quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

 

Deus existe?

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*por Claudia Queiroz

Em Berlin, no século passado, um professor universitário e ateu questionou sua turma de alunos sobre a existência de Deus.

-Ele existe?

Apenas um deles respondeu, com convicção, em alto e bom som:

-Sim, existe!

Aquele silêncio tomou conta do anfiteatro. Era aula inaugural e todos estavam atentos para descobrir a resposta certa.

Sentindo o gosto da vitória, o professor afirmou:

-Se Ele é o criador de todas as coisas, também criou o mal.

A essa altura, ninguém mais se mexia. O professor sentia o gosto da vitória no embate, ainda mais com o reitor da universidade espiando a postura dele diante daqueles jovens.

Foi então que o sábio aluno aproveitou o momento para perguntar se o frio existe.

O “profe” afirmou que sim, e o rapaz continuou com sua explicação. “A ciência mede a ausência de calor e demos a essa sensação o nome de frio.”

Ele continuou a indagar o mestre.

-E a escuridão, existe?

A resposta foi:

-Claro que sim.

-Quando você entra em um lugar escuro o que é aquilo? Ausência de luz. Porque ninguém mede a intensidade da escuridão… Quanto mais escuro, menos luz! Você diminui a luz, mas não aumenta a escuridão.

-Professor, o mal existe?

-Não seja tolo!

Disse o Professor.

-Está querendo me desafiar? Olha pra fora? Como você chama pessoas matando umas as outras, impondo necessidades para os mais fracos… Isso não é o mal?

-Não, professor. Isso é ausência de bem, é falta de Deus.

Foi então que o reitor entrou na conversa querendo saber o nome deste brilhante calouro.

-Meu nome é Albert Eistein.

Estou aproveitando essa história inspirada no autor da Teoria da Relatividade, para questionar certezas e verdades.

Quando uma criança chega ao mundo, a mãe é a responsável por nomear para ela todas as coisas… Nos momentos de chateação e impaciência, é ela quem acolhe, ensinando esse filho que “vai passar” depois que dormir um pouquinho. Isso garante segurança emocional e afetiva a esse pequeno… Ela sabe que toda essa tristeza é cansaço e que o desconforto está maior porque o sono incomoda tanto… Até dói. Mas o filho não sabe.

A mãe tem o poder de indicar caminhos para que essa criança cresça interpretando cada vez melhor o que está sentindo. Quando a gente perde a paciência, grita, briga e até bate nela só porque a manha insistente nos irrita, acabamos ensinando que “engolir o choro” é a melhor saída. Isso molda a personalidade de quem cresce acreditando que demonstrar o que sente é errado, não pode ser aceito, nem tem valor…

Assim nascem nossas verdades, muitas vezes fundamentadas em experiências marcadas por imposições. É por isso que respeitar o outro é um dos maiores desafios de aprendizado. Como mãe, tenho a oportunidade de passar minha trajetória a limpo enquanto ensino minha filha a decifrar a vida dela. Um momento mágico para dar novos significados a uma série de conceitos pré-existentes que cataloguei até hoje.

Nosso cérebro funciona em modo de economia de energia. Isso significa que ele tenta organizar nossas experiências em pastas, arquivos e tal… Isso nos faz rotular nossas impressões sem gastar tempo para avaliar melhor cada situação.

Só que todas as emoções são naturais e legítimas, apesar de termos a impressão de que algumas delas não são válidas. Mas são! Basta assumirmos o controle da nossa própria vida para que as reações naturais aconteçam em sequência. Isso é brincar de viver. Isso é investir em autoconhecimento, para construir a base da autoestima com os recursos internos que temos e interagir com o mundo na luz divina que habita em nós.

Seja nos tablados das salas de aula, seja nas superações que a vida exige, permita-se ouvir algo diferente, repensar aquilo que já sabe, desconfiar do “automático” e seguir sua intuição. Essa será sempre a direção “certa” para você, porque no final da história, tudo continua sendo relativo.

Claudia Queiroz é jornalista.

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