, na opinião de Arthur. “Já nos treinos, muitos técnicos e árbitros vieram falar que o Brasil está bem, com uma ginástica bonita. E a gente conseguiu fazer a nossa parte. Com isso a gente demonstra que o Brasil está bem, que o Brasil está chegando”, afirmou, lembrando que agora o grande objetivo passa a ser a classificação da equipe completa para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. “Agora ficou mais concreto para a gente que dá para ser pelo menos finalista por equipe. Então vai ser o objetivo principal, além de cada um buscar seu resultado individual.”
Em casa
Para Lucas Bittencourt, que também fez parte da equipe brasileira na China, a vaga olímpica na competição por equipe e a possibilidade de competir em casa, com a torcida a favor, será a realização de um sonho. “Vamos fazer o máximo para conseguir essa vaga. Eu sempre treino imaginando competir em casa, para poder conquistar esse objetivo”, disse o ginasta, que também treina em São Caetano do Sul. 
Generalista – ou seja, um ginasta que compete nas seis provas (solo, cavalo, argola, salto, paralela e barra) –, Bittencourt festejou ainda mais a conquista do sexto lugar, já que foi seu primeiro Mundial. “Eu estava muito nervoso, mas graças a Deus deu tudo certo. Foi muito bom, melhor do que a gente imaginava”, admitiu.
Planejamento
A conquista da vaga olímpica passa por um bom desempenho no Mundial de Glasgow, na Escócia, em 2015, que vai servir como classificatório para os Jogos do Rio 2016. Antes, serão disputados os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. “Dos Jogos Pan-Americanos ainda não tenho a medalha de ouro, e é uma que eu pretendo obter”, planeja Zanetti.
Para o ginasta, a prata em Nanning, quando foi superado pelo chinês Yang Liu, pode acabar sendo positiva. Antes, Zanetti era o homem a ser batido nas argolas. Agora, a pressão de manter o resultado é do chinês e o brasileiro passa a ter um adversário para focar. “Agora acho que o trabalho passa a ter um fator concreto. Você consegue enxergar uma pessoa que está na sua frente. Você sabe o que você tem que fazer para superar o adversário. A gente já está começando a modificar os treinos para o ano que vem, para já estar com uma nova série, talvez com um pouco mais de nota de partida”, antecipou Arthur.
Uma série com grau maior de dificuldade pode incluir um elemento de força criado pelo ginasta brasileiro e que acabou batizado com seu nome, Zanetti. “É um elemento em que eu saio e fico paralelo ao solo, com os braços atrás do corpo, então faço uma força para subir, fico paralelo ao solo de novo, mas aí em vez de o braço ficar atrás do meu corpo, ele fica na minha frente. É um elemento difícil, muito difícil”, explicou o ginasta. “Talvez a gente possa incluir o Zanetti, talvez não. Tem que acabar todas as competições esse ano para a gente fazer o planejamento do ano que vem e decidir”, completou.
Mal chegou do Mundial e Zanetti já voltou aos treinos em São Caetano do Sul. Antes do fim do ano, ele vai participar de um festival de ginástica no México e de uma competição na Alemanha. “Nesse festival eles convidam vários atletas, geralmente um por país. É mais uma apresentação, mais uma brincadeira, para interagir com o público. É uma diversão mesmo, para dar uma relaxada na cabeça, porque ficar só em competição é complicado”, contou.
Investimentos
Os constantes bons resultados obtidos pela ginástica artística brasileira demonstram também a eficiência dos investimentos que têm sido feitos na modalidade. Centros de treinamento das modalidades artística, rítmica e de trampolim estão sendo estruturados em 13 cidades de todas as regiões do País.
São Caetano do Sul não está entre as 13 cidades que vão receber um dos centros, mas vários investimentos estão previstos para o município da Grande São Paulo. Um ginásio para incrementar a iniciação de atletas e abrigar as equipes de base será construído.
Para Arthur Zanetti, os investimentos são fundamentais para dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito na ginástica. “Eu acho que melhorou bastante e vai melhorar ainda mais. Vários centros já foram criados, vários ginásios já foram equipados com aparelhos oficiais, e esse legado é importante porque esses aparelhos duram em média seis, sete anos. Eles servirão até 2020. Isso é maravilhoso para o esporte brasileiro”, afirmou.

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